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Evento reúne mulheres negras para debater espaço no mercado de trabalho

Ana Minuto, uma das organizadoras do evento, quer conectar mulheres negras no mercado de trabalho - divulgação
Ana Minuto, uma das organizadoras do evento, quer conectar mulheres negras no mercado de trabalho Imagem: divulgação

Nathália Geraldo

De Universa, em São Paulo

12/04/2022 16h19

Colocar mulheres negras no palco para falar de suas experiências de carreira e de como a chegada de uma a um lugar de decisão pode ser sinônimo de conquista para muitas outras. Essa é a proposta do evento Potências Negras, que acontece on-line e de graça nesta quarta-feira (13), reunindo palestrantes e participantes para discutir "como enegrecer os ambientes corporativos, principalmente com mulheres", afirma Ana Minuto, uma das criadoras do evento e especialista em diversidade e inclusão.

A programação traz mulheres negras que ensinam sobre carreira, liderança, finanças e comunicação para falar para um público nem sempre incluído em eventos de grande porte sobre negócios. Nos painéis, que serão transmitidos pelo YouTube, há temas como "Negras na liderança", "Como construir uma cultura inclusiva" e saúde mental. Veja mais sobre as atividades a seguir.

Potências Negras: evento gera conexão entre mulheres negras

Com dez horas de duração e totalmente gratuito, o evento reúne mulheres inspiradoras em suas áreas para falar sobre mercado de trabalho e as dificuldades enfrentadas duplamente por elas, que sofrem com o racismo e o machismo estruturais. Para a jornalista e consultora de comunicação antirracista Monique dos Anjos, que fará uma apresentação sobre comunicação pessoal e posicionamento, o "Potências Negras" é uma oportunidade de diálogo entre aquelas que estão diariamente inseridas em contextos historicamente hostis à presença delas.

A disparidade e a invisibilidade, aliás, estão em dados. Segundo pesquisa "Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho", apesar de mulheres negras serem 28% da população brasileira, elas possuem a menor presença em cargos de liderança. Em São Paulo, por exemplo, em 2020, representavam apenas 7% das contratações nas empresas.

Agora é o momento de analisar os impactos disso especificamente entre mulheres negras. "Nós que trabalhamos com letramento racial e orientação sobre relações étnico-raciais e luta antirracista geralmente conversamos só com pessoas não-negras para orientar. É um caminho válido, mas me enche de orgulho saber que essas falas são dirigidas especificamente por mulheres negras", explica Monique. "Falar sobre como enfrentar ambientes corporativos hostis que em geral são extremamente racistas, sexistas e com uma série de preconceitos é muito revigorante."

Uma das estratégias que discutirá com o público, diz, é a do posicionamento estratégico frente às possíveis experiências de invisibilidade e exclusão. "As falas que são direcionadas para nós são resultado de uma construção problemática, racista, que vem crescendo há anos", comenta. "É recente o processo de que mulheres negras estão em posição de fonte de informação, de serem reconhecidas como detentoras do conhecimento. Isso pode causar estranhamento, mas a gente precisa fazer uso dessa oportunidade de ter a voz sendo ouvida."

Além das falas, Ana Minuto explica que haverá espaço para networking e oferecimento de 500 vagas de emprego durante o evento que tem a potência de reunir referências como a escritora e psicanalista Elisama Santos, a ativista Letícia Carolina Nascimento e a CEO da UX para Minas Pretas, Milca da Silva. "Proporcionamos encontro com empresas, para mostrar para a sociedade que a gente não fala só de discriminação, racismo e dor. A gente pode falar de qualquer assunto e esse evento de dez horas é a prova".

Potências Negras: como assistir

O evento acontece das 9 às 18 horas e a inscrição gratuita pode ser feita pelo site. A realização é da Escola Profissas e de Ana Minuto, especialista em diversidade e inclusão com mais de 25 anos de experiência. Todas receberão certificado de participação e o conteúdo ficará disponível para consulta por 30 dias.