Bolsonaro libera absorventes: 6 fatos para entender a pobreza menstrual

O termo "pobreza menstrual" esteve em alta no final do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou um projeto de lei que garantiria a distribuição gratuita de absorventes a pessoas em situação de vulnerabilidade. O veto gerou uma série de críticas e o presidente rebateu —mas, ontem, durante uma cerimônia em homenagem ao Dia Internacional da Mulher no Palácio de Planalto, Bolsonaro voltou atrás e assinou um decreto que autoriza a entrega dos produtos.

Aqui vale um adendo: Universa utiliza sempre "pessoas que menstruam", porque mulheres não são as únicas. Os homens trans também podem sangrar uma vez por mês e, por isso, também estão sujeitos à pobreza menstrual.

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Conheça seis fatos que ajudam a entender melhor o problema da pobreza menstrual.

Nem todas as pessoas têm acesso a absorventes

Quase 30% das pessoas que menstruam no país não consegue comprar absorventes. Segundo uma pesquisa de 2018 da marca Sempre Livre, 22% das brasileiras de 12 a 14 anos não têm acesso a produtos de higiene específicos para o período menstrual, número que sobe para 26% na faixa de 15 a 17 anos.

Quando não têm, usam jornal, sacola e miolo de pão

Pessoas em situação de rua ou que não têm como comprar absorventes, estancam o sangue de forma improvisada e com outros objetos pouco apropriados e sem a higiene adequadas, como papelão, papel de jornal, sacola e até miolo de pão, o que pode ser prejudicial à saúde.

Muitas sequer têm acesso a um banheiro

No Brasil, 1,5 milhão de brasileiras vivem em residências sem banheiros. E a escola, que poderia ser um local para que tivessem acesso ao saneamento básico e a produtos menstruais, nem sempre tem estrutura adequada. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar do IBGE (Instituto Brasileiro de de Geografia e Estatística) de 2015, cerca de 213 mil meninas frequentam escolas que não têm banheiro em condições de uso.

Neste cenário, mulheres negras são mais prejudicadas

Dessas 213 mil meninas que não têm banheiros nas escolas, 65% são negras.

A pobreza menstrual aumenta as chances de gravidez precoce

Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância), mulheres que não têm acesso à educação menstrual nem a produtos de higiene têm mais chances de viver uma gravidez precoce, não planejada e enfrentar complicações durante a gestação. A organização afirma que entre essa população também aumenta o risco de violência doméstica.

E também prejudica a educação

A estimativa da ONU é que, no mundo, uma em cada dez meninas falte às aulas quando está menstruada, por não ter produtos de higiene específicos. Segundo uma pesquisa da marca Always divulgada no começo de maio, a situação é ainda pior entre as brasileiras. Por aqui, uma em cada quatro garotas já faltou à escola pelo mesmo motivo.