Auxiliar agredida: 'Todo jogo ouço algo, mas agressão física me assustou'
Mesmo ciente de que enfrentaria um ambiente machista quando escolheu ser auxiliar de arbitragem, Marcielly Motta, 29 anos, nunca imaginou que iria sofrer uma agressão física em campo como a deste domingo (10), quando o então técnico da Desportiva Rafael Soriano a agrediu com uma cabeçada no intervalo da partida contra o Nova Venécia, pelo Campeonato Capixaba. Ele foi suspenso, demitido e, apesar das imagens mostrarem claramente seu ato, negou ter feito algo e disse que Marcielly "está querendo aproveitar de uma situação porque é mulher".
"Está gravado, então minha consciência está tranquila, já a dele eu não sei se está muito", disse a bandeirinha a Universa na manhã dessa segunda-feira (11). Ela registrou um boletim de ocorrência logo após o jogo.
Nascida e criada em Colatina, município a 135 quilômetros de Vitória, Marcelly, que também é a atleta de handebol, disse estar assustada não somente com a agressão, mas com a repercussão do caso. Mesmo assim, não vai desistir da carreira. Até porque, ela frisa, é frequente a violência de gênero pela qual passa dentro de campo.
"Praticamente em todo jogo falam coisas baixas pelo fato de ser mulher, tenho até vergonha de repetir. Além do assédio, de torcida a jogador. Mas esse tipo de agressão foi a primeira vez, e foi a que mais me assustou."
A gente acaba ignorando, mesmo sabendo que é errado, mas se for relatar todo mundo é complicado
Apesar das violências, Marcielly conta com o apoio da família, para quem ligou assim que acabou a partida. "Eu tenho certeza de que eles têm muito orgulho do que eu faço". E por eles, além do amor pela profissão, não vai jogar a toalha.
"Nunca pensei em deixar de ser árbitra por conta disso. E é isso que me motiva ainda mais, porque aí vejo que posso fazer tudo, e tenho muita coisa ainda pela frente. Vou continuar com os mesmos objetivos", avisa ela, que tem ainda a reta final do Campeonato Capixaba pela frente.
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