Com vídeo, polícia leva 2 dias a aceitar denúncia de violência doméstica
Na noite da última sexta-feira (19), cenas de violência contra uma mulher foram presenciadas em um flat no bairro Bigorrilho, em Curitiba, por uma vizinha que prefere não se identificar. "Só consegui denunciar porque sou teimosa e muito sensível ao assunto", declarou. Por não conhecer a vítima nem o agressor, ela só conseguiu registrar a denúncia de violência dois dias depois do ocorrido.
Os gritos da vítima foram ouvidos por quem estava nos prédios ao lado. Na sequência, vizinhos chamaram a polícia, porém, não conseguiram registrar boletim de ocorrência. "Muitos vizinhos desistiram de denunciar no decorrer do caminho. Como eu não era vítima e não tinha uma procuração dela, não consegui registrar o boletim de ocorrência. Achei que por ter a data, o endereço da residência do agressor e um vídeo da ocorrência, conseguiria, mas não. Depois de muita dificuldade, fui ouvida ontem pela polícia. Caso contrário, não aconteceria nada", disse a vizinha para Universa.
As agressões foram gravadas pelo químico ambiental Pedro Duarte, que mora em frente ao flat. O vídeo tem duração de três minutos e nas imagens o agressor puxa o cabelo da vítima e a atinge com alguns chutes.
"Eu estava em casa e comecei a ouvir muita gritaria. Vi que tinha um homem na sacada de um apart-hotel, localizado em frente ao meu prédio. Ele pisava no chão e, no primeiro momento, achei que estava batendo em um cachorro. Comecei a filmar e quando aproximei a câmera, vi uma mulher deitada, sendo agredida e xingada por ele. Tentei inibi-lo com gritos, mas os dois entraram no apartamento", relembra Pedro.
Muitos vizinhos acompanharam a discussão e chamaram a polícia. Como não houve flagrante, o agressor não foi preso.
Policia solicitou que vizinha retornasse "na segunda-feira"
Em nota, a Polícia Civil do Paraná falou sobre a dificuldade da vizinha para realizar a denúncia. A entidade afirma que "atendeu a noticiante na delegacia, no sábado (19). Na ocasião, os policiais coletaram as informações e solicitaram que ela retornasse na segunda-feira (21) para formalização do procedimento de informação, que é realizado nos casos em que não há informações de vítimas, nem suspeitos, sendo colhido o depoimento e demais informações para investigação. Nesta segunda-feira, a mulher retornou à delegacia, onde foi ouvida".
A Polícia Militar também informou que a equipe não encontrou a vítima no local e que as pessoas presentes não quiseram fazer o boletim de ocorrência. "Diante disso, as medidas tomadas no local foram o registro da ocorrência e orientações."
Agressor foi identificado
Nesta terça (22), a Polícia Civil do Paraná afirmou que identificou o agressor e a vítima do caso de violência doméstica. Ele foi intimado e será ouvido nos próximos dias. A vítima foi ouvida na delegacia e encaminhada para exames periciais. Também foram solicitadas medidas protetivas para a segurança da mesma.
Com toda a repercussão, o agressor foi expulso do flat onde estava hospedadp. "Ele era nosso hóspede há um ano e a moça é namorada dele. Sabemos que ela já foi agredida outras vezes na casa dela, mas aqui no hotel foi a primeira vez. Chamamos a polícia e pedimos a retirada imediata dele. Como a vítima não estava mais no apartamento quando a polícia chegou, ele não foi preso", diz Rosa Fanini, gerente do Ampiezza Flat Hotel.
Ela afirma que essa foi a primeira vez que o hotel registrou um caso de violência. "O que estava ao nosso alcance nós fizemos. Os pertences dele ainda estão aqui, ele não veio buscar, não atende o telefone, sumiu. Não aceitamos caso de violência aqui", afirma a gerente.
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