Em Pantanal, Tenório quer obrigar Bruaca a transar: estupro marital é crime
Em "Pantanal", Maria Bruaca (Isabel Teixeira) tem descoberto a cada capítulo que não precisa mais sofrer a humilhação de anos pelas mãos do marido Tenório (Murilo Benicio), e em cenas que foram ao ar nesta segunda-feira (23), deu uma lição muito importante para outras mulheres: ninguém é obrigada a fazer sexo com o companheiro. No capítulo de ontem, o pai de Guta (Julia Dalavia) pede que a mulher vá se deitar e ela se recusa. Ainda diz que não é obrigada. Diante da negativa, ele cresce a voz: "Que piada é essa que sou seu marido?". E ainda diz que vai pega-la à força. Mas Maria enfrenta: "Quero ver, vem pegar". Tenório desiste e vai embora.
Obrigar a mulher a transar mesmo estando dentro de um relacionamento é estupro, ou estupro marital, nome que tem ganhado mais projeção nos últimos anos. É o que explica a desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo. "Fazer com que uma relação sexual aconteça por meio de ameaça ou violência são os casos mais clássicos hoje em dia. A mulher deve procurar as autoridades, e hoje em dia pode fazer boletim de ocorrência pela internet. Pode ainda pedir medida protetiva de urgência", ela ensina.
A delegada Maria Luísa Rigolin, da Delegacia do Município e Delegacia de Defesa da Mulher de Capivari (SP), ensina que ao relatar a denúncia à polícia, pode-se pedir a prisão temporária ou preventiva do agressor. "Esta objetificação da mulher só é superada se falarmos sobre o assunto e denunciarmos", ela conclui.
Primeiro passo é pedir ajuda
Quem ainda não sente confiança ou por qualquer outro motivo não conseguir procurar uma delegacia, a recomendação é se cercar de uma rede de apoio como amigas e parentes, recomenda a psicóloga Renata Batista, da Asbrad (Associação Brasileira de Defesa da Mulher Infância e Juventude).
"Estupros no casamento são comuns, porém o tema ainda é tabu. Muitas vezes as vítimas não conseguem perceber que sofreram violência, devido à visão machista do papel da mulher no casamento. O silêncio e a dor, ocorridos pela violência sexual, podem ocasionar sérias patologias, e a superação requer acompanhamento psicológico e escuta qualificada. O primeiro passo é pedir ajuda", ela ensina.
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