É normal? Saiba quando se preocupar com o muco de sua vagina na calcinha
Em cada momento do mês o corpo das mulheres se comporta de uma forma e entender os sinais é uma das chaves da saúde feminina. E os mais claros estão atrelados à menstruação. A alteração dos hormônios e a preparação para a chegada do ciclo fértil não afetam somente nosso humor, mas também o comportamento de nossas vaginas.
Você já reparou que o muco liberado pela vagina muda de acordo com a época do mês? Às vezes incômoda para muitas mulheres, a secreção na região íntima é normal, esperada e saudável. "Ao longo do ciclo, temos mudanças hormonais. Com isso, o PH da vagina pode até alterar, mudando também, o tipo de muco liberado por ela", explica Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em Sexualidade Feminina e Uroginecologia pela USP.
A sensação de "calcinha molhada" faz parte desse processo. "É comum ter um pouco de secreção na vagina. Mas se você toma pílula, por exemplo, não tem essa variação cíclica, então pode não sentir essa umidade. O que não tem problema algum", diz Carolina Burgarelli, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Pro Matre.
Para entender melhor essa mudança na calcinha, vamos passar fase a fase do ciclo menstrual. Durante a menstruação, já que o sangue é mais básico, o PH que normalmente é ácido, muda. Na fase folicular, há um aumento de estrogênio, e passamos a liberar uma secreção mais branquinha, transparente e sem cheiro. Na fase ovulatória, que é o meio do ciclo menstrual, entramos no período fértil, e essa secreção passa a ser mais melecada, mas não tem cheiro. Com o aumento do progesterona, o muco pode ser um pouco mais amarelado e líquido. "Para algumas mulheres que têm propensão à candidíase, essa fase pode torná-las mais suscetíveis", completa a ginecologista Lilian.
É SAUDÁVEL OU NÃO É?
Enquanto o muco fisiológico, esse que é normal e que vivenciarmos as mudanças ao longo do mês, costuma ser claro, às vezes, viscoso, mas sempre sem odor, o primeiro sinal de alerta para quem está em dúvida se deve ou não procurar ajuda médica é se algo está diferente do comum. "A mulher que se conhece, sabe qual a sua secreção básica. Se aumentou a quantidade ou teve alteração de cheiro - este que pode variar com algo semelhante ao do esperma ou de peixe podre, o ideal é procurar o ginecologista. A coceira e a dor profunda na hora da penetração também são sinais importantes", diz Lilian. Essas alterações podem significar doenças, algumas mais simples de tratar e outras nem tanto. Por isso, a ajuda médica é indispensável.
Esse corrimento não saudável pode se comportar de diversas formas. "A paciente pode ter uma secreção acinzentada, com bolinhas e odor bem forte que é chamada de vaginose, uma infecção causada por bactéria. Ela pode ser reflexo de uma IST (infecção sexualmente transmissível) ou mudança do pH vaginal. Outra doença muito comum é a candidíase, um corrimento mais brumoso, às vezes amarelado, que tem como principal característica a coceira. Ela também é resultado da variação do pH e pode acontecer pelo excesso de uso de protetor de calcinha, que favorece a proliferação dos fungos, ou uso estendido de roupas molhadas", conclui Carolina.
Ou seja: não pode coçar, não pode doer, não pode aumentar de quantidade inesperadamente e nem ter cheiro. Fique atenta a esses detalhes para procurar ajuda médica.
CUIDADOS SEMPRE SAUDÁVEIS
Uso de protetor diário, roupa molhada e ducha vaginal podem piorar a situação da flora vaginal, algo chave para a saúde da área íntima. "Não lave dentro da vagina. Isso remove os lactobacilos que mantêm a região saudável", alerta Carolina. Assim como em quase todas as doenças, manter uma vida com hábitos saudáveis é essencial para evitar alterações no seu muco da vaginal. O consumo de produtos lácteos e kombucha, por exemplo, é bom para a produção de lactobacilos que controlam o pH do corpo. E, claro, a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável, são ideias para a nossa imunidade.
No verão, há também a necessidade de ter o cuidado com as roupas molhadas ou muito suadas. Se possível, em dias de praia e piscina, faça a troca da roupa de banho pelo menos uma vez.
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