Elas usam as redes para falar sobre Burnout e saúde mental no trabalho
O esgotamento mental afetou 68% das mulheres do país durante a pandemia, segundo uma pesquisa divulgada em setembro pelo Instituto Datafolha. Falar sobre a Síndrome de Burnout —reconhecida como doença ocupacional de acordo com a nova Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS)— é um tema tão urgente que está se popularizando cada vez mais nas redes sociais. Algumas mulheres, diagnosticadas com a doença, usam seus perfis no Instagram para tratar do tema e ajudam a difundir informações sobre a síndrome.
No mês dedicado à conscientização sobre saúde mental (Janeiro Branco), Universa indica cinco páginas de mulheres que compartilham suas histórias e dão dicas de como identificar os sinais de sobrecarga e de que maneira lidar com eles. Conheça a seguir.
Dicas para lidar com gatilhos
A administradora carioca Helloá Regina teve Burnout aos 21 anos quando era servidora pública e trabalhava com finanças na área administrativa. O ano era 2015 e ainda havia pouco conhecimento difundido sobre a doença. Disposta a mudar esse cenário, ela passou a pesquisar e usar as redes sociais para divulgar as notícias, estudos e materiais que encontrava.
Assim nasceu o perfil @vencendoburnout. O objetivo é tanto alertar pessoas que estejam passando pelo problema quanto conscientizar a sociedade de modo geral, mostrando que Burnout não é frescura nem sinal de fraqueza.
A partir do que vivenciou, ela compartilha, por exemplo, como identificar os sinais de que algo não vai bem além de dicas para lidar com gatilhos, comportamentos e situações associadas à doença.
'Quero ajudar quem sofre a não se sentir só'
A publicitária e escritora Carol Miltersteiner teve dois quadros de Burnout. Um em 2015, quando atuava com marketing digital em Porto Alegre, sua cidade natal; e outro, dois anos depois, trabalhando na Holanda, onde vive atualmente.
Em seu perfil, ela conta sua história, buscando abrir o diálogo sobre o assunto para acolher outras pessoas. "Quero ajudar quem sofre com Burnout a não se sentir só", diz Carol em entrevista a Universa.
Chamando atenção para a dimensão coletiva da doença, ela também fala no perfil sobre a influência de fatores culturais, como a lógica do desempenho e a responsabilidade das empresas, ao naturalizarem metas absurdas, assédios e cobranças excessivas.
Jornada de até 20h
A paulista Roberta Carusi atuava com planejamento criativo em agências de comunicação e tinha uma rotina sobrecarregada, chegando a trabalhar entre 18h e 20h por dia. Com dores, insônia e o corpo dando cada vez mais sinais de fadiga, ela peregrinou por vários especialistas até receber o diagnóstico de Burnout.
Para dividir sua experiência e alertar para a prevenção da síndrome, ela criou o perfil "No limite do stress", que depois passou a ser atualizado com o seu nome.
Atualmente iniciando uma nova profissão como terapeuta integrativa, por lá, ela fala sobre a importância de ter uma rede de apoio e como o Burnout ainda é banalizado no mercado de trabalho, na família e até pelos profissionais de saúde.
'Seguidores decidem buscar ajuda'
A relações-públicas Joice Cristina trabalhava na área de comunicação corporativa e recebeu o diagnóstico de Burnout no ano passado. Afastada do mercado de trabalho para cuidar da saúde, ela decidiu criar o perfil @queridasanidade para poder entender e lidar melhor com as suas emoções nesse processo e também ajudar outras pessoas.
A Universa, Joice conta que, com as suas publicações, recebe mensagens de gente que se identifica e, a partir disso, decide procurar ajuda médica e terapêutica. "É isto que me move: transformar toda a dor e tristeza em textos para que ninguém fique perdido", diz.
No perfil, ela convida os seguidores a refletirem sobre máximas como "vestir a camisa da empresa" e "foguete não dá ré", produtividade tóxica e a falta de alinhamento entre discurso e práticas sobre saúde mental no ambiente corporativo.
'Sem romantizar o cansaço'
Trabalhando com marketing digital em rotinas exaustivas durante anos, a gaúcha Samantha Schreiber vivenciou o auge da síndrome de Burnout no início de 2020. Para ressignificar sua relação com o trabalho e denunciar a romantização do cansaço na nossa sociedade e como isso impacta na saúde, principalmente entre as mulheres, ela criou o perfil @burnoutizadas.
Por lá, ela fala sobre como uma cultura baseada na lógica da realização e reconhecimento profissional como sinônimo de sucesso pode contribuir para a naturalização do excesso de trabalho que leva ao esgotamento. Samantha reflete, por exemplo, sobre a ideia de meritocracia, as relações de trabalho como gatilho para o Burnout e o direito à desconexão.
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