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Enchente no motel e dente quebrado: dates que não saíram como esperado

Dente quebrado, calça rasgada, assalto, banheira do motel que transbordou... Mulheres contam experiêcias inusitadas que viveram com dates  - Acervo pessoal
Dente quebrado, calça rasgada, assalto, banheira do motel que transbordou... Mulheres contam experiêcias inusitadas que viveram com dates Imagem: Acervo pessoal

De Universa, São Paulo

16/05/2022 04h00

"Cada vez que você sai para encontrar alguém é uma jogada no escuro. Por mais que você converse, nunca sabe se vai dar química", diz a autora Luciana Borges que escreveu o livro "Depois de Tudo, Queime" (Mariscos Edições) para falar sobre histórias de encontros amorosos.

Na obra, Luciana escreveu alguns contos no formato de autoficção: um pouco inspirado no que ela mesmo viveu e um pouco de histórias inventadas. "As mulheres vão a encontros esperando, pelo menos, viver bons momentos. Mas no livro não tem apenas histórias legais."

Em um encontro em Porto, Portugal, ela já tinha percebido que não estava rolando química com o cara e disse que ia embora. Depois de muita insistência dele, acabou aceitando ser acompanhada até seu hotel. Chegando na porta, ele se viu no direito de subir para o quarto e não aceitava não como resposta.

"Ele disse, e me lembro bem: 'Você me fez vir até aqui e eu não vou subir?'. Comecei um embate com ele na porta. Tinha dito que não precisava de companhia mais de 20 vezes. Era uma da manhã, e eu estava sozinha. Fiquei com medo de ele forçar a porta e entrar comigo", conta. Felizmente, não foi o que aconteceu. Mas, da janela do quarto, ela notou que ele rondou o local por um tempo.

Em contrapartida a essa história de terror, Luciana conheceu um argentino com o uso de aplicativo e acabou criando uma relação a distância com ele por cerca de dois anos. Essa história está em aberto até hoje. "Ele morava em uma cidade a três horas de Foz do Iguaçu e a meia hora do Paraguai, um lugar totalmente novo para mim. Esse relacionamento nunca teria acontecido se não tivéssemos dado match", conta.

Universa conversou com outras mulheres que viveram histórias engraçadas e, às vezes, até bizarras, em seus encontros. Desde homem que rasgou a calça pulando portão, passando por dente quebrado a contatinho que sumiu, tem de tudo.

Enchente no motel

Manu Vergamini relembrou de uma história de quando a banheira do motel transbordou - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Manu Vergamini relembrou de uma história de quando a banheira do motel transbordou
Imagem: Acervo pessoal

"Quando tinha cerca de 17 anos, namorava um cara que conheci em uma balada em que frequentava muito. Naquela época (hoje eu tenho 44 anos), já existia o 'verbo' ficar para esse tipo de relações, mas não tinha o desapego que temos hoje. Me apaixonei. Ele tinha 22 anos e trabalhava em uma emissora de TV e eu estava naquela época pré-vestibular. Para nos ver, marcávamos encontros em motéis - economizávamos na semana só pra isso. Em uma das vezes, reservamos um quarto mais legal, com banheira. Eu sempre tive nojo de banheira de motel, então sugeri que ligássemos a água o mais quente possível para desinfetar, para depois usarmos. E fomos para a cama nos pegar.

Passou um tempo, começou um calor e começamos a suar. Nem nos importamos, continuamos a transar. Só que o quarto começou a se encher de fumaça. A banheira transbordou de água fervendo!

Nossas roupas ficaram boiando no chão. Estávamos em uma névoa, suando sem parar, em cima da cama. Joguei um cobertor no chão para tentar fazer um caminho até o banheiro, mas até o pé queimava. Não conseguia desligar a água porque não dava para encostar na torneira de tão quente que ela estava. Tivemos que ligar na portaria.

