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Mariliz: Reações à morte de Ilana Kalil fazem vítima quase parecer culpada

Colaboração para o UOL

15/03/2022 10h00Atualizada em 15/03/2022 10h26

A jornalista Mariliz Pereira Jorge, nova colunista do UOL, criticou reações que acompanhou nas redes sociais em relação à morte de Ilana Kalil, mulher do ginecologista Renato Kalil, que foi encontrada morta em sua casa em São Paulo ontem.

"Vi muita gente fazendo críticas horríveis sobre essa morte, especulação absurda em que a vítima quase vira culpada da sua própria morte. A gente precisa ser empático de verdade", avaliou, durante UOL News hoje.

De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o caso foi registrado como suicídio, e os detalhes serão preservados. A assessoria de Kalil disse que não divulgará nota a respeito.

"Vi muita gente falando: 'ah, um ginecologista que é capaz de cometer violência obstétrica, com certeza não tratava sua mulher bem'. Uma especulação feita de maneira tão sórdida, que não leva à nada. Só piora a situação", completou Mariliz.

Ilana era nutricionista de formação, além de instrumentadora cirúrgica, tinha 40 anos e deixa duas filhas, ambas frutos de seu relacionamento com Renato Kalil. Recentemente, ela saiu em defesa do marido nas redes sociais depois que o médico foi acusado de violência obstétrica no parto da influenciadora digital Shantal Verdelho.

Editora da TV estatal russa dribla censura

Durante o UOL News, Mariliz Pereira Jorge também ressaltou as agressões que mulheres sofrem de agentes públicos, principalmente em países autoritários. A âncora de um jornal na Rússia lia uma notícia quando uma mulher invadiu o estúdio do canal estatal de TV, o Channel One Russia — principal fonte de notícias para muitos milhões de russos e que segue a linha do Kremlin —, com um cartaz protestando contra a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

"Nós mulheres temos lidado muito com essa questão da violência contra mulher. A gente sabe como os agentes públicos têm sido muito atuantes atacando as mulheres, mas a gente ainda goza de alguma liberdade. Imagina isso num momento de guerra, num país como a Rússia, que tem uma repressão desde que Putin está no governo."

Trecho da invasão foi compartilhado por Max Seddon, chefe da sucursal em Moscou da Financial Times. "Uma mulher invadiu o principal noticiário da noite ao vivo na Rússia com uma placa que diz: 'Pare a guerra'", escreveu ele em seu Twitter na tarde de ontem.

A mensagem na placa trazia um "sem guerra" em inglês e o restante escrito em russo. "Pare a guerra. Não acredite em propaganda. Eles estão mentindo para você aqui", traduziu o jornalista.

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Caso você esteja se sentindo sozinho, angustiado, ansioso e pensando em suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil. O Mapa Saúde Mental disponibiliza uma lista de atendimentos psicológico e psiquiátrico, gratuitos, em todo o Brasil, online ou presencial.