Nova Friburgo tem outro feminicídio cinco dias após decisão de caso Marotti
A cuidadora de idosos Marcelle Monteiro, 36, foi mais uma vítima de feminicídio em Nova Friburgo (RJ), cidade que há uma semana acompanhou o julgamento de Rodrigo Marotti, acusado de assassinar Alessandra Vaz e Daniela Mousinho em 2019 — na quarta-feira (9), Marotti foi condenado a 19 anos de prisão pelo incêndio que acarretou na morte das vítimas, e o júri popular descartou a acusação de duplo feminicídio.
As tristes coincidências entre os casos seguem. O crime contra Marcelle ocorreu na segunda-feira (14) no bairro de Mury, o mesmo em que Alessandra e Daniela foram mortas. Desta vez, a vítima foi encontrada, já sem vida, por colegas de trabalho, que estranharam a demora dela em chegar ao sítio em que cumpria expediente. Marcelle foi esfaqueada e teve o carro carbonizado.
O principal suspeito é o ex-companheiro de Marcelle, João Carlos Hotz, preso um dia após o assassinato, em Teresópolis, a cerca de 50km de Nova Firburgo. A polícia tinha indícios de que ele teria, de fato, fugido depois de matar a ex-mulher. Ao ser localizado, Hotz foi detido em flagrante por feminicídio em um hospital da cidade, com suspeita de ter tentando se envenenar.
A delegada da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Mariana Thomé, confirmou a Universa que, em depoimento, o acusado assumiu o crime e disse que a vítima ainda era casada dele, mas, segundo as testemunhas, eles já teriam se separado. O caso agora será investigado em Teresópolis.
O coletivo Mulheres na Serra, grupo que luta contra a violência de gênero na região de Nova Friburgo, divulgou uma nota lamentando o crime contra Marcelle e relembrando a ligação do caso com o anterior, envolvendo Rodrigo Marotti. "O resultado injusto desse julgamento do feminicídio contra Daniela Mousinho e Alessandra Vaz está sendo questionado pelo movimento de mulheres, que entende o quanto atua como precedente para casos como o de Marcelle, abrindo jurisprudência. Estão dando licença para nos matar", afirma o grupo.
Relembre o caso Marotti
Em outubro de 2019, o engenheiro Rodrigo Marotti, hoje com 33 anos, trancou a ex-namorada Alessandra Vaz e a amiga dela Daniela Mousinho no banheiro da primeira, no bairro de Mury, e ateado fogo no imóvel. Ele teria, inclusive, bloqueado a saída com um colchão em chamas para impedir a fuga delas.
As duas mulheres chegaram a ser retiradas do local com vida por vizinhos e conseguiram apontar Marotti como autor do crime, mas não resistiram aos ferimentos. Daniela morreu no dia seguinte, e Alessandra dois dias depois, ambas com 80% dos corpos queimados.
Ele, portanto, se tornou réu por duplo feminicídio. O engenheiro tentou fugir do local do crime, mas foi preso logo depois, em flagrante, e aguardava julgamento em uma unidade prisional no Rio de Janeiro. A sentença de foi proferida na madrugada da última quarta-feira (9). O júri não o condenou por feminicídio pois desconsiderou a intenção de matar, e o réu acabou sendo condenado por incêndio seguido de morte e do roubo de veículo de uma das vítimas.
Familiares, amigos, cidadãos e coletivos de mulheres contra a violência doméstica protestam contra o resultado do julgamento desde então.
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