Ilana Kalil: família faz enterro restrito; delegado e MP não se pronunciam
O enterro de Ilana Kalil, que era casada com o médico Renato Kalil e foi encontrada morta em sua casa na segunda-feira (14), foi realizado na manhã desta terça (15) no Cemitério Campo Grande, na zona sul de São Paulo. Apenas os familiares estiveram presentes. Deve acontecer nos próximos dias uma missa que reunirá também amigos.
Após pouco mais de 24 horas da morte de Ilana, a polícia segue com a investigação do caso, registrado como suicídio. Ela tinha 40 anos e trabalhava ao lado dele como instrumentadora cirúrgica. Deixou duas filhas pré-adolescentes.
O boletim de ocorrência com o relato sobre a morte de Ilana foi registrado na 89º DP, no Morumbi, próximo à casa da família Kalil. Agora, o caso vai para o 34º DP, sob a responsabilidade do delegado Gilson Rodolfo. A reportagem esteve nas duas delegacias, mas as autoridades afirmaram que não darão declarações sobre o caso.
O promotor Fernando Bolque, do Ministério Público de São Paulo, vai acompanhar as investigações sobre a morte. O MP afirmou a Universa que, devido às investigações estarem no começo, a entidade não irá se pronunciar por enquanto.
"Irritabilidade": o que foi reportado no boletim de ocorrência
No boletim de ocorrência, Kalil contou aos policiais que a esposa tomava medicamentos controlados e que eles haviam discutido na noite de domingo (13).
Consta no documento que Ilana estava "irritada" naquela noite por causa do Instagram. Segundo a colunista Monica Bergamo, da "Folha de S.Paulo", Ilana estava usando as redes sociais para criticar amigas que foram a um evento em que Shantal Verdelho, que processa Kalil por violência obstétrica, também estava.
Na última publicação dela nos stories, dizia: "Fui censurada de novo. E lá vai... Quem viu, viu. Quem não viu, não vai ver mais. E viva a ditadura". No boletim de ocorrência, há referência ao episódio de forma genérica: "Ilana estava revoltada por ter tido que apagar o seu Instagram por questões outras que o casal vinha enfrentando".
Carta de despedida, bebida e arma
O casal teria se deitado por volta da uma da manhã. Kalil relatou à polícia que a mulher não teria conseguido dormir e, depois de uns 40 minutos, foi para a sala, no andar inferior da casa.
Ainda de acordo com a versão apresentada pelo médico, por volta de 3h40 da madrugada de segunda-feira, ele teria ouvido o tiro. A mulher teria enviado mensagens a ele se despedindo. Ele afirma que a encontrou na sala e que, na mesa, havia uma carta de despedida e uma garrafa de bebida. Segundo o ginecologista diz em seu depoimento, nesse momento ela já estava morta.
Kalil diz que acionou os seguranças da rua onde vive que, por sua vez, chamaram socorro e a polícia. Segundo sua versão, a arma pertencia a seu pai, estava escondida e em situação regular. Ele afirmou também que a mulher não sabia manusear armas.
Os policiais ainda vão analisar o laudo do IML (Instituto Médico Legal) e da perícia no local para confirmar o suicídio ou abrir outra linha de investigação.
O que será investigado pela Polícia
De acordo com o BO, foi requisitado exame residuográfico (para descobrir se alguém fez uso de arma de fogo em um crime e que é feito com material colhido nas mãos do suspeito para verificar se existem resíduos) em Ilana e em Kalil.
A polícia ainda pediu que um médico legista comparecesse à casa para "retirar qualquer dúvida" em relação à situação em que ocorreu o disparo e para avaliação da "possibilidade de constatação de manuseio da arma por outra pessoa". Foi pedido exame toxicológico da vítima.
Caso você esteja se sentindo sozinho, angustiado, ansioso e pensando em suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil. O Mapa Saúde Mental disponibiliza uma lista de atendimentos psicológico e psiquiátrico, gratuitos, em todo o Brasil, online ou presencial.
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