Com dicas de romance e 'cantada sapatão', ela faz sucesso nas redes sociais
De forma despretensiosa, a designer e produtora de conteúdo Luísa Assaf, 22 anos, começou a postar vídeos falando um pouco sobre o universo LGBTQIA+ de forma descontraída na rede social TikTok. Entre os temas de mais sucesso estão as dicas de como perder a timidez para sapatões e os vídeos de humor. Entre os vídeos que mais fizeram sucesso, o "disfarçando de hétero" ganhou destaque e bateu mais de 1,3 milhão de visualizações.
Como se assumiu lésbica somente aos 19 anos, Luísa conta que as publicações servem de ajuda e conforto a outros jovens que, assim como ela, ainda têm ou tinham dificuldade em contar sobre sua sexualidade para família. Com pouco mais de 400 mil seguidores, as postagens começaram como hobby e hoje ganharam a adesão do público, principalmente da geração Z, diz ela.
Desde que começou a postar os primeiros vídeos na rede social chinesa, a produtora tenta falar de assuntos que são sérios, mas com humor para o seu público. "Acredito que, mais do que ficar contando que pessoas como eu sofrem com preconceito e violência, é trazer o humor como uma perspectiva. Tento levar nossas particulariedades", afirma.
Luísa diz ter muito cuidado para emitir uma opinião ou um conselho para os seguidores. "A gente fica numa bolha na internet sobre a comunidade, que é linda, mas é preciso ter muita responsabilidade. É um país bem preconceituoso e você pode ser expulso de casa. Não existe esse preto no branco sobre se assumir", reforça.
Para criar os conteúdos, ela usa suas próprias vivências e de outras amigas lésbicas. Sem esperar e com surpresa, os vídeos foram e são bem aceitos na rede social por pessoas que não são gays ou lésbicas e também pelo público LGBTQIA+.
Representatividade e identificação
Ao longo dos meses de conteúdo, ela conta que recebe muitas mensagens diárias de seguidores contando que conseguiram se entender, se aceitar e que encontraram em seus vídeos muita representatividade.
Quando fala do modo de vestir, ela bate na tecla que quebrar padrões de vestimenta pode ser fundamental no processo de aceitação. "Não tem como você assumir gênero e sexualidade só pela roupa, mas pelo estilo eu já consigo identificar quem é mais parecido comigo. A gente vai se livrando e se desfazendo dessas caixinhas".
Luisa relembra que no início até seus pais se incomodaram pelo fato de ela usar roupas mais masculinas e mudar seu estilo.
Além das peças, mudar o corte de cabelo também fez parte do processo. Como sempre alisou os fios e ouviu quase a vida inteira que mulheres ficavam mais femininas com cabelo grande, ela sempre teve o cabelo na cintura.
Durante a pandemia, resolveu cortar os fios e passar pela transição capilar, o que fez com que pudesse ter uma melhor visão sobre a aparência. "Cortar para mim foi um símbolo e muitas pessoas ficaram questionando meu gênero. Mas é uma libertação absurda e você vai conseguir exercer sua feminilidade desse jeito", afirma.
Dicas de romance e "cantada sapatão"
Entre os vídeos que mais fizeram sucesso foi o que ela dá dicas de como perder a timidez durante os dates. Denominada "preliminar sapatão", Luísa garante que essas investidas darão certo e se não rolar durante o encontro, ela dará um reembolso.
A ideia veio depois de ficar tanto tempo em casa por causa do isolamento na pandemia de covid-19. "Eu resolvi ficar com uma menina, mas fiquei completamente travada". Mas ela garante que logo colocou alguns truques em prática e depois ensinou suas seguidoras.
As técnicas que deram certo e que ela garante que são infalíveis: tirar o anel do dedo, tirar os óculos, mexer no cabelo, olhar para boca da pessoa enquanto ela fala. "Você não precisa necessariamente falar, mas dá para fazer pequenos sinais que conseguem pegar rápido no ar", afirma.
Em um outro vídeo, em que uma seguidora pede para ela falar o que é um romance sáfico, ela explica que serve para definir quem gosta ou se relaciona com outras mulheres, independente se é bissexual, pamsexual ou lésbica. "Você pode ter um relacionamento sáfico, mas não necessariamente ser lésbica. Muitas vezes invalidam outras sexualidades e a mulher é muito questionada".
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