'Estou constrangida e com medo', diz jovem assediada por motociclista
A jovem que levou um tapa nas nádegas enquanto caminhava por uma rua de Fortaleza seguia para a casa da mãe quando foi atacada. A vítima contou em primeira a mão a Universa o pavor que sentiu no momento da agressão. M.K., que pediu para que sua identidade fosse preservada, tem 18 anos e faz cursinho preparatório para o vestibular. Ela ainda está assustada e teme que o motociclista responsável pela importunação sexual a encontre novamente na rua. "Sei agora o que as mulheres sentem nesses casos e não está nada fácil", disse.
A vítima conta que não viu a aproximação do agressor e que só percebeu a presença dele quando sentiu o impacto no seu corpo. M.K. lembra que o susto foi tão grande que ficou desnorteada e desistiu de seguir sua rota. Ela voltou pela mesma rua correndo e pediu ajuda. "Meu marido estava trabalhando. Então, liguei para minha mãe e ela veio me encontrar. Nós registramos um Boletim de Ocorrência", disse.
M* conta que não ouviu a moto se aproximando. "A gente nem percebe certas coisas na rua quando estamos pensando na vida. Entrei na rua e só vi uma senhora. Depois, ela me disse que viu o motoqueiro parado na esquina. Mas deve ter chegado depois que eu passei, porque não havia ninguém lá", relembrou.
"Estava indo para casa da minha mãe, de manhã cedo, cerca de 8h. Assim que entrei na rua, olhei para as ruas dos lados, mas não havia nenhuma moto. Na frente vinha uma mulher, só que do outro da pista. Quando ela passa por mim, ele já chega e me dá um tapa", acrescentou.
Ela confessa que o medo ainda não passou e que estar na presença da família está sendo uma base de segurança. M* conta os minutos para que o agressor seja identificado e preso.
"Já estão em busca dele. Estão todos querendo muito saber quem é. E eu quero muito que ele seja pego. Por mim e por todas outras mulheres que já passaram por essas situações. Só sabe quem passa. Estou mal, sabe? Me sentindo constrangida, com muito medo. É algo que mulher nenhuma nesse mundo deveria sentir", desabafou.
Relembre o caso
Na última segunda-feira (21), M.K. seguia por uma rua do bairro Ellery, em Fortaleza, quando foi atacada por um motociclista, que desferiu um tapa na bunda da jovem. A agressão foi registrada por um sistema de câmeras de segurança da via e o vídeo ganhou notoriedade na internet, causando revolta em quem assistiu a violência.
Na gravação, é possível ver a vítima seguindo pela via quando de repente o agressor aparece. Ele seguia sozinho na moto, que está com a placa tampada por um pano, quando percebe a jovem à frente. O motociclista se aproxima, estapeia as nádegas da jovem, acelera o veículo e foge. Assustada, a vítima volta correndo pela mesma rua para pedir socorro.
O ataque ocorreu por volta da 8h. Em nota, a SSPDS-CE (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará) disse que foi aberta uma investigação e que policiais militares realizam buscas pela área na tentativa de identificar o suspeito. Até a publicação desta matéria, no entanto, o agressor ainda não havia sido encontrado.
A SSPDS acrescentou que as investigações ocorrem de forma integrada entre a delegacia local e a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza. A secretaria informou ainda que as imagens de câmeras de segurança estão auxiliando os trabalhos policiais.
O que é importunação sexual?
Em 2018, a chamada importunação sexual se tornou crime no Brasil, com pena prevista de um a cinco anos de prisão. É definida como sendo a prática de um "ato libidinoso", algum tipo de contato sexual contra uma pessoa sem que ela tenha dado consentimento. O projeto de lei surgiu após diversos casos de homens que se masturbaram ou agrediram sexualmente mulheres dentro de transporte público terem ganhado repercussão nacional.
Como denunciar?
A SSPDS destacou a importância de as vítimas denunciarem essas agressões em qualquer unidade policial. Se for possível, porém, a orientação é procurar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres.
Em casos como o que ocorreu em Fortaleza, o órgão explicou que a população pode contribuir com as investigações, repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais por meio dos disque-denúncia de suas cidades.
No Ceará, as denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp pelo qual podem ser feitas as queixas via mensagem, áudio, vídeo e fotografia. As informações também podem ser direcionadas para o telefone (85) 3108-2950, da Delegacia da Mulher de Fortaleza, com sigilo e anonimato garantidos, garante a SSPDS.
Se você foi ou conhece uma mulher que tenha sido vítima de importunação sexual ou outro tipo de crime de gênero, também pode ligar para o número 180, canal do Governo Federal que registra denúncias e dá orientações de como agir ao sofrer esse tipo de violência.
Em caso recente, agressores foram identificados
Em setembro do ano passado, uma mulher de 25 anos também foi vítima de importunação sexual enquanto andava de bicicleta, em Palmas, no Paraná. Andressa Lustosa seguia por uma via movimentada quando um automóvel se aproximou e um homem desferiu um tapa nas nádegas da ciclista, que se assustou e caiu da bicicleta, o que causou vários ferimentos pelo corpo. Na época, o vídeo da agressão também viralizou na internet. Os agressores foram identificados.
Em outubro, a Justiça do Paraná aceitou a denúncia contra os dois homens que estavam no carro. Ambos se tornaram réus por importunação sexual e lesão corporal. Se condenados, somadas as penas, os dois podem pegar até nove anos de reclusão. O caso ainda teve razão de gênero como qualificadora, uma vez que a vítima era mulher.
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