Ela teve o rosto queimado após procedimento estético: 'Autoestima no chão'
Incomodada com a flacidez que se formou na área abaixo dos olhos, a mineira de Lavras Ana Azevedo, 39 anos, procurou uma farmacêutica bioquímica especializada em estética para suavizar as famosas "bolsas". A profissional indicou a aplicação do jato de plasma e o resultado foi catastrófico. A maquiadora teve queimaduras severas no rosto e precisou de um ano de tratamento para recuperar a sua pele.
O jato de plasma é um procedimento não invasivo, feito com um aparelho que libera plasma fracionado para tratar a flacidez das pálpebras, rugas e algumas lesões benignas como verrugas. Segundo a dermatologista carioca Cinthya Basaglia, antes de realizar esse tratamento, o indicado é procurar um médico especializado, porque ele saberá dizer se o paciente pode realizá-lo, além de orientar quanto aos cuidados de antes, durante e após a sessão. E sempre se certificar de que o aparelho usado possui registro na Anvisa.
À Universa, Ana, que é maquiadora e designer de sobrancelhas, conta que em dezembro de 2020 procurou a farmacêutica bioquímica com a intenção de fazer os fios de PDO (polidioxanona), procedimento que hidrata e ameniza um pouco as rugas e as linhas de expressão. Porém, foi convencida de fazer o jato de plasma:
"Ainda perguntei se não ia dar problema, já que eu tenho melasma e o jato é quente. Mas, ela falou: 'eu te garanto que vai ter uma melhora benéfica e muito mais eficaz do que os fios de PDO'. Então, confiei."
Assim que acabou o procedimento, Ana relembra que a pele ficou imediatamente irritada e vermelha, mas o pior foi o dia seguinte: seu rosto estava completamente inchado. "Era de chorar. Não podia colocar óculos nem lentes de contato ou máscara porque tudo machucava. Foi a pior experiência da minha vida", diz ela, que não procurou a farmacêutica nos dias seguintes.
"Autoestima no chão"
Cinco dias após o procedimento, Ana já tinha marcada uma mastopexia, que é a retirada do excesso de pele e musculatura dos seios. Foi o médico-cirurgião quem a alertou que a queimadura no seu rosto era "gravíssima". "Ele me deu tanto antibiótico no pós-operatório que acabou ajudando a secar a pele dos olhos".
Além do processo lento de cura, Ana precisou lidar com a autoestima baixa. Casada há 16 anos, ela viu o marido e amigos se assustarem com seu estado, o que a impediu muitas vezes de sair de casa:
"O pior é ver a pessoa com quem você é casada, que te ama, falar: 'Meu Deus, o que fizeram com o seu rosto? Ficou muito feio. Não dá nem para olhar'. Foi horrível. Achei que nunca iria melhorar".
Os comentários de clientes também a impactaram:
"Minha autoestima foi no chão. Trabalho em salão de beleza, e as clientes fechavam os olhos para não me ver. Também falavam que eu parecia um monstro. Tudo isso mexeu muito comigo. Hoje, depois de um ano, estou 90% recuperada."
Ana afirma que a profissional que aplicou o jato a plasma não admitiu que houve erro no procedimento, mas não pensou em processá-la. No acordo que fizeram, o tratamento não foi cobrado. "Faltou empatia da parte dela, admitindo que errou. Mas, no fim, ela acabou me ajudando a clarear os olhos."
"A lição que tirei disso tudo? Estudar antes de me submeter a qualquer procedimento e não fazer nada extremo no corpo. Fiz no impulso por confiar na profissional. Já a conhecia havia três anos, ela fazia aplicações de botox em mim. Mas as pessoas erram. Devemos ter cuidado com procedimentos estéticos, até com profissional renomado, porque a paciente é sempre a maior prejudicada."
Procedimento não é para todo tipo de pele
Diferentemente do que aconteceu com Ana, a dermatologista Cinthya Besaglia explica que é esperada uma formação de pequenas crostas após a aplicação do jato de plasma. "Duram de 7 a 10 dias e, nos dois primeiros, é normal o surgimento de um edema", acrescenta.
Ela fala ainda que o jato de plasma não é para todo tipo de pele. "Ele pode ser feito do fototipo 1 ao 5, desde que sejam respeitados os parâmetros de energia e fracionamento. E, logo após a aplicação, são receitados cremes reparadores para minimizar o desconforto e acelerar a recuperação da pele."
Por fim, Cinthya aconselha que o jato de plasma seja feito em consultório médico, onde a pele passa por uma assepsia para minimizar os riscos de infecção. Além disso, há o uso de anestésico tópico ou injetável para amenizar o desconforto.
"O biomédico e o farmacêutico podem hoje realizar diversos procedimentos estéticos, mas quando se inclui anestesia, o ideal é a paciente procurar um profissional qualificado que saiba, além de prosseguir com o tratamento, resolver possíveis complicações", ela finaliza.
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