A água estava pingando em cima do carro, na garagem embaixo do quarto. Foi uma novela. Fomos embora de toalha para outro quarto, porque nossas roupas estavam encharcadas. Precisamos pagar as duas diárias, mas foi uma das coisas mais engraçadas da minha vida", Manu Vergamini, assessora de imprensa, 44 anos, São Paulo

Date que viralizou

Amanda Iohn pediu ajuda da prefeitura de Ponta Grossa (PR) para encontrar o contatinho que sumiu depois de um beijo no bar  - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Amanda Iohn pediu ajuda da prefeitura de Ponta Grossa (PR) para encontrar o contatinho que sumiu depois de um beijo no bar
Imagem: Acervo pessoal

"Conheci um cara em um barzinho na cidade da minha mãe, Ponta Grossa. Nós ficamos uma vez e ele sumiu. Procurei o bar inteiro e não o encontrei. O pior é que eu nem tinha perguntado o nome dele. Falei brincando para minha amiga que ia mandar mensagem no Facebook da prefeitura porque eles iam me ajudar a achar.

Do bar mesmo já mandei uma mensagem achando que eles não iam nem ver. Eu escrevi: 'Olá. Beijei um menino em Ponta Grossa, com bigodinho. Não quero voltar para São Paulo sem ele, mas não sei o nome dele. Achem pra mim no cadastro da prefeitura'. Só que eles responderam: 'Oi, Amanda. Voltou para São Paulo sem o bigodinho?'. Achei graça, postei no Twitter e, pronto: viralizou! Teve mais de 2 mil retuítes. Acabou até em separação, porque a namorada de um outro cara achou que era ele e terminou.

O cara real chegou a ser impactado pelo meu tuíte uma vez, mas não achou que era com ele. Só chegou a pensar que poderia ser ele na segunda vez que viu. Aí me mandou uma mensagem no Instagram e nos conectamos.

Mas até chegar a essa parte, vários outros homens me mandaram mensagem se passando por ele. Aí sim marcamos um date especial. O burburinho foi tanto, que poderíamos comer para sempre, de graça, no restaurante que nos recebeu para esse date.

E o bar que nos beijamos, mudou o logo. Como se chamava Baiacu, tinha um peixe. E o peixe ganhou um bigode. Mas, no fim das contas, o relacionamento entre nós não deu certo e acabei até sofrendo com mensagens de ódio na internet por isso", Amanda Iohn, 28 anos, jornalista, São Paulo

O dente perdido

 Claudia Campolina quebrou um dente e mesmo assim permaneceu no date  - Caio Oviedo - Caio Oviedo
Claudia Campolina quebrou um dente e mesmo assim permaneceu no date
Imagem: Caio Oviedo

"Eu costumava ir ao forró em Belo Horizonte (MG) aos domingos e achava bem gato um amigo do meu amigo. Em uma dessas vezes, decidi que se ele não me chamasse para dançar, eu chamaria. Mas o convite veio. Dançamos três músicas e a sintonia encaixou demais. Mas eu precisava muito ir ao banheiro e tive que parar - com a certeza que voltaríamos a dançar. Fui ao banheiro e o fecho da minha bolsa enroscou na minha blusa. Tentei tirar de todos os jeitos, mas como não funcionava, decidi usar os dentes.

Aqui é importante contar que eu quebrei um dente aos 12 anos apostando corrida com meu irmão. Ele foi recuperado com resina. Usando a boca pra tarefa, vi que meu dente quebrou. Fiquei preocupada, porque não queria ir embora e queria continuar dançando com aquele homem. Então resolvi colar o dente com um pedacinho de chiclete e voltar para a pista. Se ele se soltava, eu disfarçava e colava de novo.

No final da noite, ele pediu para me levar para casa. Aceitei, mas o lado do passageiro era bem o lado do meu dente quebrado, que ficava na linha de visão dele.

