Nas redes, elas dividem rotina com filhos e são acolhimento a outras mães
O que ninguém conta sobre a maternidade? Muitas vezes retratada como sinônimo de força, garra, amor incondicional, disponibilidade e dedicação irrestrita aos filhos, essa aura de perfeição acaba produzindo uma visão romantizada sobre o que é ser mãe.
Mostrando o mundo real de quem tem filhos, as dores, os desafios e as transformações que enfrentam, muitas mulheres têm usado o Instagram para contrapor a idealização da maternidade. São mães "de carne e osso", que trazem outro olhar sobre a vivência materna. Universa traz uma seleção com cinco perfis de "influenciadoras da maternidade" para você conhecer.
Como criar quatro crianças: "O caos e a delícia"
A educadora parental Lua Barros é mãe de quatro crianças: João, 13; Irene, 9; Teresa, 8; e Joaquim, 4. Em seu perfil (@luabarrosf), ela compartilha o caos e ao mesmo tempo as delícias dessa maternidade, como explicou para Universa.
"Há dias mais intensos, outros mais leves. Hoje, tenho a sensação de que a fase mais pesada fisicamente já passou e eu consigo curtir muito esse meu papel de mãe". Ao mostrar no Instagram sua relação com as crianças, Lua reflete sobre as cobranças sociais em relação à figura materna como se houvesse um jeito certo de ser mãe.
Em um post, por exemplo, sobre o ato de em casa a garotada arrumar a própria mala, ela convida a repensar o estereótipo de que a mulher tem que ser a cuidadora do lar e fazer tudo para os filhos, mostrando que dividir tarefas e chamar os pequenos também à responsabilidade não tem a ver com ser uma boa ou péssima mãe.
"Xodó das mães" e a diversidade
Morando em São Paulo e casadas há 6 anos, Pri Annunciato e Joy Ribeiro são mães dos pequenos Alice, 3, e Gael, 1. Ambos foram adotados pelo casal, ainda bebês: a menina, com 2 meses de vida, e ele, quando tinha 8 meses. No perfil @xododasmaes, as duas compartilham o dia a dia com as crianças e os aprendizados no exercício dessa dupla maternidade.
As mães dizem que o perfil é uma forma de conexão e diálogo com pessoas que pretendem adotar e com diferentes tipos de famílias: de dois pais, duas mães, com filhos adotivos etc. Além de responderem dúvidas sobre adoção, em suas postagens, Pri e Joy falam também sobre diversidade, representatividade negra, LGBTQ+ e respeito às múltiplas configurações familiares.
A mãe atípica e a visibilidade
Mãe da pequena Antonia, 5, a jornalista Maria Karina usa o perfil @mariadeantonia para falar sobre os desafios de ser mãe de uma criança atípica. A menina foi diagnosticada aos sete meses com Langer-Giedion, uma síndrome rara que causa deficiências físicas e cognitivas. Aos 3, descobriram que ela também tem autismo.
De Euclides da Cunha, no interior da Bahia, Maria Karina escolheu o nome do perfil em referência ao modo como as pessoas costumam se apresentar na região: pela filiação, só que, neste caso, ao contrário, de mãe para filha. Em vez de Antonia de Maria, é Maria de Antonia.
Nas suas publicações, a baiana fala sobre preconceito, aceitação, a idealização de ter filhos como os das capas de revistas e o estigma de ver as crianças com deficiência como fardo ou problema.
Pelo fim da romantização de ser mãe
De Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, a fotógrafa Andressa Reis (@andressareiis) é mãe dos pequenos Maria, 4, e Caetano, 2. Seu primeiro filho, Pedro, faleceu aos três meses de vida devido a uma cardiopatia congênita. Em seu perfil, ela busca desmistificar a romantização em torno da maternidade, sempre de forma bem-humorada.
A ironia fina de Andressa já começa na sua descrição do Instagram, onde se apresenta como: "Não faço nada o dia inteiro, só crio crianças incríveis". É com esse tom debochado que ela aborda desde temas espinhosos como solidão materna, ausência de rede de apoio, exaustão e sobrecarga mental até os perrengues diários na rotina com os pequenos e os julgamentos que rondam a maternidade.
Em um de seus vídeos, por exemplo, ela reflete sobre como é difícil ser mãe numa sociedade em que há conselhos, cobranças e palpites sobre elas o tempo todo.
Maternidade é maternidade
A baiana Kandre Requião é mãe de duas crianças: Bernardo, 10, que adotou junto com o marido quando a criança tinha 6 anos, e Liv, 3, de quem ficou grávida dois meses após a adoção. Para ajudar a desfazer preconceitos sobre o tema e mostrar que a maternidade não é somente uma relação sanguínea, ela criou o perfil @adoteimeusfilhos.
"Após o nascimento da minha filha, ouvi inúmeras vezes que, só a partir de então, eu iria entender o que é ser mãe de verdade, sendo que eu já era mãe do Bê há um ano. Assim, passei a compartilhar também como as pessoas enxergavam a adoção do meu filho como algo inferior", diz Kandre.
No perfil, ela traz desde dicas sobre como funciona o processo de adoção até o que não falar para pais e filhos adotivos. Em muitas publicações em vídeo, Kandre conta ainda com a fofurice do Bê para quebrar estigmas como o de que filhos biológicos e adotivos são tratados de formas diferentes.
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