Aluna trans de Mogi relata ter defendido amiga negra antes de ser agredida
A aluna trans que foi agredida em uma confusão na Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, em Mogi das Cruzes (SP), afirmou que o incidente se iniciou quando ela tentou defender uma amiga negra. A família da aluna — menor de 18 anos e, portanto, não identificada — compareceu ontem ao 1º Distrito de Mogi das Cruzes para registrar o caso, informação foi confirmada ao UOL pela delegacia.
Na versão da jovem, registrada no boletim de ocorrência, a discussão começou após uma amiga dela, negra, ter sofrido ofensas de cunho racial. A adolescente tentou defendê-la e foi chamada pelo pronome masculino, o que teria iniciado a confusão registrada nas imagens que circulam nas redes sociais, em que ela chuta cadeiras, acerta uma outra aluna e é agredida por colegas.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirmou que o caso foi registrado como lesão corporal. "Duas representantes da instituição de ensino prestaram depoimento e a autoridade policial realizará a oitiva de todas as partes envolvidas", diz nota enviada ao UOL. As diligências ainda estão em andamento.
Na quarta-feira (9) , mães e familiares de alunos ouvidos pelo UOL informaram que um dos garotos que aparece agredindo a adolescente teria tentado revidar quando, ao chutar as cadeiras, a jovem teria acertado e machucado a irmã dele.
O prefeito da cidade, Caio Cunha (Pode-SP), publicou nas redes sociais uma nota de repúdio às cenas:
Nós, como uma gestão que preza pela educação, não compactuamos com nenhuma forma de violência, principalmente em um ambiente que deveria oferecer respeito e segurança. [...] Como prefeito e, principalmente, como pai, os meus sinceros sentimentos a essa aluna. Todas as pessoas merecem respeito, dignidade e têm o direito de serem quem elas quiserem ser.
Ele ainda afirmou que a prefeitura está à disposição "para acionar a Diretoria de Ensino, para que sejam aplicadas as medidas cabíveis aos responsáveis por tamanha atrocidade."
Em nota, a Seduc-SP (Secretaria Estadual da Educação São Paulo) também lamentou a cena repudiando "toda e qualquer forma de agressão dentro ou fora do ambiente escolar". Segundo a secretaria, a direção "agiu assim que tomou conhecimento" da briga. O incidente será investigado pela Seduc, Diretoria de Ensino e direção da escola.
O UOL entrou em contato novamente com a secretaria, que disse que a equipe do Conviva, programa de convivência e segurança da Seduc-SP, retornou à escola ontem e que o caso segue sendo apurado para uma "conclusão assertiva". A pasta também informou "assim que tomou conhecimento, a direção da escola tomou as devidas providências e registrou Boletim de Ocorrência" sobre a situação.
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