Vereadora denuncia racismo religioso por passeio de escola a quilombo no RJ
A vereadora Benny Briolly (PSOL-RJ), de Niterói, alega ter sido vítima de racismo religioso por parte do colega parlamentar Douglas Gomes (PTC-RJ). Isso porque, depois que ela participou de um evento com crianças de uma escola pública no Quilombo Urbano Xica Manicongo, Gomes chamou questionou se as crianças tinham autorização dos pais para o passeio no "terreiro" — erroneamente, pois trata-se de um quilombo — e afirmou que "esses que tentam retirar a imagem de Cristo das escolas".
"O vereador fascista debocha do fato de eu estar de mãos dadas com as crianças por ser uma travesti preta macumbeira. Tenho muito orgulho de ser uma mulher de axé", escreveu Benny Briolly em suas redes sociais.
Em entrevista a Universa, ela disse que "é nítido o racismo religioso" na afirmação de Gomes e que pretende entrar com uma representação contra ele na Câmara de Vereadores e na Justiça comum. "É crime não podemos aceitar qualquer iniciativa que continue espalhando intolerância", afirma.
Segundo o gabinete de Benny Briolly, as crianças, matriculadas no Núcleo Avançado de Educação Infantil Angela Fernandes, estavam no Quilombo para uma excursão da escola, que "é referência na aplicação da lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e cultura da África nas escolas públicas e privadas do país", e com a devida autorização dos pais.
Eles foram até o local para conhecer a artista Lia de Itamaracá, uma das maiores cirandeiras do país, que já haviam estudado em sala de aula e para quem entregaram desenhos e cartinhas.
Nas redes sociais e em sua biografia no site da Câmara dos Vereadores, Douglas Gomes se apresenta como "cristão e conservador".
Benny afirma que, apesar de existir há mais de dez anos, a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e cultura da África nas escolas públicas e privadas do país, "não é verdadeiramente aplicada no país".
"O Quilombo Urbano Xica Manicongo retrata a história daqueles que têm sua ancestralidade apagada pelo Brasil colonial e racista. A visita dessas crianças, que tiveram autorização dos seus pais e foram conduzidas num método totalmente institucional da escola até lá, segue a lei 10.639", fala. "As crianças, que na rede pública são em sua maioria negras, precisam saber suas raízes, conhecer sua história. O ensino afro-brasileiro constrói a autoestima dessas crianças e também é um marco para que elas entendam seu lugar na sociedade".
A página do Núcleo Avançado de Educação Infantil Angela Fernandes também recebeu uma série de comentários racistas e transfóbicos — pelo fato de Benny ser uma mulher transexual.
Procurado em seu gabinete, o vereador Douglas Gomes não respondeu até a publicação da reportagem. O espaço continua aberto caso o parlamentar queira se manifestar.
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