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Um olhar diferente sobre o que bomba nas redes sociais


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Quem é Laverne Cox, atriz trans que comandará o tapete vermelho do Oscar

Atriz Laverne Cox vai apresentar o tapete vermelho do Oscar pelo canal E! - Divulgação
Atriz Laverne Cox vai apresentar o tapete vermelho do Oscar pelo canal E! Imagem: Divulgação

de Universa

27/03/2022 13h01

Se você maratonou "Inventando Ana", da Netflix, recentemente, talvez já saiba quem é Laverne Cox. A atriz, uma mulher transsexual negra, faz o papel da personal trainer das estrelas na série que ganhou destaque por se tratar de uma história real. Mas sua carreira na atuação começou muito antes disso. Não à toa, ela foi convidada pelo canal E! para comandar o tapete vermelho do Oscar neste ano.

Nascida no Alabama, nos Estados Unidos, Laverne tem um irmão gêmeo e percebeu no quarto ano escolar que havia algo de diferente em relação ao que sentia e em como as pessoas a identificavam. De acordo com o site The Towerlight, após imitar Scarlett O'Hara na sala de aula, sua mãe foi chamada na escola e a levou para a terapia. Questionada se ela sabia a diferença entre meninos e meninas, Laverne respondeu que não existia nenhuma.

"Sabia, em meu coração, minha alma e meu espírito que eu era uma menina", diz. Quando chegou na puberdade, ela revela, rezava todas as noites para não se tornar um homem.

Em sua jornada para se tornar a mulher de sucesso que é hoje, porém, teve de enfrentar dores e dificuldades. A atriz revelou que sobreviveu a uma tentativa de suícidio aos 11 anos, após o falecimento de sua avó, e viveu diversas situações de racismo e preconceito.

Mas sabia onde queria chegar e comemorava cada pequena vitória, mas ainda convivendo com as dores da transfobia. "Fui até o Harlem para fazer minhas tranças em um daqueles locais geniais de tranças africanas. Eu estava usando um vestido e empolgada por usar aquele gloss preto que eu realmente não podia pagar, mas comprei mesmo assim com gorjetas do meu trabalho. Isso foi apenas com dois anos da minha transição", contou ela na publicação.

"Olho para esta foto e vejo uma jovem super fofa sentindo isso. Mas, por baixo, me sentia o oposto de fofa. Pessoas me confundindo, me chamando de homem e dizendo que eu parecia um homem me faziam sentir tão insegura. Isso me impediu de me ver claramente e amar o que via. Olho para essa jovem e quero dar a ela o amor que não sabia como naquela época. Não é tão tarde. #TransÉLindo", concluiu na legenda da publicação.

Nos holofotes

Laverne Cox na campanha da Ivy Park, a marca de moda streetwear de Beyoncé - Divulgação - Divulgação
Laverne Cox na campanha da Ivy Park, a marca de moda streetwear de Beyoncé
Imagem: Divulgação

Formanda na Escola de Belas Artes de Alabama em Birmingham, seu primeiro papel de destaque na TV foi na série "Orange is the New Black". A participação, inclusive, contou com a atuação de seu irmão gêmeo, que fez o papel de sua personagem, Sophia Burset, antes que ela passasse pela transição. Mas não foi fácil. Se já existem poucos papéis disponíveis em Hollywood para mulheres negras, há menos ainda para mulheres negras e trans.

"Preciso trabalhar duas, três, quatro vezes mais duro. Mas isso nunca me deu raiva. Eu aceitei que tenho que trabalhar mais", disse Laverne em entrevista à "Forbes".

Sua presença na série deu a ela mais voz para falar sobre a comunidade trans e abriu portas para que conseguisse outros papéis. Em 2014, Laverne se tornou a primeira mulher trans indicada ao Emmy, fazendo história mais uma vez. Desde então, recebeu mais três indicações e, em 2020, criticou a academia pela ausência de colegas trans na lista dos indicados.

O último papel de destaque de Laverne foi como a personal trainer Kacy Duke em "Inventando Ana'', série baseada em fatos reais sobre uma falsa herdeira que enganou a elite de Nova York. Em entrevista ao programa do apresentador Jimmy Fallon, ela contou o que a própria Kacy achou de sua atuação.

"Estava tão nervosa e ansiosa, pensando que, se ela odiasse a atuação, seria terrível. Mas ela me mandou uma mensagem fofa e flores e disse que eu arrasei. E uma de suas amigas fez um tuíte dizendo que conhece a Kate há mais de 20 anos e que eu tinha acertado muito na atuação. E pensei: 'Era isso que eu precisava'", contou.

Quebrou paradigmas

Laverne foi capa da revista "Forbes" e a primeira mulher trans a ser capa da "Cosmopolitan". També foi a primeira mulher trans indicada ao Emmy. Ela acumula conquistas para a comunidade LGBTQIA+ sem esconder que adoraria que mais pessoas como ela tivessem as mesmas oportunidades.

Tanto em suas redes sociais quanto em entrevistas, a atriz deixa claro que vive ativamente na luta pelos direitos da comunidade e usa sua voz para tentar fazer a diferença. Recentemente, quando foi aprovado um projeto de lei no estado da Flórida, nos Estados Unidos, que proibia discussões LGBTQIA+ nas escolas e ainda obrigava a instituição a contar aos pais de um aluno caso soubessem que o jovem era gay, Laverne usou as redes sociais para pedir à comunidade que se unisse para derrubar a decisão, mandando mensagens para os congressistas.

"Dizer que estou indignada e horrorizada não é o suficiente. Os projetos de lei que foram aprovados recentemente na Flórida e no Texas são um ataque à nossa comunidade e, mais importante, à juventude. Devemos criar um espaço seguro para as crianças, guiá-las e ajudá-las durante esses anos cruciais de formação", escreveu em seu Instagram.

"São leis como essas que enviam a mensagem às crianças LGBTQ+ de que há algo de errado com elas e isso lhes rouba a representação, a inclusão e os recursos que merecem. Só quero que minha família LBGTQ+ na Flórida e no Texas e em todo o mundo saiba que você é amado, e nós vamos ficar com você e por você."

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