Pulseirinhas e dark room: toda casa de swing é como Jessi contou no 'BBB'?
Antes de ser eliminada do "Big Brother Brasil 21", Jessilane contou em um papo com os brothers que costumava frequentar casas de swing com um parceiro. Num primeiro momento, a ex-BBB disse que foi ao evento sem saber que estava sendo levada por amigas para uma festa desse tipo, até chegar na área "liberal" do ambiente. "Tinha um espaço com cabines e um vidro no meio, com uma cama redonda. Quem estava de um lado conseguia ver do outro. E a galera estava lá, numa 'pegação' louca".
Depois da experiência, se sentiu confortável (e com desejo) de ir para observar outras pessoas se relacionando sexualmente. Até que, com um namorado, aproveitou para viver as experiências sexuais disponíveis para quem embarca em troca de casais e na realização de fetiches com uma ou mais pessoas.
O trecho da conversa entre os BBBs foi parar em uma conta do TikTok:
Jessi descreveu as áreas com labirintos, cabines fechadas e contou até sobre um sistema de "pulseirinhas" que indicava como cada convidado topava se relacionar com os outros frequentadores. Ficou curioso? A influencer liberal e fundadora da Voluptas, uma sociedade de swing em São Paulo, Camila "Voluptas", explica como funciona cada espacinho descrito pela ex-BBB.
Casa de swing: o que acontece que ninguém nos conta
Pode ir só para assistir? Como saber quem está lá para trocar de casal ou está solteiro? Camila Voluptas explica que há algumas formas de os frequentadores se comunicarem para que ninguém fique perdido em meio a tantas opções para explorar a sexualidade. Vale dizer que todos os envolvidos precisam topar a prática, seja fazer sexo na frente de outras pessoas, trocar de casal ou participar de ménages (com duas mulheres ou com dois homens).
"Há códigos de conduta. Se eu me interessar por um casal ou solteiro/solteira, por exemplo, demonstrarei isso com contato visual. Se esse contato não se perde, vamos nos aproximando, e geralmente tocamos nas mãos uns dos outros. Se eu toco na mão de uma esposa e ela vira e segura minha mão, me sinto confortável para investir, pois ela deixou claro que está afim", descreve.
As práticas
A distribuição dos convidados nos ambientes, para casais ou para solteiros, também já facilita a identificação do que cada pessoa está disposta a fazer. Mas, sim, as "pulseirinhas", como aquelas que usamos para área VIP em casas noturnas, também são um tipo de código para alinhar o que poderá rolar nas festas.
No exemplo que ela enviou para Universa, há escolha entre "bate-papo", "ménage feminino", "ménage masculino", "exibicionismo", "somente casal" e "liberty". "Os casais amavam, pois se sentiam seguros", contou a influenciadora.
Os ambientes
Os clubes de swing, diz Camila, costumam ter espaços para que a fantasia e a libertação sejam estimuladas entre os convidados. Por isso, labirintos, em que as pessoas passam muito próximas umas das outras, para sentir o cheiro e o corpo, quartos com paredes de vidro e cabines para casais que podem receber "intervenções" de quem os assiste são comuns.
"O labirinto é um dos principais atrativos, é um lugar apertado para justamente as pessoas se esbarrem. Ali, dá para saber se vai ter química entre elas ou não. Também há quartos fetichistas, de BDMS, por exemplo, e o 'dark room', que é um espaço completamente escuro onde fica muita gente junto".
Quem se excita com o voyeurismo, prática que gera prazer ao ver outras pessoas transando, também tem vez em casas de swing.
Camila assinala que ir só para dar uma espiadinha, como fez Jessi na primeira visita à casa de swing, é válido. A curiosidade, diz, é quase sempre o pontapé para entrar no mundo liberal.
Na opinião da influenciadora, aliás, a mudança de cenário também influencia para que mais gente se interesse pela liberdade sexual nesses moldes. "Na cena da Jessi, no BBB, ela falava e as pessoas faziam uma cara de: 'Que horror'. Mas, o cenário liberal está mudando, não é mais como acontecia nos Estados Unidos, tirar a roupa, colocar um roupão e pronto. Cada vez mais há baladas liberais, em que as pessoas vão inclusive só para dançar e curtir".
E casa de swing é "lugar de mulher"?
Camila explica que o fato de a sociedade ser machista e colocar sobre a mulher estereótipos ligados à sexualidade faz com que, muitas vezes, elas sejam vistas como um "objeto" pelos parceiros que as levam.
"Particularmente, não vivi isso porque construí um relacionamento liberal com meu parceiro, sempre dividimos os receios e nos respeitamos. Mas vejo algumas mulheres que não são felizes no movimento liberal, porque estão ali para agradar o marido; achando que se submeterem a isso fará com que eles não traiam. O que digo para elas é que não vale se anular para agradar o homem."
Do mesmo modo, quando se sentem livres para falar da experiência, como Jessi fez no reality show, são criticadas ou julgadas pelo comportamento sexual.
No entanto, se você sente vontade de realizar seus fetiches, quer descobrir novas formas de prazer com o parceiro ou parceira, a vergonha e a culpa precisam ser deixadas de lado.
Descobrir como se sentir solta para o jogo erótico faz parte da estratégia para se preparar para a festa. Depois, entenda as regras do evento: se você tem vergonha de explorar a sexualidade na frente dos outros, poderá começar aos pouquinhos, usando os "glory holes" (em tradução literal, "buracos da glória"), por exemplo, que são cavidades nas paredes. Por elas, você poderá apenas tocar ou ser tocada por alguém sem mostrar o rosto. Uma forma de entrar na brincadeira sem se expor tanto.
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