'Genitor me pediu para abortar e só assumiu nosso filho após teste de DNA'
"Eu me relacionei com o pai do meu filho uma única vez e o preservativo furou. Não percebemos o que tinha acontecido e acabei engravidando. Quando descobri que estava grávida, foi um choque. Achei que não fosse possível. Fiz o teste de farmácia e achei que estivesse errado. No outro dia, ao fazer um exame transvaginal, veio a confirmação da gravidez. Foi barra pesada.
Depois de uma semana, fui avisar que estava grávida para o homem com quem tinha me relacionado. Ele me humilhou e pediu para que eu abortasse. Na época, estava de cinco semanas. Ele chegou a falar que um filho estragaria meu corpo. Após esse episódio, ele sumiu, não me procurou mais.
Fui para casa, estava desorientada e conversei com a minha mãe. Ela disse que a decisão era minha e fiquei a noite inteira pensando. Decidi não tirar meu filho. Fui levando a gravidez sozinha, mesmo tendo muito medo do preconceito e do julgamento das pessoas. Meu maior medo era da minha própria família e o que eles poderiam fazer e falar.
Meus amigos se afastaram. Eu chorava todos os dias e tinha crises de ansiedade. Foram os nove meses mais difíceis da minha vida. Meu corpo começou a mudar e meu brilho tinha sumido. Eu não estava feliz.
Eu me sentia para baixo e decidi compartilhar minha história nas redes sociais. Em pouco tempo milhares de mulheres que passavam ou já haviam passado pelo mesmo que eu começaram a se identificar.
'Registrei meu filho sem o nome do pai'
No dia em que tive o Bryan, fiquei receosa, porque algumas pessoas diziam que eu não poderia sair do hospital sem a assinatura do pai. Mas não foi assim. Eu o registrei ali mesmo e em momento algum a funcionária perguntou sobre a existência de uma figura paterna e eu não fiquei constrangida.
Quando o bebê nasceu, tinha o pensamento de que iria criar meu filho sozinha, mas não foi do jeito que eu esperava. Lembro que não senti um amor. A ficha de que eu estava me tornando mãe ainda não tinha caído. Isso só aconteceu depois de um mês.
Quando meu filho estava com seis meses, pensei em ir atrás do pai dele, pois era muito difícil do ponto de vista financeiro e mental. Muitas pessoas falavam que era um direito meu e que eu deveria fazer isso. Eu enviei a foto do bebê por mensagem e ainda escrevi: 'ainda bem que não tirei'. Na hora ele me perguntou se era dele mesmo e disse que o Bryan era lindo.
Decidi entrar na Justiça e pedir o reconhecimento, mas o processo foi muito demorado e acabei desistindo. Resolvi optar pelo teste de paternidade e pedi para que o genitor fosse comigo. Ele ficava enrolando e muitas vezes alegava que tinha muito trabalho.
'Vídeo no TikTok teve 22 milhões de visualizações'
Marcamos de fazer o teste de paternidade em março, depois de um ano e oito meses. Quando ele chegou ao local, pegou o Bryan no colo, ficou olhando e falando com ele. Como já tinha as redes sociais e mostrava toda minha rotina de mãe solo, postei o vídeo e nem esperava que fosse ter uma repercussão tão grande. Como falei, muitas mulheres se identificaram comigo e queriam saber sobre o teste de DNA. A postagem viralizou rapidamente no TikTok e chegou a bater 22 milhões de visualizações.
Depois que fizemos a coleta de sangue, tivemos de esperar 12 dias úteis. Durante esse período, ele chegava a perguntar do menino, pedia fotos e só. Quando o resultado saiu, eu o avisei e ele foi em casa ver o bebê. Na hora, demonstrou felicidade e interesse, mas depois sumiu. Até hoje ele não mantém contato e viu o meu filho apenas duas vezes.
Depois que viu a postagem, o pai do meu bebê disse que iria me processar, apesar de eu não ter mencionado o nome dele nem divulgado imagens. Ele afirmou que o expus e que inventei tudo. Desde então, eu o bloqueei e hoje ele só fala com a minha mãe.
Ele começou a pagar pensão depois do teste de paternidade e acha que só por isso já está fazendo seu papel de pai.
No momento, eu trabalho com criação de conteúdo, fazendo vídeos e, às vezes, parcerias e trabalhos com marcas específicas. Dessa forma, consigo recursos para cuidar do meu filho. Também fiz curso de DJ e, quando ele ficar maior, pretendo seguir na carreira.
Criar um filho sozinha é muito difícil e a parte mais complicada é educar. Mas também há muito julgamento, principalmente de outras mulheres.
Eu levanto a bandeira de que a mulher não precisa do homem, mas quando envolve filho, os dois têm de assumir a responsabilidade."
Thaty Luz, 29 anos, criadora de conteúdo, de Brasília (DF)
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