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Paratleta e namorada criam projeto sobre sexo e deficiência: 'romper tabu'

A enfermeira argentina Triana Serfaty e o esquiador paralímpico Enrique Plantey criaram o perfil Sexistimos - arquivo pessoal
A enfermeira argentina Triana Serfaty e o esquiador paralímpico Enrique Plantey criaram o perfil Sexistimos Imagem: arquivo pessoal

Tereza Novaes

Colaboração para Universa

16/03/2022 04h00

A enfermeira argentina Triana Serfaty, hoje com 29 anos, conheceu o esquiador paralímpico Enrique Plantey, 39, há 10 anos em uma discoteca em Buenos Aires, dançando. "Enrique é muito divertido, extrovertido e veio falar comigo", conta Triana. "Com o tempo, percebemos que havia muita química e uma relação muito boa entre nós, que foi se fortalecendo ao longo dos anos, os dois crescendo lado a lado".

A parceria dos dois se mostra tanto no esporte - Triana acompanhou o namorado nas Paralimpíadas de Inverno, em Pequim, onde estão agora - quanto no projeto paralelo que criaram, o perfil no Instagram Sexistimos, para falar sobre sexualidade de pessoas com deficiência (PCDs). Enrique é é cadeirante desde os 11, depois de ter sofrido um atropelamento com a família, que matou seu pai e o irmão.

Antes do encontro com Enrique, Triana conta que nem sequer conhecia um cadeirante. "Tinha 18 anos e agora tenho 29. Na época em que começamos a namorar, meus amigos fizeram muitas perguntas e, claro, queriam saber se nós tínhamos relações e como eram. Basicamente, as dúvidas que todos costumam ter", lembra.

Essas dúvidas foram inspiração para o projeto que o hoje o casal toca juntos. Além da página no Instagram, eles estão escrevendo um livro sobre o tema.

"A ideia do Sexistimos é romper com os tabus que existem sobre a sexualidade das pessoas com deficiência. Queremos chegar a todos, que todos leiam, e que ninguém mais se pergunte se as pessoas com deficiência podem fazer sexo. Todas as pessoas nascem sexuais e a deficiência não deveria ser uma questão para a sexualidade", afirma Triana em entrevista a Universa.

O casal já explorou várias técnicas, como o sexo tântrico, e decidiu compartilhar o que aprendeu através do projeto, que trata de uma variedade de assuntos relacionados à sexualidade dos PCDs e traz histórias reais de outros casais, aconselhamento de especialistas e contos eróticos com pessoas com deficiência, escritos por Triana.

Hoje, com o projeto promovendo lives e com as mensagens diretas abertas às dúvidas dos seguidores, Triana afirma que as perguntas mais frequentes se referem à ereção. "É algo que sempre preocupa e sobre a qual queremos falar", afirma. O casal também faz conteúdo falando de pornografia, orgasmo e fertilidade.

Bastidores da Paralimpíada

Casal argentino trata de sexualidade de PCDs e se destaca na Paralimpíada - arquivo pessoal - arquivo pessoal
Casal argentino trata de sexualidade de PCDs e se destaca na Paralimpíada
Imagem: arquivo pessoal

O esquiador carregou a bandeira da Argentina na cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno e, por pouco, não chegou ao pódio. Ele conquistou o quarto lugar no esqui alpino, a melhor marca para a América Latina no esporte.

Reunindo atletas de todo o mundo, será que rola paquera e pegação nas Paralimpíadas? "Por causa da pandemia, estamos fechados no hotel, passamos 24 horas entre nós e, claro, sabemos que rola sim paquera e pegação por aí", conta. "Eu e Enrique não estamos dormindo juntos e frequentamos campeonatos com outras pessoas há tanto tempo que já somos amigos de todos", finaliza.