Vereadora recebe vídeo de homem ejaculando em sua foto: 'Isso é doentio'
Na última quarta-feira (25), a vereadora Luirce Paz (Podemos), da cidade de Cruz Alta (RS), foi vítima de um assédio sexual na internet. Ela recebeu um vídeo em seu WhatsApp, no qual um homem se masturbava e ejaculava em cima de sua foto.
O caso veio à tona no fim da semana passada e deixou Luirce em estado de choque. "A primeira reação foi de espanto, não sabia o que iria fazer", conta a Universa.
Dois dias antes do ocorrido, ela fez uma live sobre a má situação de uma UPA na sua cidade e pediu para que as pessoas enviassem reclamações para seu número. Segundo a representante do Legislativo, o vídeo veio de um celular desconhecido e sem foto.
A vereadora registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher do seu município como crime cibernético em decorrência de violência de gênero no meio político. E na próxima sexta-feira (3) vai até a capital, Porto Alegre, para ter uma audiência em uma delegacia de crimes virtuais.
Caso pode ter sido premeditado há meses
Como recebeu as imagens de madrugada e no primeiro momento só havia a frase "quero fazer uma reclamação", ela não suspeitou que o homem enviaria esse tipo de conteúdo.
No entanto, ela acredita que a ação pode ter sido planejada há algum tempo, já que a foto em que o indivíduo ejacula em cima era de seis meses atrás. "Eu só tinha postado no meu story do Instagram. Ele printou, guardou e esperou fazer em algum momento de maldade. Eu já estou sendo vigiada há seis meses. Isso é doentio", diz.
Luirce afirma estar com o psicológico abalado e que contratou um segurança para andar com ela nas ruas. "Eu não sou uma pessoa de sentir medo, mas a gente não precisa esperar para acontecer. Preciso resguardar minha integridade física".
Dois meses atrás, ela já havia apanhado na rua quando atuava em uma causa animal, mas ressalta que a agressão física não a abalou tanto quanto a que sofreu na internet.
A vereadora pretende seguir com sessões de psicoterapia para tentar amenizar os efeitos e o grande constrangimento que sofreu.
Após o ocorrido se tornar público, ela diz que recebeu mais de cem mensagens de outras mulheres em seu Instagram que já relataram agressões desse tipo nas redes sociais.
Violência de gênero é frequente no meio
Atuando na política há seis anos, ela hoje integra parte da equipe do Podemos Mulher e conta que ataques e piadas misóginas são ouvidas diariamente.
As frases ou perguntas sexistas são feitas, muitas vezes, dentro da própria câmara de vereadores e também nas redes sociais. "Já ouvi as mais diversas ofensas logo quando assumi meu primeiro mandato. Já foram coisas do tipo: quero pegar no seu silicone, você é um rostinho bonito e não precisa estar ali na tribuna."
Ela ainda destaca que sempre sofre com estereótipos. "Já ouvi que por ser loira e bonitinha não tinha competência. Mas quando a mulher é gorda também não serve. Nós nunca somos suficientes e temos um dia de paz", ressalta, indignada.
"Além disso, a falta de valorização ocorre dentro dos próprios partidos e por homens de cargos mais altos. Em algumas situações, a mulher só é vista para ser usada como cota ou laranja", completa Luirce.
A vereadora reforça a importância de mais mulheres se unirem para garantir a visibilidade em cargos políticos, seja na hora de votar e atuar na área.
Para ela, ainda há uma "desunião", que também afasta mais o público feminino em diversas setores de trabalho e no Poder Legislativo não é diferente. "Ainda somos 17% em cargos eletivos, sendo que somos maioria no Brasil", destaca.
Segundo as Nações Unidas, embora as mulheres sejam a maioria da população e 52% do eleitorado brasileiro, elas representam apenas 15% de parlamentares, 11% de ministros, e só ocuparam o cargo de chefe do Estado uma vez.
A vereadora quer que o caso ganhe grande repercussão para que mais mulheres tenham coragem de denunciar crimes de assédio e violência de gênero.
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