Campeã de olimpíada de química e física, ela fez a redação perfeita no Enem
Ao longo da infância, a estudante Cássia Aguiar, de Fortaleza, tem 18 anos, sempre foi boa aluna, especialmente nas matérias de exatas. Seu desempenho chamou a atenção e ela passou a participar de competições para estudantes. Sua dedicação rendeu prêmios: ela conquistou medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Química, ouro na Brasileira de Física, Ouro na Nacional de Ciências, e medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Química.
Cássia quer fazer faculdade de medicina na Universidade Federal do Ceará e, por isso, sabia que precisava de um bom desempenho no ENEM não só nas matérias de exatas, mas nas de humanas e na redação. Mas, como a maior parte da sua vida havia se dedicou para aulas das matérias de exatas, precisou mudar o foco dos estudos. Deu certo: ela alcançou mil, a nota máxima ao escrever sobre "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". A seguir, ela conta sua história:
"Posso dizer que tive muita inspiração na minha mãe. Quando eu já estava no fundamental, ela começou a dar aulas de reforço escolar. Então, minha casa sempre estava cheia de pessoas estudando. Ela nunca precisou me obrigar a estudar, eu fazia as tarefas e estudava para as provas por ser comprometida.
Queria que o esforço dos professores e dos meus pais valesse a pena, então eu não poderia desperdiçar a oportunidade que eu tive de estudar em ótimos colégios. Geralmente, eu estudava com os amigos, explicando o conteúdo das provas para eles, assim era mais divertido. Tanto eu aprendia melhor quanto ajudava meus colegas.
Durante a pandemia, minha mãe tentava ao máximo deixar o ambiente favorável aos estudos, isso foi fundamental para manter o ritmo nesse período.
Do primeiro ao quinto ano, montei minha base de conhecimento. De lá até hoje, passei por dois colégios que foram importantes para mim. Durante todos esses anos me senti fazendo parte de uma família, todos os professores, coordenadores e o restante da equipe são incrivelmente atenciosos e se preocupam muito com o bem-estar dos alunos.
No nono ano comecei a ter mais contato com a olimpíadas do conhecimento e isso me ajudou a aprofundar meu estudo. No Ensino Médio, estudava na turma voltada para preparação de vestibulares militares como ITA/IME, mas faltando dois meses para o Enem me decidi por medicina e mudei de turma.
Investi nas Olimpíadas de Química, Física, Informática, História, Astronomia e outras. As aulas para as olimpíadas adiantavam conteúdos do Ensino Médio e até do Ensino Superior, então foi incrível ter tido essa oportunidade. Foquei na Olimpíada de Química para me classificar para a Internacional e deu certo.
Com bons resultados em olimpíadas, você ganha medalhas que podem ser usadas para entrar em algumas universidades sem precisar de prova. Além disso, são um reconhecimento do seu esforço. Por causa dessas medalhas, estou dando aulas particulares.
Conheci pessoas maravilhosas através das olimpíadas e já viajei para receber premiações. Infelizmente, a Olimpíada Internacional de Química ocorreu com cada delegação em seu país, se não houvesse pandemia, eu teria ido para o Japão fazer a IChO. Consegui medalha de bronze.
Nota mil
Na verdade, a redação era minha dificuldade. Por estar na turma ITA/IME, eu estudava muito matemática, física e química. Eu praticava para as redações dos vestibulares militares, mas não muito porque eu dividia meu tempo com as olimpíadas.
Quando eu fazia redação para os laboratórios, eu demorava muito, chegava a ficar chateada por não conseguir pensar no que escrever. Eu sempre ia para perto da minha mãe para ficar lendo para ela e vendo se alguma ideia surgia. Ano passado, já na turma Enem, eu não conseguia fazer a redação em menos de duas horas, mas com a ajuda da equipe do colégio eu melhorei no controle do tempo.
Graças a professora Nelândia, eu consegui me preparar em pouco tempo para a redação. Eu tinha esperanças, mas às vezes a nota mil parecia algo inalcançável. O tema "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" foi inesperado para mim, mas consegui desenvolver com base na estrutura do texto. E veio a nota que eu nunca esperei.
Avalio que a dedicação é sobre querer fazer suas obrigações da melhor forma possível. Isso sempre foi de mim, um pouco de perfeccionismo, mas não de querer ser a melhor, e sim de ficar satisfeita e saber que aquilo foi o meu melhor.
Quero estrar em medicina na Universidade Federal do Ceará. Percebi que seria uma ótima oportunidade de estudar o que gosto, pois biologia e química são minhas matérias preferidas, então estudar o que acontece no corpo humano seria a união dos processos químicos em um organismo vivo.
Além disso, ter o conhecimento para cuidar das pessoas é algo incrível e sem preço. Algumas pessoas me mostraram como o curso era maravilhoso e então mudei de ideia, porque até então eu tinha descartado completamente a possibilidade de fazer medicina por não me achar forte o suficiente para ver sangue. Mas isso é algo que acostuma e a prioridade sempre vai ser o bem-estar do paciente, logo essa parte do sangue vai ser indiferente.
Uma mensagem que eu gostaria de passar é que dedicação não tem a ver com resultado ou com rapidez para atingi-lo, pois cada um tem sua realidade e suas características próprias, por isso só quem pode medir a dedicação é você mesmo, não provas ou notas." * Cássia Aguiar tem 18 anos e é de Fortaleza (CE)
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