Mileide Mihaile fala de reality, filhos e lipo: 'Me mutilei'
Com o fim do reality "A Fazenda" (TV Record) e os festejos para receber 2022, a influenciadora digital Mileide Mihaile, 32, já esperava uma agenda cheia de compromissos, mas o câncer de útero que acometeu a mãe, Doralice, fez a ex-bailarina mudar os planos para cuidar da matriarca. "Os médicos estão otimistas para que logo mais ela esteja 100% curada", afirma a famosa a Universa.
Mas os planos de aproveitar o momento pós-reality continuam, Mileide garante. Para a empresária, que nasceu no Maranhão, é dona de uma loja de roupas no Ceará, onde vive, e acumula 5 milhões de seguidores no Instagram, o programa só veio para somar em sua trajetória. Para ela, participar de um reality como esse nada tem de inferior.
O debate está na moda. É que recentemente o ator Ícaro Silva reagiu mal aos boatos de que estaria confirmado no "BBB 22" e, no Twitter, pediu respeito por sua história e pelo seu ódio ao que chamou de entretenimento medíocre. Se dirigiu ainda ao "BBB" como "Big Boster Brasil" e, desde então, o debate tomou proporções infindáveis. Mileide discorda da postura do ator.
"O reality foi positivo para mim. Acho que quem fala dessa forma está ferido com algo ou não está 100% bem consigo mesmo."
Mãe de Yhudy, 11, de seu relacionamento com o cantor Wesley Safadão, diz que sofre preconceito por receber pensão alimentícia do ex-companheiro, com quem foi casada por oito anos —e que tem direito, por lei, ao montante. Inclusive, no próprio reality, uma participante sugeriu que ela vivia disso. Mas hoje diz já ter conseguido provar que é muito mais do que rendimentos:
"Quanto mais você prova o quanto é capaz e preparada para aquilo que você se propôs a fazer, menos as pessoas têm algo para criticar".
Nessa entrevista por telefone, Mileide fala ainda de pressão estética e do arrependimento por ter feito uma lipoaspiração. "Deveria ter respeitado meu tempo, mas peguei pilha."
Confira abaixo alguns trechos.
UNIVERSA - Houve uma discussão recente em que um ator disse que não participaria do "BBB" por achar reality um entretenimento medíocre. Participar de "A Fazenda" prejudicou sua carreira?
Mileide Mihaile - Não. O reality foi positivo para mim. Acho que quem fala dessa forma está ferido com algo ou não está 100% bem consigo mesmo. Para mim, foi uma soma, e será muito importante para minha jornada. Tem gente que acaba se conhecendo mais do que gostaria ali, porque não tem como fingir por tanto tempo, e você se depara com você mesmo.
No fim, quem participa de reality é extremamente corajoso, autêntico e não tem medo de encarar julgamentos. Eu me achei extremamente corajosa e resiliente. Tenho orgulho de dizer que enfrentei essa fase. Quando fui eliminada, tinha certeza de que algo bom estaria por vir. E o carinho que recebo tem me dado essa resposta.
Realities como "A Fazenda" e "BBB" costumam levantar muitas questões como racismo e machismo. E nesta última edição do programa da Record houve uma acusação grave de assédio. Como foi acompanhar tudo isso?
Sempre tive muito cuidado em levantar pautas como essas porque tem que ter muita propriedade e entender com profundidade. E aconteceram coisas nessa edição que sou contra. Tenho aversão a quem tem preconceito, comete racismo. E mulher, principalmente, enfrenta esses problemas com dificuldade maior, porque a gente tem que provar duplamente que é capaz de algo. Se quero falar de negócios, tenho que provar muito mais que entendo daquilo do que se fosse homem.
Quais preconceitos você sentiu ali e quais você sente fora do reality?
Na nossa jornada sempre haverá alguém para duvidar daquilo que você está fazendo, para achar que você não tem competência, não é próspera. Lá dentro mesmo, em uma das discussões com a Solange, ela imaginou que eu não ligava para dinheiro, dando a entender que sustento a minha vida com uma pensão. E foi de mulher para mulher. Esse tipo de preconceito e enfrentamento nunca deixou de acontecer na minha história. Diminuiu porque, quanto mais você prova que é capaz e preparada para aquilo que você se propôs a fazer, menos as pessoas têm algo para criticar.
Você é mãe de um menino. Como conversar para que ele não reproduza machismos?
Converso muito com ele, desde pequeno, e digo que respeito é algo que não pode faltar nunca. E também para nunca tentar medir aquilo que o outro sente. Isso afeta a autoestima, o emocional, o psicológico. A doença do século é a depressão, e a gente tem que ter cuidado com isso. Respeitando o espaço do outro você nunca vai cometer machismo.
Você também fala com ele abertamente sobre sexualidade, questões de gênero e até mesmo sobre seus relacionamentos?
Falo relacionado ao que me cabe, mas, desde pequeno, ele é acompanhado por uma profissional. Sobre esses assuntos mais complexos, quando ele me pergunta, respondo como mãe, mas grande parte dessas problemáticas quem aborda é a psicóloga dele. Diferente de quando eu era criança. Minha mãe foi mãe e pai, e não tinha muito essas pautas. Foi depois de adulta que a gente começou a conversar. Na idade do meu filho eu não tinha nem 10% da informação que ele tem. Vi o mundo depois dos 16 anos.
Quais foram as maiores mudanças na sua rotina e carreira após a maternidade?
Todas. Nasceu outra mulher quando me tornei mãe. Existia um vazio que eu não sabia preencher, tinha outros valores e prioridades. A forma de viver e a qualidade do meu tempo mudaram. Sou uma pessoa mais calma e centrada, mais focada naquilo que quero. Trabalho muito, mas a maioria do tempo dou uma pisada no freio. Como tenho guarda compartilhada, passo 15 dias trabalhando como louca, e outros 15 dias bem calma, porque gosto de ser presente na vida dele.
Sua mãe descobriu um câncer recentemente. Como tem trabalhado a mente para cuidar dela?
Quando saí do confinamento e me deparei com essa novidade, tive um choque muito grande. Dei uma pausa em tudo que ia fazer para acompanhá-la nessa empreitada, mas estou em paz, porque somos muito fortes. Ela já está em tratamento. Os médicos estão otimistas de que logo mais ela esteja 100% curada. Nunca tinha enfrentado nada parecido. Tem vários tabus e medos, mas ela está bem.
Você trabalha com imagem. Já se prejudicou por pressão estética?
Sim. Quando meu filho nasceu, engordei muito, e a cobrança foi grande. Fiz uma lipo e coloquei prótese de silicone. Me arrependi do primeiro procedimento, porque foi um sofrimento grande. Achei que me mutilei. Foi muita dor e sofrimento para me recuperar. Dediquei um tempo nessa recuperação que daria o mesmo se fosse [emagrecer] de forma natural. E nem ficou legal. Emocionalmente, fiquei abalada. Não repetiria. Deveria ter respeitado meu tempo, mas peguei pilha. E não faz sentido, porque a lipo é só na barriga. O resto do corpo fica todo precisando de remendo.
As pessoas falam em aceitação, mas não se aceitam. A cobrança não vai me fazer mudar o roteiro para que eu me encaixe no pensamento do público. A mulher deveria ser assim: sempre acreditar muito nela, na sua intuição, porque ela é capaz de fazer tudo que é pequeno se tornar gigante.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.