Para modelo, pinta que cobre parte do rosto não é questão: 'Parte de mim'
Não é a primeira vez que a modelo Mariana Mendes, de 29 anos, participa de uma entrevista: pelo contrário, ela já marcou presença em diversos sites de notícia internacionais.
Nascida em Patos de Minas (MG), cidade de 153 mil habitantes, a jovem ganhou visibilidade em 2018 quando um repórter do jornal britânico "The Sun" entrou em contato, propondo uma matéria sobre como ela lida com a pinta de nascença que cobre uma parte do seu rosto.
Desde então, a imagem de Mariana circulou o mundo: foi reproduzida em outros sites da Europa e até do continente asiático. No Brasil, ela também ganhou reconhecimento: logo seu número de seguidores aumentou — e a jovem começou a ser convidada para realizar campanhas publicitárias. Com isso, deixou a ocupação de estilista, que vivia só nos bastidores, e ocupou seu espaço na frente das câmeras, como modelo.
Hoje em dia, Mariana acumula 244 mil seguidores no TikTok e usa as redes sociais para falar sobre autoestima. Veja a seguir como ela lidou com a imagem ao longo da infância e adolescência:
Característica surgiu nas primeiras semanas de vida
A Universa, Mariana relembra que sua pinta, que recebe o nome de "melanocítico congênito", surgiu nas primeiras semanas de vida. "Ela já a no apareceu no exato formato em que iria ficar", conta. A modelo esclarece ainda que a mancha é apenas uma característica e não traz malefício algum à sua saúde. "Apesar disso, é necessário fazer um acompanhamento semestral com uma dermatologista, apenas para checar se as células da pinta permanecem saudáveis", explica.
Justamente por ser uma condição de nascença, Mariana não chegou a se sentir diferente dos colegas na infância. "Eu tive o privilégio de ter uma família que sempre me apoiou. Estudei todos os anos na mesma escola: os amiguinhos cresceram comigo, então eles estavam acostumados e foi algo muito natural", avalia. Mesmo quando um aluno novo ingressava na turma e questionava sobre a pinta, ela costumava lidar bem com a situação.
Vida amorosa 8 ou 80
Mesmo durante a fase da adolescência e com o início da vida afetiva, o fator não foi uma questão. "Eu me cobrava em relação à imagem, como muitas adolescentes, mas era uma questão muito mais relacionada ao peso do que ao rosto", relembra.
Hoje em dia, com a autoestima fortalecida, ela consegue avaliar melhor os impactos da característica nas suas relações. "Pode até ser que eu esteja viajando, mas tenho essa impressão. No início das relações afetivas, ou a pessoa me acha muito bonita e charmosa e elogia a minha aparência, ou ela mostra total desinteresse por mim. É algo oito ou 80, mas isso não me incomoda", reflete.
Se ela tiraria a pinta? Não, obrigada
Mariana lembra que, aos seis anos, uma médica sugeriu à sua mãe que a submetesse a um tratamento com laser, a fim de clarear a pele. "Eu cheguei a fazer algumas sessões, mas minha mãe optou por não dar continuidade ao tratamento. Ela preferiu esperar que eu crescesse e tomasse essa decisão por conta própria. Com certeza foi a decisão mais acertada, porque a pinta faz parte de mim e me ver sem ela poderia me deixar abalada", detalha.
Representatividade x comentários negativos
Quando o assunto é o seu crescimento nas redes sociais, Mariana sabe identificar o lado positivo e o negativo de cada situação. "Meus seguidores querem saber de mim: perguntam sobre as minhas vivências e opiniões. Já quando algum vídeo ou foto rompe essa bolha e viraliza, fico mais exposta a comentários negativos. Sempre que sou citada em alguma matéria, isso também acontece", conta.
"Não costumam ser comentários bons de se ler, mas sinceramente, aquilo passa rápido. Não levo para o pessoal: sei que é totalmente falta de informação, são pessoas que não sabem do que estão falando, não sabem quem eu sou. Fico até com pena", declara, garantindo que nada abala seu propósito de ser uma referência para pessoas fora do padrão.
"A grande mídia ainda usa como padrão o corpo magro, a mulher olhos claros. Quanto mais essas imagens são mostradas, mais buscamos por essas características. Por isso, precisamos olhar com cuidado para o conteúdo que consumimos: tem muita gente querendo se sentir representada, se identificar com o que vê na mídia. Eu faço parte desse movimento", conclui.
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