Caso Marotti: 'Queremos pena máxima', dizem familiares. Julgamento é hoje
Será julgado hoje, em Nova Friburgo (RJ), o engenheiro Rodrigo Aves Marotti, réu por duplo feminicídio de Alessandra Vaz e Daniela Mousinho, mortas em outubro de 2019.
Em entrevista a Universa, familiares das duas amigas, que foram trancadas em uma casa em chamas, dizem que esperam pena máxima para Marotti e que passaram os últimos dias anteriores com muita ansiedade em relação à sentença.
"Eram duas mulheres fortes, empoderadas, que tinham uma amizade recente, mas muito profunda", diz a filha de Daniela, Luiza Mousinho, de 21 anos. Ela se conheciam há alguns anos, mas meses antes do crime começaram a trabalhar juntas e se aproximaram. "Minha expectativa é que a justiça se cumpra e que seja sentenciado à pena máxima, porque ele não findou apenas duas vidas, ele arruinou diversas outras pessoas da família. Ele merece pagar por esse crime cada segundo da existência dele".
Andresa Vaz, irmã de Alessandra, diz que a família espera a sentença para "virar a página": "A família tem ansiedade. É difícil dormir, desligar. O coração fica bem apertado próximo ao julgamento".
As duas passarão o dia acompanhando o júri popular, que começa às 10h30, na 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo. "É muito doído, revoltante. Estarei na porta do Fórum mais cedo para protestar, me manifestar. E acredito que nossos esforços não serão em vão", fala a jovem de 21 anos, filha de Alessandra.
Alessandra Vaz e Rodrigo Marotti passaram cerca de três anos juntos e estavam separados há pouco mais de um quando o crime aconteceu.
Andresa, irmã de Alessandra, conta que não acompanhou de perto a relação entre ela e Rodrigo porque viviam em cidades diferentes - Andresa em Poços de Caldas (MG) e Alessandra em Nova Friburgo (RJ). Mas conta que, pelo que a irmã dizia, ele era agressivo e nada carinhoso.
Famílias esperam que pena seja exemplo
Para a filha de Daniela e a irmã de Alessandra, uma sentença condenando Rodrigo Marotti à pena máxima fará justiça não só pelas vítimas dele, mas por outras mulheres vítimas de feminicídio no Brasil - o país é o quinto no ranking de morte de mulheres no mundo.
"A pena máxima será um recado para todos os homens de que as ações violentas que cometem contra as mulheres todos os dias não vão mais passar impunes. Não vamos mais ficar caladas", afirma Andresa, irmã de Alessandra.
Relembre o caso
Em outubro de 2019, o engenheiro Rodrigo Marotti, hoje com 33 anos, teria trancado a ex-namorada Alessandra Vaz e a amiga dela Daniela Mousinho no banheiro da casa da artista plástica, no bairro de Mury, e ateado fogo no imóvel. Ele teria, inclusive, bloqueado a saída com um colchão em chamas para impedir a fuga delas.
As duas mulheres chegaram a ser retiradas do local com vida por vizinhos e conseguiram apontar Rodrigo Marotti como autor do crime, mas não resistiram aos ferimentos. Daniela morreu no dia seguinte e Alessandra dois dias depois, ambas com 80% dos corpos queimados.
Marotti, portanto, se tornou réu por duplo feminicídio. O engenheiro tentou fugir do local do crime, mas foi preso logo depois, em flagrante, e aguarda julgamento em uma unidade prisional no Rio de Janeiro.
Número de feminicídios é alto no Brasil
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública relativos ao primeiro semestre de 2021 mostram que, por aqui, uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas - isto é, em média quatro mulheres morrem todos os dias apenas por serem mulheres.
Assim como aconteceu com Alessandra e Daniela, 75% dos casos de feminicídio no Rio de Janeiro ocorrem dentro de casa e 78% das vezes quem comete o crime é o ex-companheiro da vítima - os dados fazem parte do Dossiê Mulher 2021, do Instituto de Segurança Pública.
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