Medina fala em tempo: qual melhor tática pra resolver conflitos familiares?
Nos últimos dois anos, Gabriel Medina e sua família não saíram dos holofotes. E os motivo não são dos melhores: brigas, separações, indiretas e rompimentos. O atleta, que ficou casado com a modelo Yasmin Brunet neste período, rompeu laços com a família, trocou de treinador, parou de falar com a mãe e não compareceu a algumas etapas do torneio mundial de surfe. No começo dessa semana, ele deu uma entrevista ao UOL Esportes dizendo que as coisas vão se acertar e que ele leva tudo para o lado da paz.
Mas brigas familiares não são exclusividades dos famosos. É quase impossível existir uma família onde não haja conflitos. "Nós podemos fazer boa gestão desses conflitos para que eles não levem a rupturas das pessoas envolvidas. Mas eles são inevitáveis porque as pessoas mudam ao longo do tempo", diz a psicóloga especialista em trauma, Ediane Ribeiro. Ela ainda atrelar esses problemas ao fato das pessoas passarem por etapas de desenvolvimento e formação de personalidade, que as levam a escolhas e crenças diferentes de sua família.
A possibilidade de conflito fica ainda mais aflorada quando, além da vida pessoal, há trabalho e carreira envolvidos - como é o caso do surfista. "Quando a família tem dificuldade de conversar e expressar opiniões individualmente, conflitos acontecem"
"Os pais, às vezes, têm dificuldade de perceber que os filhos cresceram, têm opiniões próprias e querem tomar decisões. Isso é ainda mais comum se eles trabalham juntos e têm dificuldades de estabelecer limites entre família e negócios", diz Carolina Mirabeli, psicóloga clínica e consultora de desenvolvimento e carreira.
Para Liliana Seger, doutora em psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP, é como um plano de carreira. "As pessoas querem crescer, ter um cargo de chefia, e assim como em uma empresa, muitas vezes se sentem intimidadas e desvalorizadas. E daí vem o conflito", diz. Isso acontece principalmente em relações entre pais e filhos.
Traumas e mágoas
Apesar de acontecerem de forma mais intensa na infância, há também a possibilidade de desenvolvermos traumas deste tipo de relacionamento na vida adulta. O que precisamos é saber identificar o que nos levou ao limite para conseguir superar essa fase. E, sim, é possível voltar a ter uma relação com os familiares com os quais brigamos de forma saudável.
"A ruptura já é uma etapa do processamento deste trauma. Quando o sistema familiar é forte, se distanciar é uma parte necessária de superação para ambas as partes. Se acontecer um amadurecimento emocional nesse período, é possível acontecer uma nova aproximação, iniciando a relação de um outro ponto, onde não há controle nem dependência, e sim, um vínculo afetivo", diz Ediane.
De nada adianta ficar sem falar com a pessoa por anos e continuar remoendo a mágoa, sem pretensão de superá-la. É importante pensar e refletir sobre como devemos voltar melhor em uma nova etapa.
Junto com os traumas vêm as mágoas - e essas, talvez, sejam ainda mais difíceis de deixar para trás. "O importante é conseguir expressar para a outra pessoa o seu sentimento sobre a situação. Dialogar é sempre a melhor opção. O que guardamos, continua a viver dentro de nós na mesma intensidade. Não importa a distância que estamos da pessoa", diz Carolina. Remoer o passado, além de continuar impactando em todas as áreas de nossa vida, também nos impede de superar os problemas.
Nesses casos, procurar ajuda terapêutica é uma ótima opção - inclusive, em família. "Nele conseguimos entender, ser mais empáticos, ver traços que são características do outro. As mágoas trazem mudanças em nosso comportamento. Faz com que as pessoas se afastem e, dependendo das personalidades, esse rompimento não tem volta. Em duas ou três sessões de terapia familiar isso já toma outras proporções", completa Liliana.
Como impor limites
Com a conversa e terapia em dia, o que nos falta em meio aos conflitos familiares é aprender a colocar limites nas intrusões e palpites - de um na vida do outro. E isso se torna ainda mais necessário quando o parceiro é parte central deste conflito. "Desde que a humanidade existe, nas abordagens mais clássicas da psicologia, se tenta entender a relação conjugal e familiar", diz Ediane.
A especialista diz que as relações a dois costumam afetar o comportamento dos integrantes do casal, o que pode refletir na forma como a pessoa se comporta junto a família, afinal, ela está em uma fase de construir um novo núcleo. "Só exige relação saudável se ela tiver limites claros", completa.
Ela ainda explica que é comum que o cônjuge seja "culpado" por essa mudança de comportamento, quando na verdade, é apenas a pessoa, que muitas vezes, está passando por uma fase de amadurecimento. "As relações emocionais alteram a nossa percepção. Então, as mães podem achar que a esposa está influenciando o filho, quando ele está amadurecendo. Como a mãe não viu esse processo acontecer, porque é algo interno, ela atrela a mudança às novas relações", diz Ediane. É claro que existem parceiros manipuladores que podem ser pilares determinantes na mudança da pessoa. Mas nem sempre é assim.
Para Carolina, os parceiros são parte da família e têm direito a expressar suas opiniões. O importante é que a outra parte do casal saiba fazer esse meio de campo da conversa. "Isso pode aquecer ainda mais o drama, por isso o diálogo é importante", diz. Se a pessoa faz parte do conflito, ela pode opinar, mas o que vale no final são as relações familiares que já estavam estabelecidas na situação, completa a especialista.
Já Liliana, acredita que os conflitos precisam ser resolvidos dentro do núcleo familiar, sem a participação de terceiros. "Quando parceiro, nora, genro, padrasto, madrasta entram na briga, é pior. Por mais que eles tomem partido, é melhor deixar as pessoas resolvem em casa", diz.
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