Mulheres denunciam estupro em centro médico na Bahia: 'Não consigo dormir'
A técnica de enfermagem Elisângela Leal, 46, foi ao Cican (Centro Estadual de Oncologia), em Salvador, para fazer um exame de papanicolau, que analisa possíveis lesões no trato vaginal, no último dia 18 de janeiro. Diz ter saído traumatizada. Em denúncia apresentada à polícia, Elisângela afirma ter sido estuprada pelo ginecologista Leonardo Palmeira.
"No início da consulta, foi tudo certo. Mostrei um exame que outra médica tinha pedido, mas estava de férias, e ele disse que o resultado mostrava estar tudo bem. Então fomos fazer o preventivo [papanicolau], e ele deslizou a mão sobre minha coxa no lado interno", relata Elisângela a Universa.
O ginecologista então, segundo a paciente, disse que era necessário um novo exame, porém mais aprofundado. "Como eu nunca tinha sido atendida por esse médico, achei que fosse o jeito dele de fazer as coisas. Ele introduziu os dedos e começou com um movimento. Mesmo eu dizendo que estava doendo, só parou quando eu gritei e percebi que ele estava se inclinando demais em minha direção."
Após Elisângela registrar queixa, a polícia abriu uma investigação contra Palmeira, que foi afastado. Uma segunda vítima denunciou o ginecologista à polícia na quarta-feira (27), também pelo crime de estupro, que teria sido cometido durante um atendimento médico.
Universa tenta localizar Palmeira para ouvi-lo. Por telefone, contatou a Cican, mas não obteve resposta em relação ao pedido de entrevista com o médico. Caso responda ao contato, a reportagem será atualizada.
'Fiquei desnorteada'
Elisângela conta que ficou desnorteada depois do ocorrido e, sem saber o que fazer, ligou para uma amiga, que confirmou o que ela não queria acreditar. "Ela me disse: 'Amiga, sinto muito, mas você foi mesmo estuprada. Procure uma delegacia'", diz.
No mesmo dia da consulta, ela prestou queixa na Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) do bairro de Brotas, na capital baiana, e fez corpo de delito no Instituto Médico Legal. Em nota enviada a Universa, a Polícia Civil da Bahia disse que oitivas estão sendo realizadas, testemunhas intimadas e o suspeito já foi identificado.
"Estou buscando força em Deus, porque está difícil. Não tenho dormido nem comido direito. Já emagreci para caramba desde que tudo aconteceu. Fora ter que gastar dinheiro resolvendo isso, indo lá e cá", desabafa Elisângela. "Espero que ele seja preso e proibido de exercer a profissão. Quero justiça."
Ginecologista foi afastado
Por meio de nota, a Sesab (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia), responsável pelo Cican, informou que uma sindicância foi aberta para investigar o caso. O ginecologista foi afastado até a conclusão da investigação.
O Cremeb (Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia) disse que foi protocolada uma denúncia sobre o caso na entidade e que "seguirá as medidas pertinentes."
"Após análise inicial para identificação do denunciante e do autos processuais que compõem a denúncia, é instaurada uma sindicância para apuração dos fatos e, caso haja indícios de infração ética, será aberto um processo ético-profissional. No entanto, toda denúncia no Cremeb tramita em segredo de Justiça", completa o conselho na nota.
Como obter ajuda em casos de violência sexual
Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.
Também é possível conseguir ajuda ligando para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas para serem procurados e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.
É recomendável, se possível, que a vítima faça um boletim de ocorrência em uma delegacia da mulher, caso haja essa especialidade na região. Se não, pode ser feito em uma delegacia comum. Mesmo que não consiga se lembrar dos fatos ou indicar um possível agressor, o mesmo homem pode ter feito outras vítimas. O registro da ocorrência abre a possibilidade de investigar, colher provas e pode ajudar as autoridades a identificarem o autor do crime.
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