Cintura fina, peito grande: faz sentido o corset voltar à moda em 2022?
Uma rápida olhada na coleção mais recente das marcas de fast fashion basta para afirmar: o corset está de volta. A peça, também conhecida como espartilho, voltou com tudo também nas passarelas. Versace, Carolina Herrera, Gucci, Fendi... Todas as marcas de luxo apostaram queridinha da vez para marcar presença na New York Fashion Week e na Paris Fashion Week.
A peça que marcou o estilo renascentista europeu e, segundo historiadores, surgiu no século 15 ou 16, servia para modelar os corpos e exaltar duas características femininas: seios fartos e a cintura fina, seguindo o padrão de beleza vigente na época —longe de ser de um jeito saudável.
Com esse histórico, é de se esperar que o retorno do corset levante algumas questões. A principal delas é: se, no passado, a peça era usada para reforçar estereótipos femininos, faz sentido o espartilho voltar à moda em 2022, quando mais do que nunca questiona-se a pressão estética contra o corpo feminino? Universa conversou com especialistas para tentar responder esta pergunta.
Duda Beat, Anitta, Kim Kardashian: famosas são fãs
Assim como não se sabe a origem exata da peça, não existe um só fator que justifique o seu "comeback". A moda pós-pandemia já previa roupas mais sensuais, com decotes e recortes que mostrassem ainda mais detalhes do corpo feminino.
Além disso, algumas pessoas atribuem o retorno do corset à série "Bridgerton", produção de época da Netflix que reacendeu a chama da tendência regencycore (aquela que deu uma repaginada em peças vintages, como as mangas bufantes, as estampas florais e o próprio espartilho).
A única coisa que é possível afirmar é que o corset está por todos os lados. Duda Beat —cantora que ilustra a foto de abertura dessa matéria— é grande fã da peça e a utilizou no clipe de "Dar uma deitchada", seu último lançamento; Anitta também não esconde que é fã de espartilho. E, claro, Kim Kardashian também entra no combo de celebridades que adoram o acessório.
Para a especialista em lingeries e moda íntima, Nathalia Batista, o corset é um acessório que imprime personalidade ao look e a quem usa.
O espartilho representa coragem, liberdade de escolha, força. A mulher tem que ter personalidade e segurança para exibir uma roupa considerada 'de baixo' e que fica tão marcante no look", opina. Nathalia Batista, consultora de moda
Ressignificação do espartilho
A influenciadora digital Juliana Santana, mais conhecida como Baddie Santana, ganhou fama ao falar sobre moda para corpos "fora do padrão" em seu perfil do Instagram. Ela, assim como Anitta, Duda Beat e Kim Kardashian, também adicionou o corset ao guarda-roupa.
"Eu vejo como um acessório de estilo, não como algo para modelar meu modelo", garante a influencer. "No começo, quando a tendência surgiu, fiquei com receio de usar a peça, afinal, não via outras mulheres gordas usando. Mas como sou grande fã do estilo romântico e camponês, não consegui escapar dessa moda e encomendei um espartilho sob medida para mim".
Baddie, então, entrou em contato com uma loja de espartilhos para pedir um modelo que não a apertasse. Ela pagou mais de R$ 500 na peça, que demorou cerca de 30 dias para ficar pronta. "O corset que tenho não me aperta, apesar de marcar minha cintura. Vejo ele como um cinto, uma blusa... é mais uma questão de estilo", define.
Ela confessa que, no passado, já chegou a vestir a peça com a intenção de modelar o corpo: "Antes, usava o espartilho para diminuir medidas, como uma maneira de apertar o corpo e as gordurinhas. Só que passei a olhar para ele com outros olhos. Digo que ressignifiquei o corset".
Acessível para quem?
Segundo a consultora de moda Nathalia Batista, a principal dificuldade de mulheres com corpo fora do padrão têm para aderir à tendência é encontrar modelos mais diversos de espartilho, seja de tamanho ou de estilo. Além disso, quando feitas sob encomenda, as peças costumam ser caras.
A marca Jerônima Baco é especialista em corsets sob medida. De acordo com a criadora da empresa, as buscas pela peça cresceram cerca de 15% de 2021 para 2022. O preço dos produtos parte de R$ 700 e cada corset demora de 25 a 30 dias para ficar pronto. "É o mesmo orçamento para uma pessoa magra ou gorda. Não fazemos distinção", garante.
Traçado esse cenário, dá para dizer que o corset está ajudando a criar a imagem do "novo sexy". "O sexy sempre teve relação com o corpo curvilíneo. Diferente de alguns anos atrás, em que a magreza extrema era tida como o ideal de beleza, hoje o padrão é a cintura fina com o quadril mais proeminentes —tal corpo da Kim Kardashian. O foco hoje saiu dos seios e foi para barriga zero com cintura bem fina em relação ao quadril", finaliza Nathalia.
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