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Paraibana que tocou com Beyoncé e Adele: 'Me belisco para acreditar'

A musicista paraibana Karoline Menezes tocou com Beyoncé na apresentação do Oscar 2022 - Acervo pessoal
A musicista paraibana Karoline Menezes tocou com Beyoncé na apresentação do Oscar 2022 Imagem: Acervo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Universa, do Recife

05/04/2022 04h00

Na sua apresentação durante a cerimônia do Oscar, em 27/3, Beyoncé cantou a música "Be Alive", que concorria ao Oscar de Melhor Canção. Junto a ela, um time de dançarinos e músicos, todos vestidos de verde limão, completavam a performance da artista. Entre eles, a violista brasileira Karoline Menezes.

Karoline conta que tocar com Beyoncé foi algo totalmente inesperado. O convite para tocar com a orquestra que se apresentou no Oscar tinha apontado outra artista. Ao chegar nos ensaios, a musicista foi informada que também acompanharia uma das maiores divas da música mundial.: "Tocar no Oscar desperta sentimentos inimagináveis. Eu ainda tenho que me beliscar para acreditar", contou a paraibana, em entrevista a Universa.

Karol, que morava e toca em Los Angeles há 13 anos, também tem no currículo apresentações com outra diva da atualidade. Ela esteve ao lado de Adele em novembro do ano passado, no especial "One Night Only Special", produzido pelo canal americano CBS.

Natural da Paraíba, ela começou a se dedicar à profissão aos 9 anos de idade. Versátil, Karol iniciou estudos no violino em uma escola de música pública de seu estado natal, mas hoje também domina a viola — instrumento que tocou ao acompanhar Beyoncé.

"Ela me surpreendeu muito. Uma das maiores artistas do mundo. Que experiência. E olhe que estou dentro desse network há muitos anos, toquei com Adele no ano passado, mas tocar no Oscar desperta sentimentos inimagináveis. Eu ainda tenho que me beliscar para acreditar, e ver os vídeos novamente"

A violista e violinista tem um dia a dia puxado nos Estados Unidos. Após anos de cursos e trabalhos, a experiência proporciona várias oportunidades. Ela divide o tempo entre gravações, apresentações e seus alunos de música.

"Ao longo desses anos, meu network cresceu muito. Minha vida profissional é bem puxada. Dou aula de música, toco, faço gravação, faço gravação para filmes etc. Ao me mudar para Los Angeles, onde resido, meu trabalho se estendeu a indústrias mais amplas, como gravação para TV e cinema e entretenimento ao vivo", explicou.

Musicista decidiu carreira aos 10 anos

Karoline relembra que não teve dificuldade para estudar música na Paraíba porque a escola que frequentou disponibilizava todos os instrumentos. Foi lá, na Paraíba, que as primeiras oportunidades surgiram.

As aulas, ensaios e apresentações, segundo ela, compreendiam a realização de um sonho. Quando pegou em um violino pela primeira vez, aos 10 anos, já sabia como seria seu futuro. Ela estudava música na Escola Antenor Navarro, em João Pessoa, e participou de vários festivais de músicas a partir dos 14 anos.

"Nessa idade, fui trabalhar com orquestras e ganhei algumas bolsas de estudo. Trabalhei para dois dos principais conjuntos da minha cidade: a Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa e a Camerata Brasílica. As apresentações não paravam e fui conhecendo pessoas, tocando em festivais a ganhando meu dinheiro. Até que fui convidada a participar de um festival de música em Santa Catarina. Lá, depois que eu toquei, fui surpreendida com outro convite, dessa vez para estudar música nos Estados Unidos", ressaltou.

Carreira internacional

Karoline Menezes no tapete vermelho do Oscar. Ela foi uma das musicista que tocou com a Beyoncé - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Karoline Menezes no tapete vermelho do Oscar. Ela foi uma das musicista que tocou com a Beyoncé
Imagem: Acervo pessoal

Em 2009, aos 20 anos, a musicista ingressou na APU (Azusa Pacific University) e na USC (University of Southern California) com bolsas integrais, onde cursou bacharelado e mestrado em performance musical, respectivamente.

Brasileira, imigrante e latina, não teve um começo fácil no novo país. Precisou enfrentar preconceitos com sua nacionalidade e falta de conhecimento do norte-americano sobre os talentos brasileiros.

"Claro que quando cheguei enfrentei dificuldades. Uma nação diferente. Outros costumes. Tive um caminho muito árduo. Cheguei a ouvir muitas coisas. As pessoas não acreditam que os brasileiros fazem música desse gênero. 'Não sabia que no Brasil tem música clássica', me disseram certa vez. 'Como você chegou aqui?', questionaram em outra ocasião", contou.

"A realidade dos músicos aqui é bem diferente. Tem muitos obstáculos para as mulheres. Nas gravações, ainda é muita gente machista. A maioria é homem. Tenho que lidar com os contratantes chamando mais homens para eventos e gravações do que mulheres. Mas a gente vai quebrando essas barreiras e mostrando nossa competência", continuou.

A paraibana tem muitos planos. Projetos que não estão restritos aos Estados Unidos. Embora já tenha toda essa experiência na bagagem, Karoline Menezes considera que ainda há muito o que vivenciar.

"Acho que isso é só o começo. Tenho muitos projetos aqui, e até no Brasil. A vida é lutar. São sementinhas para coisas bem mais legais. Acho que música tem várias funções. Eu, por exemplo, tenho me envolvido em várias iniciativas sociais e empresariais", disse.

Ações sociais

Karoline tem colaborado ativamente com organizações locais e internacionais para impulsionar a mudança social através das artes. O objetivo dela é impulsionar estratégias inovadoras de engajamento e conexão musical, além de consultoria para práticas de ensino que impactam a comunidade por meio da música.

"Mas vou trabalhar com música no Brasil também. Daqui duas semanas, estarei na Paraíba, visitando. E tocarei em Blumenau (SC) em um recital de repertório clássico", conta.