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Corretora pagou R$ 10 mil e escondeu plástica nos seios: 'Era o sonho dela'

Natacha morreu após procedimento estético - Reprodução/ Facebook
Natacha morreu após procedimento estético Imagem: Reprodução/ Facebook

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

11/03/2022 09h57Atualizada em 11/03/2022 13h37

A família da corretora de imóveis Natacha Lopes Silvério, 28, que morreu após uma cirurgia plástica para colocar próteses de silicone nos seios, ainda tenta assimilar o que aconteceu. Natacha teve morte cerebral anunciada na quarta-feira (9), após ficar quase duas semanas internada no hospital Universitário São Francisco de Assis, em Bragança Paulista.

Tais Lopes, prima de Natacha, relata que a corretora sonhava em fazer o procedimento estético e há cerca de dois anos começou a pesquisar sobre médicos que fazem cirurgias plásticas na cidade de Piracaia (SP), cidade onde morava, a 91 km da capital.

Era o sonho dela, ela gostava muito de se cuidar. No final de 2020 nós chegamos a conversar sobre o procedimento e, como eu já fiz o implante, eu indiquei o meu médico. Eu não sei porque ela foi atrás de outro. Tais

Na cirurgia, a jovem colocou duas próteses de silicone, de 380 ml cada, em um centro cirúrgico alugado pelo médico Pietro Petri no Hospital Misericórdia São Vicente de Paula, em Piracaia. Ainda segundo a família, Natacha não contou que faria o procedimento e deu entrada sozinha no hospital no dia 27 de fevereiro.

"Não sabemos o porquê de ela não ter falado nada. Nos surpreendemos com a situação", acrescenta a prima. Ainda segundo os familiares, pelo procedimento Natacha pagou R$ 9.800.

Segundo o atestado de óbito, após a cirurgia, Natacha apresentou insuficiência respiratória aguda, encefalopatia hipóxico-isquêmica -redução de oxigênio no sangue - e tromboembolismo pulmonar - obstrução da artéria pulmonar.

Só queremos que ele [o médico] seja responsabilizado. Tais

Natacha - Reprodução/ Instagram - Reprodução/ Instagram
Corretora de imóveis era mãe de três filhos
Imagem: Reprodução/ Instagram

Mãe exemplar

Natacha era mãe de três filhos, um bebê de oito meses e duas crianças de 4 e 6 anos. Ela era filha única e, após se separar do marido, morava com os pais.

Natacha era uma pessoa incrível, sempre alegre, uma menina divertida, inclusive hoje passamos o dia rindo das palhaçadas dela, até minha tia acabou se distraindo. Ela era muito animada e não tinha dias tristes, sempre estava com um sorriso no rosto. Tais

O enterro ficou marcado para hoje, às 11h, no cemitério de Nazaré Paulista.

Negligência

Segundo o advogado Carlos Henrique da Silva Cabral, que representa a família da corretora, houve negligência durante o procedimento estético. Ele alega que, minutos após a cirurgia, a mulher foi deixada sozinha no centro cirúrgico, onde teria passado mal e sofrido uma parada cardiorrespiratória.

"No prontuário médico diz que, logo após a cirurgia, que durou apenas 35 minutos, a Natacha se queixou de dor de cabeça, mas o médico teria dito que era normal. Não sabemos quanto tempo ela ficou sozinha no centro cirúrgico, mas lá, ela teve uma parada cardiorrespiratória e não se sabe quanto tempo demorou até que fosse socorrida", pontua.

Ainda segundo o advogado, uma médica que atua no hospital foi quem socorreu e reanimou Natacha. O médico responsável pela cirurgia só teria chegado ao local quando a paciente já estava reanimada.

Um boletim de ocorrência foi registrado e a Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o caso. Testemunhas já começaram a ser ouvidas e a polícia pediu a quebra do sigilo telefônico de Natacha, imagens e documentos do procedimento ao hospital para auxiliar no esclarecimento do fato.

Outro lado

Em nota, a defesa do médico explicou que não houve negligência por parte do profissional e nem intercorrências no procedimento cirúrgico de Natacha e defendeu que as complicações apresentadas pela paciente não tiveram relação com o procedimento.

"O médico Pietro Petri lamenta muito o ocorrido, mas de maneira diversa ao alegado, não houve qualquer negligência, imprudência ou imperícia na condução do procedimento cirúrgico por ele realizado. A cirurgia em questão transcorreu sem qualquer intercorrência intraoperatória, sendo que a complicação apresentada pela sra. Natacha Lopes Silvério não guarda relação direta com a mesma. O referido profissional esclarece que após constada a intercorrência prestou toda a assistência médica à paciente e aos seus familiares. Para maior esclarecimento, aguarda o resultado da necropsia", diz o comunicado.