Conversamos um pouco e, na hora de descer, ele me deu um beijo de tchau. Senti quando estávamos nos beijando que o pedaço do meu dente caiu. Enfiei a língua na boca dele e recuperei o pedacinho e parei o beijo na hora. Abaixei a cabeça e não olhava mais pra ele pra falar, só disse que precisava subir. Sempre com a mão na boca tentando disfarçar. Depois disso, nada mais rolou entre nós. Nunca soube se ele percebeu que meu dente caiu ou se achou que eu era louca", Claudia Campolina, 40 anos, atriz, São Paulo

Encontro com a Cléo Pires

Karina Ribeiro, de 39 anos, conheceu seu date por bate-papo do UOL, mas quando foi encontrá-la a descrição não tinha nenhuma semelhança com a que tinha recebido  - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Karina Ribeiro, de 39 anos, conheceu seu date por bate-papo do UOL, mas quando foi encontrá-la a descrição não tinha nenhuma semelhança com a que tinha recebido
Imagem: Acervo pessoal

Na época em que vivi essa história, ainda não tinha redes sociais. A forma de conhecer pessoas era por bate-papos na internet. Eu, por exemplo, usei o do UOL. Foi assim que conheci a "Cleo_modelo_Sp". Começamos a conversar no privado e o match foi perfeito, mas como não podíamos compartilhar fotos, tínhamos que descrever nossas características físicas, algo que aguçava a imaginação. A Cleo me disse que era modelo, morena e que tinha cerca de 1,70 metro de altura. Completou falando que o que mais chamava a atenção nela era o sorriso. Claro que foi a própria Cleo Pires que veio à minha mente.

Me disse que trabalhava na Avenida Paulista, assim como eu, que morava sozinha e que gostava de MPB, porque seu pai era músico. Marcamos em uma sexta-feira na porta do meu trabalho e quando o elevador abriu ela era a única mulher lá. Vi tudo em slow motion, sabe? Quatro segundos duraram uma eternidade. Eu queria fugir, correr, fingir desmaio... Ela não era nada daquilo do que tinha falado em sua descrição. Se pudesse comparar com algo, diria que estava mais para o Beiçola de "A Grande Família" do que para a filha do Fábio Jr.

Eu não quis ser deselegante e a chamei para comer no McDonald's. Tentei ser amiga e legal com ela, mas comi me sujando toda, fazendo barulho com o canudo. Até piada do meu tio eu fiz. Ao final da refeição, disse que eu precisava ir embora e a acompanhei até o metrô.

Na despedida, ela falou que adorou meu jeito natural e que namoraria comigo - de onde veio esse pedido? -, desde que a gente se conhecesse melhor e marcássemos encontros mais intimistas. Sorri, fiquei sem palavras, peguei o telefone dela e disse que ia ligar. Já se passaram 13 anos.", Karina Ribeiro, 39 anos, comunicadora social, São Paulo

Pulando o portão

Laura Carminatti encontrou o date com a calça rasgada na porta de sua casa  - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Laura Carminatti encontrou o date com a calça rasgada na porta de sua casa
Imagem: Acervo pessoal

"Eu costumava sair com um cara, mas acabamos nos desentendendo e paramos de ficar. Passou um tempo e voltamos a nos ver. Um dia, ele me perguntou o que eu ia fazer e disse que sairia com alguns amigos. Ele também tinha compromisso então combinamos de nos encontrar depois dos roles dos dois.

Quando estava perto do horário de eu ir pra casa, ele me mandou mensagem perguntando se eu demoraria. Isso já era cerca de duas da manhã. Falei que ainda ia ficar mais um pouquinho e ele disse que ia andando até meu apartamento. Dei a senha do portão para ele entrar e não me esperar na rua, mas ele não me respondeu mais.

Cheguei em casa em cerca de uma hora. Chegando lá, meu contatinho estava me esperando no segundo portão do prédio. Quando abri a porta, ele me olhou de cima a baixo, claramente bêbado, e disse: 'Aconteceu um problema'. Ele me mostrou que a calça estava toda rasgada, do cós à perna. E eu sem entender o que tinha acontecido.

Ele me contou que a bateria do celular tinha terminado e, como estava chovendo, ele tentou pular o portão. Subiu em um ponto de ônibus na frente do prédio e pulou. Só que a calça dele ficou enroscada e rasgou. No dia seguinte, para ele ir embora, precisei emprestar uma calça", Laura Carminatti, 28 anos, publicitária, Florianópolis