Dia Nacional da mamografia: exame é essencial mas tem mesmo que doer?
Hoje, 5 de fevereiro é comemorado o Dia Nacional da Mamografia. A data foi criada para dar destaque a importância de se fazer o exame de detecção precoce do câncer de mama. Você já fez esse exame? E se já, qual foi a última vez? Essencial para detectar o câncer de mama em seus estágios iniciais para mulheres assintomáticas, o procedimento ainda é pouco realizado no país. Se comparamos os índices de realização do procedimento em 2019, pré-pandemia, com 2021, a queda foi de 19%, segundo dados da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA). Já se a análise for feita entre os anos de 2019 e 2020 os resultados são ainda piores: a queda chega a 39% de exames feitos no Brasil.
"A mamografia de rastreamento e o incentivo ao exame tem sido a pauta da FEMAMA desde 2006, quando a instituição foi fundada. Nosso objetivo é aumentar a cobertura de mamografia no Brasil de 40% para 70%. Em 2018 e 2019 chegamos perto, mas em 2020, com a pandemia, vimos uma grande queda que ainda não foi recuperada. Estamos correndo atrás", diz Maira Caleffi, chefe do serviço de mastologia do hospital Moinho de Vento, em Porto Alegre, e presidente voluntária da FEMAMA.
As dificuldades para chegar a esses números são diversas, desde os profissionais que não recomendam o exame, a falta de agilidade do SUS na hora de agendar e entregar o resultado às pacientes, até a falta de um programa nacional pensado nisso. "É necessário entender que a mamografia é uma saída para diminuir o número de mortes por câncer de mama, que temos que diminuir a demora, a falta de acesso rápido quando há uma busca pela mamografia no SUS e melhorar a qualidade do exame no país", conclui Maíra.
Com o custo médio de R$ 200, a mamografia pode não ser das mais caras, mas está muito longe da realidade financeira de quem precisa da saúde pública para se cuidar. "Nossa ideia sempre foi que as prefeituras contratem mamografias a preço de SUS em instituições privadas, para não depender da estrutura técnica de ter um mamógrafo em todo lugar, que pode quebrar e depois não ter sua manutenção realizada", completa Maíra. Universa conversou com alguns especialistas para tirarmos as principais dúvidas sobre o exame. Veja só:
Tire suas dúvidas sobre mamografia
Qual a importância da mamografia para a saúde da mulher?
De uma forma bem direta, a resposta para esse questionamento é a diminuição da mortalidade pelo câncer de mama. Ele é a única maneira de detectar a doença em fases ainda bem embrionárias, quando a mulher está assintomática e sem conseguir sentir nenhum nódulo. "Ele leva à redução da mortalidade das mulheres de até 25%", diz o Sérgio Masili, ginecologista, obstetra e mastologista.
Mamografia dói?
Você com certeza já deve ter ouvido histórias de como é dolorosa a realização deste exame. Em contrapartida, algumas mulheres alegam não sentir nada. Não dá para negar que é um momento muito desconfortável. Contudo, também é importantíssimo para a saúde. "Ela não dói, mas é desconfortável, porque é um raio-x da mama feito pelos lados e pela parte de cima. Algumas mulheres, claro, são mais sensíveis que as outras. Por isso, se for uma mamografia de rastreamento, indicamos que seja feito fora do momento pré-menstrual, por exemplo. Quando é diagnóstica não tem jeito: tem que ser feito naquele momento mesmo", diz Fernanda Barbosa, mastologista, especialista na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças da mama.
Quem tem prótese de silicone pode fazer mamografia?
Não precisa se preocupar porque a mamografia não vai estragar as próteses de silicone. Existe uma técnica na hora de realizá-lo que permite que o exame seja feito sem nenhum risco ao implante.
De quanto em quanto tempo preciso realizar o exame?
"A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que o exame seja feito anualmente após os 40 anos", diz Fernanda. Mas se há casos em sua família, a prevenção começa antes. "Quando o médico identifica que um parente de primeiro grau já teve a doença e há mais riscos, é possível adiantar essa necessidade de exame anual e ele ser realizado a partir dos 30 anos", diz Sérgio.
O tratamento vai além do físico na hora que a paciente descobre a doença?
Não deve ser nada fácil receber um diagnóstico de câncer, por isso, os médicos encaram esse momento como tratar o paciente, e não só a doença. "O choque é muito grande. Claro que o tratamento oncológico é muito importante, mas tem que dar um tratamento secundário ao lado emocional e psicológico, mostrando o direito da paciente, o que ela pode fazer… É o apoio multidisciplinar que a ajuda a enfrentar essa fase", diz Fernanda.
Todo tamanho de mama pode fazer uma mamografia?
Dos seios pequenos a grandes é possível, sim, realizar a mamografia. "Por exemplo, o exame também é feito em homens. Não como rotina, claro, mas naqueles que apresentam alterações ou algum nódulo suspeito. As mamas menores e as maiores podem ter mais incômodo na hora de realizar o exame, pois vão necessitar de mais compressões do que o habitual, mas é possível fazê-lo, sim", diz Sérgio.
O exame emite muita radiação?
Há pessoas que se preocupam que a quantidade de radiação de uma mamografia pode piorar o caso do câncer, em vez de ajudar a tratá-lo. Mas isso não é verdade. "Hoje em dia os aparelhos emitem uma quantidade mínima de radiação e não eleva nenhum risco da doença. Pelo contrário: protege a paciente. Essa é uma informação equivocada", diz Sérgio.
A mamografia pode ser substituída por um ultrassom ou ressonância magnética?
O estigma da dor faz com que muitas mulheres evitem a realização do exame, dizendo que já fizeram outros que não sinalizaram nenhum tipo de problema. Mas nada substitui a mamografia. "Ultrassom e ressonância, por exemplo, ajudam a complementar o diagnóstico em caso de dúvida, mas não são exames de rastreamento", diz Sérgio.
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