Homem é preso após ex-namorada registrar 11 BOs por violência doméstica
A Delegacia de Apoio à Mulher da cidade de Cabo Frio, na região dos Lagos do Rio de Janeiro, prendeu na tarde desta quarta-feira (26) Thiago Martins Rangel, 28, por descumprimento de medida protetiva. A técnica em enfermagem Martha Oliveira, 40, ex-namorada de Rangel, chegou a fazer 11 boletins de ocorrências em delegacias diferentes denunciando-o por agressão, estupro e ameaça.
"Me sinto aliviada, mas não posso dizer que estou feliz porque foram sete anos de agressões", diz Martha a Universa. "Talvez ele não fique muito tempo preso, mas o que me alegrou foi o apoio que tive. A imprensa salvou a minha vida. Senão, até hoje estaria sendo perseguida, ameaçada, e ele impune, solto".
Na quinta-feira (20), Universa publicou reportagem sobre o caso e, com prisão decretada, Rangel estava foragido. Segundo a polícia, as autoridades desconheciam seu paradeiro. Ainda assim, postava constantemente comentários no Facebook ofendendo a ex-namorada. Mesmo separados, ele a ameaçava de morte e a expôs divulgando fotos íntimas da época em que se relacionavam, com comentários dando a entender que deveria ser eximido da responsabilidade pelo crime de estupro.
O agressor foi transferido para o presídio em Benfica, zona norte do Rio de Janeiro, e deve passar por audiência de custódia na quinta-feira (27). "Nós o encontramos no seu próprio endereço", disse a delegada Waleska Garcez, responsável pelas investigações. "Ele negou todas as acusações e disse que ela que é a mentirosa, que tinha inventado toda essa história. Aquela coisa de sempre."
A prisão é preventiva e se deu por descumprimento da medida protetiva. Se condenado, pode pegar pena de três meses a dois anos. "Só na nossa delegacia, ela fez um registro em 2016, uma acusação de estupro em 2021 e um boletim de ocorrência agora, por descumprimento de protetiva. Então nada impede que o juiz analise esses outros pedidos juntos e dê uma pena mais alta para ele", explicou Garcez.
Universa tentou contato com a advogada de Rangel, Juliana Maciel Basílio, por meio de mensagem no Facebook, mas ainda não teve retorno. Quando houver resposta, o texto será atualizado.
Relembre o caso
Martha conta que é agredida, ameaçada e violentada desde o segundo mês de namoro, em 2015. Não só ela como também sua mãe de 64 anos, que sofreu agressões ao tentar defender a filha.
"Apanhava todos os dias. Ele quebrou minhas coisas, me bateu, ameaçou a mim e ao meu filho e me manteve em cárcere privado", diz ela. Até ele ser preso, ela conta que recebia ameaças dele por ligações, mensagens, áudios. No início do ano passado, pegou uma carona com o ex, situação em que diz ter sido estuprada por ele.
A última agressão física ocorreu no dia 30 de dezembro de 2021, quando Rangel a ameaçou pessoalmente porque Martha não quis passar o Ano-Novo com ele, segundo seu relato. Antes disso, em outubro, foi agredida fisicamente na rua da casa onde vive. Ele a chamou para fora da residência dizendo que queria conversar, mas desferiu socos e tentou enforcá-la assim que soube que ela estava conhecendo uma pessoa.
Martha conseguiu dar um fim definitivo na relação em novembro de 2021, mas que por muito tempo antes disso viveu ao lado do agressor em um estado de submissão e com medo de se separar, já que vivia sob ameaças constantes. "Não tinha outra opção, eu fazia o boletim de ocorrência, e ele continuava solto, vinha na minha casa, me ameaçava. Esse medo me fazia voltar para ganhar um tempo até vê-lo preso. Pensava que não tinha saída."
Como denunciar violência doméstica
Se você está sofrendo violência doméstica ou conhece alguém que esteja passando por isso, pode ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo Whatsapp no número (61) 99656-5008.
Para denunciar, procure a delegacia próxima de sua casa ou então faça o boletim de ocorrência eletrônico, pela internet.
Outra sugestão, caso tenha receio em procurar as autoridades policiais, é ir até um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) ou Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) da sua cidade. Em alguns deles, há núcleos específicos para identificar que tipo de ajuda a mulher agredida pelo marido precisa, se é psicológica ou financeira, por exemplo, e dar o encaminhamento necessário.
Também é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos.
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