Ir a show com 39 semanas de gestação? Especialista comenta se é seguro
No sábado (7), a tatuadora Joice Figueiró, 31 anos, que estava grávida de 39 semanas de seu segundo filho, deu à luz em pleno estádio Couto Pereira, em Curitiba, durante o show da banda de rock Metallica. O pequeno Luan nasceu às 23h15 e "3 músicas antes do show acabar, ao som de Enter Sandman", afirmou a mãe em um post no Instagram.
Joice havia comprado os ingressos muito antes de engravidar, há mais de 2 anos, mas a turnê dos músicos americanos acabou sendo adiada por causa da pandemia. Quando finalmente chegou o dia do show, ela checou com sua obstetra se era seguro ir. "Ela me disse que se eu tivesse me sentindo bem e ficasse na área de pessoas com deficiência, onde não ficaria apertada e teria lugar pra sentar, não teria problema", afirmou, em entrevista a Universa.
A médica passou informações direcionadas. "Ela falou que lá tinha uma ambulância e que poderiam me levar rápido ao hospital caso fosse necessário. Ela estava no show também e até brinquei que ligaria para ela se precisasse, mas nem levei o contato porque não achei que ia precisar", diz.
Joice começou a sentir contrações durante a apresentação e quando faltavam apenas três músicas, avisou o marido que não ia dar para esperar o fim do espetáculo. A bolsa estourou a caminho do ambulatório. Quando a médica disse que iam leva-la de ambulância ao hospital, já não dava mais tempo. O bebê nasceu ali mesmo.
Ela confessa que se assustou, afinal, estavam em um estádio de futebol e sem recursos. Mas o parto foi tranquilo e rápido. "Depois que a bolsa estourou, eu já comecei a sentir as dores da expulsão. Ele nasceu rapidinho, não teve lacerações, foi ótimo. Ele é muito calminho para quem nasceu naquele sufoco. Nossa recuperação está sendo tranquila", conta.
Joice tem um filha mais velha, Letícia, de 3 anos, que também nasceu de parto normal. "Eu sabia que tinha chances de nascer, mas não tão rápido. Da minha outra filha, fiquei 36 horas em trabalho de parto. Depois que começaram aquelas pequenas cólicas, ainda demorou para a chegada dela. Achei que as contrações iam evoluir, mas que iam demorar, não que a bolsa fosse estourar e ele nascer ali mesmo"
É seguro?
Joice é muito fã da banda e estava disposta a ir ao show de qualquer jeito. "Nós somos muito fãs e era a primeira vez que eles viriam para Curitiba. Como é uma banda antiga, pode ser que nem voltem mais, era nossa única chance", diz. Com o ok da sua médica, não havia nada que a impedisse de ir.
A ginecologista Larissa Silva e Silva, do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista, confirma que, em teoria, não tem nada de errado seguir com atividades normais até o momento do parto, quando a gestação evoluí sem riscos. A gravidez, quando contada em semanas, pode levar até 42 para a chegada no bebê - sendo seguro o nascimento a partir da semana 37. Sendo assim, apesar de Joice estar em uma janela propícia para o parto, ela poderia ter muitos dias pela frente antes de dar à luz.
"Ela teve um trabalho de parto de evolução rápida, que é como consideramos aqueles que duram menos de quatro horas. Não é habitual, mas pode acontecer. E muitas vezes, quando acontece, a paciente não tem tempo nem de chegar ao hospital. Eu mesma já fiz parto em diversas situações no estacionamento do Pronto-Socorro", conta a ginecologista.
Para ela, o mais importante é estar alerta aos sinais que o corpo dá e procurar uma maternidade assim que que notá-los. "Se a paciente tiver, por exemplo, antecedentes de parto normal, o segundo filho pode nascer de forma mais rápida. O mais importante é prestar atenção ao corpo, mais do que na idade gestacional", diz Larissa.
A expectativa dos pais do pequeno Luan cresça e se torne fã da banda que foi trilha sonora —ao vivo— do seu nascimento. "Tudo o que a gente fez, o sofrimento. Se fosse comigo, eu ia gostar. Espero que ele também", afirma Joice.
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