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Muçulmana critica proibição de burquínis na França: 'É um direito nosso'

Mariam Chami, influencer muçulmana, fala contra a proibição do burquíni na França  - Acervo Pessoal
Mariam Chami, influencer muçulmana, fala contra a proibição do burquíni na França Imagem: Acervo Pessoal

Rafaela Polo

De Universa, São Paulo

28/05/2022 14h41

Emmanuel Macron foi reeleito em abril na França, mas alguns desejos da candidata à presidência de extrema direita, Marine Le Pen, estão se consolidando mesmo após sua derrota, como restrição de direitos de mulheres muçulmanas em algumas regiões do país. Recentemente, a cidade de Grenoble proibiu o uso de burquíni —a roupa de banho que cobre o corpo e o cabelo usada por mulheres dessa religião— em piscinas públicas.

Pelo Twitter, o Ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, comemorou a decisão da cidade dizendo ser uma excelente notícia.

Mas mulheres muçulmanas estão criticando a decisão e o apoio dado a esse tipo de restrição, afirmando ser uma perseguição contra elas e uma maneira de impedí-las de fazer suas próprias escolhas. Seguidoras da mesma religião de outros países demonstraram solidariedade às francesas.

Mariam usando burquíni em uma de suas viagens  - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Mariam usando burquíni em uma de suas viagens
Imagem: Acervo pessoal

Para Mariam Chami, influencer muçulmana que vive no Brasil, a proibição de usar burquíni é um impedimento ao "direito de ir e vir". "A relação da França com as muçulmanas e o hijab [peça que cobre os cabelos] é bem antiga, tem cerca de dez anos e está sempre em pauta. Mas uma decisão como essa dói no coração, ainda mais em um país que tanta gente sonha em conhecer", diz Mariam em entrevista à Universa.

Em um vídeo que gravou para suas redes sociais sobre o assunto, Mariam disse que o uso do hijab, hoje em dia, é uma forma de resistência. "É engraçado porque, quando as pessoas visitam países árabes, elas não são obrigadas a colocar o véu, mas usam como forma de respeito. Falam tanto que os países árabes são intolerantes sem nem saber", conta.

Mariam, que sempre defendeu o direito das mulheres fazerem o que quiserem independentemente de sua religião, ainda pede que o movimento feminista tome alguma atitude frente ao problema. "Nós muçulmanas não precisamos de um movimento para garantirmos os nossos direitos. No entanto, se eu tô no Brasil e os nossos direitos não são garantidos eu preciso sim estar ao lado das mulheres", diz.

"Quando falo de feminismo, que luta pelo direito das mulheres, cadê as não muçulmanas para lutar por isso? Quando falamos de direitos é indiferente se escolhemos nos vestir por completo ou não vestir nada. É um direito nosso", conclui.