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Kalil dá depoimento à polícia sobre morte de esposa; promotor fala do caso

O obstetra Renato Kalil prestou depoimento para inquérito policia sobre a morte da esposa, Ilana Kalil, na quinta-feira (17) - Reprodução/Todo Seu no YouTube
O obstetra Renato Kalil prestou depoimento para inquérito policia sobre a morte da esposa, Ilana Kalil, na quinta-feira (17) Imagem: Reprodução/Todo Seu no YouTube

Nathália Geraldo

De Universa, em São Paulo

18/03/2022 12h44

Na quinta-feira (17), o ginecologista e obstetra Renato Kalil prestou o primeiro depoimento formal à polícia falando da morte de sua esposa, Ilana Kalil, encontrada sem vida na segunda-feira (14), na casa da família, em São Paulo. O promotor de Justiça do Ministério Público Fernando Bolque, responsável pelo caso e que acompanhou o relato, disse a Universa que o médico reforçou todas as circunstâncias do que aconteceu, como já havia dito às autoridades policiais no registro do boletim de ocorrência.

De acordo com o promotor, a investigação policial segue agora com os depoimentos de empregadas da casa do casal e com o da gerente da clínica de Kalil, que teria recebido uma ligação telefônica de Ilana na noite em que ela morreu, para tratar de questões financeiras.

Segundo o promotor, Kalil disse em depoimento que a investigação de que ele mesmo é alvo —o médico está sendo processado por violência obstétrica pela influenciadora Shantal Verdelho— teria sido "gatilho" para a mulher ter tirado a própria vida.

No boletim de ocorrência, Kalil contou às autoridades policiais que a esposa tinha "irritabilidade" e fazia tratamento psiquiátrico. Também afirmou que não era a primeira vez que ela teria tido uma ação extrema contra si mesma. O processo por violência obstétrica, diz o médico, teria agravado a situação emocional e psicológica da esposa.

Bolque afirma que, por enquanto, as condições são "precárias" para determinar uma linha de investigação ou ter qualquer conclusão sobre isso. O MP aguarda os laudos periciais, que devem levar cerca de 30 dias para ficarem prontos, para verificar "qualquer tipo de incongruência" no caso. Entre os exames requisitados pela polícia estão o residuográfico em Ilana e em Kalil, a fim de detectar vestígios que podem indicar uso de arma de fogo. Também foi pedido que um médico legista comparecesse à casa para "retirar qualquer dúvida quanto do disparo" e para avaliação da "possibilidade de constatação de manuseio da arma por outra pessoa". Foi pedido, ainda, exame toxicológico da vítima.

Repercussão do caso Ilana Kalil: o que diz promotor

ilana - Reprodução Facebook - Reprodução Facebook
Renato Kalil e Ilana, que morreu aos 40 anos. Ela deixou o companheiro e duas filhas pré-adolescentes
Imagem: Reprodução Facebook

O promotor Fernando Bolque, do 5º Tribunal do Júri, explicou que o MP sempre é acionado quando há inquérito policial; a partir daí, o órgão pode arquivar o caso ou mover uma ação penal.

Devido à repercussão ligada ao nome de Kalil, diz o Bolque, a procuradoria-geral entendeu que um promotor deveria acompanhar de forma "mais próxima" as investigações sobre o caso registrado como suicídio.

"O doutor Renato Kalil está envolvido nas denúncias de violência obstétrica, então a procuradora-geral entendeu que seria melhor um acompanhamento mais próximo da situação", aponta. "A repercussão é natural porque ele está envolvido naquele episódio. É evidente que as pessoas vão ligar uma coisa à outra".

O caso foi registrado como suicídio, inicialmente, no 89º Distrito Policial, no Morumbi, próximo à casa da família Kalil, mas foi trocado para o 34º DP, sob a responsabilidade do delegado Gilson Rodolfo.

O promotor comentou ainda que a arma que foi encontrada na casa da família, próxima a Ilana, foi levada à perícia para verificar procedência e possíveis irregularidades, mas ainda não há respostas sobre isso.

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