Mulheres denunciam motoristas de app no Rio: 'Tentou nos drogar com spray'
A empresária J.L.*, de 34 anos, denunciou na tarde desta terça-feira (3) à Polícia Civil do Rio de Janeiro que um motorista de aplicativo tentou drogá-la durante a viagem. Segundo ela, o condutor disparou um spray com efeito atordoante direcionado apenas para a parte de trás do veículo.
J. afirma que, na sequência, sentiu a vista escurecer e a pressão baixar em poucos segundos. "Foi tudo tão rápido. Ouvi o spray e um segundo depois senti a pressão na cabeça. Logo depois fiquei tonta. E já abri o vidro. Minha única preocupação foi não desmaiar ali no carro", conta, em entrevista a Universa. J. solicitou um Uber Comfort por voltas das 11h da segunda-feira (2) para do bairro de São Conrado até Barra da Tijuca.
No momento que começou a ficar tonta, a empresária começou a procurar um local para saltar do carro. "Fiquei olhando onde poderia pedir que ele parasse. Não queria demonstrar medo para ele. Percebi que ele desacelerou o carro, como se estivesse ganhando tempo para que aquilo que soltou fizesse efeito", lembra.
Mais à frente, J.L. avistou um posto de combustíveis e solicitou que o condutor encostasse para que ela pudesse comprar água. A empresária lembra que o motorista ainda tentou convencê-la a não parar.
"Quando chegou perto já pedi para encostar com minha porta meio aberta. Pensei que se ele não parasse, eu pularia. Quando eu desci, fui direto para a conveniência, contei o que tinha acontecido para a atendente do caixa e pedi para que me avisasse quando ele fosse embora", continuou.
A mulher registrou queixa na delegacia. De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o caso foi acolhido pela 12ª Delegacia de Copacabana, que encaminhou os fatos para o para o Jecrim (Juizado Especial Criminal). A corporação acrescentou que tanto a denunciante quanto o condutor já foram ouvidos. E que a empresária realizará um exame toxicológico.
Universa procurou a Uber para buscar um posicionamento sobre a denúncia. Por meio de nota, a empresa disse que trata todas as denúncias com a máxima seriedade e avalia cada caso individualmente para tomar as medidas cabíveis.
"A empresa permanece com seu canal de ajuda sempre aberto para oferecer suporte e receber denúncias pelo aplicativo e informa que segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, na forma da lei", diz o pronunciamento.
Outros casos
A empresária afirmou a Universa que o caso dela não é inédito. Após fazer a denúncia nas suas redes sociais, J.L. recebeu relato de diversas mulheres que passaram por perigo semelhante.
"Mais de 15 meninas na mesma situação me procuraram. É uma história tão doida que as pessoas não acreditam. Duvidam de mim, dizem que foi crise de ansiedade. Recebi várias mensagens de gente me chamando de maluca. Que bom que outras mulheres estão dizendo que com elas aconteceu do mesmo jeito", ressaltou.
Entre as mulheres que empresária cita está a cirurgiã-dentista L.N.*, 23. A Universa, a jovem lembrou os momentos de medo que passou na semana passada junto com três amigas, em um veículo da 99Pop.
L.N. e as amigas pegaram o carro na última sexta-feira (29), às 18h17. Embarcaram da Barra com destino ao Recreio, também no Rio de Janeiro.
"O que amenizou foi que estávamos em três. Quando entramos no carro, o motorista perguntou se ninguém iria na frente. Dissemos que não e ele indiciou a corrida. Ao chegar perto do Barra Shopping, ele abriu a janela dele e colocou um monte de papel em cima do carro. Super estranho. E quando já estava pegando a praia, começou a jogar o spray", disse.
A cirurgiã-dentista foi a primeira das passageiras a perceber a atitude suspeita do condutor. Ela lembra que o limite de velocidade na via era 60 km/h, mas o veículo seguia a menos de 30.
"Dava para andar mais rápido, e ele muito devagar. E eu percebi que passava a marcha com um frasco na mão. Ele apontou aquele frasco para o lado e começou a espirrar aquilo. Era um cheiro tão forte que a gente ficou sem ar. Ele espirrava de lado repetidamente para o vento levar para trás e não pegar nele", continuou.
L.N. lembra que virou para as amigas e alertou para que abrissem as janelas rapidamente. O homem, segundo ela, continuou a espirrar o produto não identificado.
"Quando abrimos a janela, ele continuou, mas estávamos quase que com as cabeças para fora e chegamos em casa. Eu comuniquei a 99Pop, que disse que iria bloquear ele para minhas corridas", destacou.
Universa procurou a empresa 99Pop, que prometeu emitir um posicionamento. No entanto, o comunicado não havia chegado até a publicação desta matéria.
*nomes preservados a pedido das entrevistadas
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