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Como criar uma reserva financeira e por que ela é essencial

Getty Images
Imagem: Getty Images

Por Luciana Mendonça

Colaboração para Universa

06/04/2022 04h00

A alta da inflação tem prejudicado o poder de compra das famílias brasileiras. Não à toa, o alto custo de vida é tema recorrente em qualquer roda de conversa. A boa notícia é que o cenário econômico tenso tem motivado muita gente a reorganizar as finanças.

Segundo dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), 47% das famílias brasileiras disseram estar poupando para uma reserva financeira, aumento de 9,3% em relação a novembro de 2020 (37,7%). Se você faz parte desse grupo, mas está perdida sobre como começar sua reserva, segue o fio.

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente o que é uma reserva financeira e qual a importância em manter uma. A superintendente acadêmica e professora de Finanças da Faculdade Fipecafi, Luciana Campos Machado, explica que a reserva financeira é um dinheiro que fica guardado para eventuais emergências —domésticas ou de um negócio. "É um valor reservado para imprevistos, que garante tranquilidade na resolução de problemas que demandem suporte financeiro." A reserva financeira é essencial para se proteger de situações inesperadas, "oferecendo segurança em situações adversas, sem comprometer a saúde financeira familiar", explica a especialista.

Para todos

Outro ponto que deve ser desmistificado sobre a criação de uma reserva financeira é a suposta necessidade de ganhar muito para economizar. Machado explica que independentemente da renda individual ou familiar, todos podem fazer uma reserva. "O hábito de economizar um percentual, regularmente, daquilo que se recebe é essencial em um planejamento financeiro."

O brasileiro, em média, ainda não possui o hábito de poupar. A pesquisa anual do "Raio-x do Investidor", realizada pela ANBIMA, dá indícios desse comportamento: em 2021, apenas 36% dos brasileiros conseguiram economizar algo.

Antes da pandemia, a mesma pesquisa mostrou, em 2019, que a maior parte dos brasileiros (38%) entrou no isolamento sem reserva financeira. "A crise que enfrentamos é um exemplo de situação imprevista que impactou a população: muitos perderam renda, emprego e não estavam preparados para isso", afirma Machado.

A depender da situação familiar de cada um, recomenda-se reservar ao menos seis meses de renda para assegurar uma proteção adequada para imprevistos. Assim, em uma situação muito adversa, como a perda total de renda, ter uma reserva financeira de seis meses, garante que você passe por um semestre com segurança, até se reestabelecer.

Independentemente do tempo, Machado defende que o importante é começar. "Ter uma reserva financeira de três meses, por exemplo, é um bom ponto de partida e melhor do que ficar totalmente desprotegido. Com metas, disciplina e constância, é possível garantir esse respaldo".

Aperta o play

O primeiro passo é elaborar um planejamento e entender qual sua situação financeira no momento. Em uma planilha ou caderno, anote o quanto você ganha mensalmente e quanto deste valor está comprometido com gastos fixos moradia (aluguel, condomínio, prestação da casa, luz, água, gás, alimentação, impostos, combustível, celular, internet, educação, plano de saúde e despesas médicas) e variáveis (esporte, lazer, manicure, academia, vestuário).

Caso os gastos estejam ultrapassando os recebimentos, é preciso checar a possibilidade de reduzir algo, olhando para seus gastos variáveis, como cartão de crédito, compras por impulso, pedidos de comida por aplicativo. Isso não significa que você não pode mais pedir uma comida diferente. Pode, mas em vez de quatro vezes por semana, que tal reservar um dia especial para isso?

Depois de ter essa visão, Machado indica que é importante criar o hábito de gerenciar as finanças, por meio de um orçamento —assim como fazem as empresas. "Com controle do orçamento doméstico, tentando estipular metas mensais que permitam guardar dinheiro regularmente, é possível chegar a uma reserva financeira adequada", aponta a professora.

Onde investir

Feito o seu planejamento financeiro, é hora de definir como você fará o dinheiro de sua reserva financeira render. A especialista pontua que ao aplicar a reserva de emergência, é preciso "focar em liquidez e não somente em rentabilidade, pois podemos precisar resgatar a qualquer momento o montante investido".

Normalmente, a primeira opção que vem à cabeça, quando pensamos em guardar dinheiro é a poupança. Apesar da facilidade em resgatar o dinheiro, a poupança tem uma rentabilidade muito baixa em relação a outros investimentos.
Atualmente, boas opções de investimentos que garantam resgate ágil, com rentabilidade competitiva são: o Tesouro Selic, Certificado de Depósito Bancário (CDBs), Fundos de Renda Fixa Referenciados DI (FDI), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

"Imprevistos acontecem e ninguém está a salvo deles, manter uma reserva garante não apenas que mantenha seus gastos essenciais, como garante mais tranquilidade para resolver problemas. Só isso já é razão suficiente para que se sinta motivada a começar a sua", finaliza.