'Após perder meu pai, busquei ajuda na astrologia e descobri uma profissão'
"Quando tinha 14 anos, me encantei com a novela 'Felicidade', da Globo, e com o trabalho de uma atriz jovem que atuava nela, a Tatyane Goulart. Comecei a fazer teatro amador. Na época, quase não tinha conhecimento de astrologia. Até que, anos depois, fiz meu primeiro mapa astral em um momento de grande indecisão profissional.
A história da minha vida é que, da mesma forma que aconteceu com as artes cênicas, senti uma paixão pela astrologia. Comecei a estudar e me aprofundar no assunto, me profissionalizei e, quando percebi, tinha conquistado uma nova profissão. Hoje, tenho 43 anos e sou atriz e astróloga.
Quando um astrólogo entrou na minha vida
Tinha e tenho orgulho em falar que sou ariana e, quando era mais nova e não conhecia quase nada sobre o assunto, ficava brava quando falavam mal do meu signo. Mas o interesse pelo tema mesmo só começou na fase adulta.
Em 2008, estava em cartaz com um espetáculo incrível chamado 'A Festa de Abigaiu' e fui convidada para atuar em outra. Estava em dúvida, porque teria que deixar a primeira. Ao mesmo tempo, fazer uma peça nova, conhecendo pessoas diferentes, era algo muito fascinante.
Uma colega, também atriz, sugeriu: 'Vá a um astrólogo para ele te ajudar a decidir'. Fui, mas é claro que ele não me disse o que fazer; apenas me falou que eu estava em um período lindo, de sucesso profissional, e que, talvez, conseguiria conciliar as temporadas das peças.
Acabei optando por sair de uma para entrar na outra, 'Aurora da Minha Vida', que foi simplesmente incrível. Aprendi muito, me diverti, conheci pessoas maravilhosas, como a atriz Magali Biff, de quem eu era muito fã e fiquei amiga a partir dali.
Foi quando fui ao astrólogo, entretanto, que comecei a recorrer, anualmente, à leitura de mapa astral como uma orientação para o meu ano. Quis estudar astrologia por ter o desejo de entender alguns rompantes na minha vida.
A morte de meu pai e uma nova consulta astrológica
Tinha uma relação muito forte com meu pai. Ele era 'o cara', sabe? Não tinha como não admirar e se encantar com ele. Era gente boa, sempre disposto a ajudar, com uma piada sempre pronta. Quieto mas, quando se posicionava, era muito autêntico.
Era ariano também: eu de 12 de abril, e ele, 16 de abril. Ele morreu em casa, em 2014, de mal súbito. Quando isso aconteceu, nada fazia mais sentido. Foi uma escuridão sem fim. Eu estava viajando com o teatro, continuei apresentando as peças, mas era como se tivesse um buraco gigante no meu peito.
Já fazia terapia e isso foi fundamental para eu não entrar em depressão. Emagreci, comecei a tomar remédio para dormir, pedi ajuda a outro profissional porque estava realmente sem condição de seguir sem apoio médico.
Após três meses da morte do meu pai, fui em outra astróloga, achando que ela falaria que eu estava passando por um luto. Ela me surpreendeu dizendo que deveria ir para o exterior, fazer sucesso fora do país. Contei sobre meu momento muito difícil, que era impossível sair do Brasil naquela ocasião.
Ainda assim, a consulta despertou meu interesse em entender meu mapa astral de maneira mais profunda. Além da perda do meu pai, havia outros situações que eu precisava conhecer sobre mim, no meu corpo.
Problema no joelho, tendão rompido e fêmur quebrado no palco
Meu joelho saiu do lugar duas vezes. Rompi o tendão de Aquiles cinco minutos antes de entrar em cena, em uma peça, a qual passei inteira chorando de dor. Depois disso, precisei deixar dois projetos por causa da fisioterapia e passei a usar uma bota que me impedia de ensaiar e me apresentar sem correr o risco de romper o tendão de vez.
Também quebrei o fêmur no palco, em uma apresentação lotada de adolescentes. Nenhum médico conseguiu entender o que aconteceu com o maior e mais potente osso do corpo, já que as pessoas o quebram em acidente ou mais velhas, por causa da osteoporose.
O mais louco é que fiz a cirurgia (em que ganhei uma placa na perna direita) e o médico disse, ainda no hospital, que eu poderia voltar para a cena em uma cadeira de rodas. O autor da peça em que estava, 'Gangue', Pedro Guilherme, adaptou a personagem que eu faria para uma pessoa que usa cadeira de rodas.
Livros de astrologia me ajudaram a resgatar minhas energias
Com tudo isso que vivia, minha terapeuta da época, também astróloga, me emprestou dois livros de astrologia para eu tentar entender melhor o que vivia. Foi amor à primeira vista, uma nova descoberta de algo maravilhoso que me ajudou a resgatar minhas energias.
Meu ascendente em Capricórnio me faz amar estudar, então me inscrevi na Gaia Escola de Astrologia, em São Paulo, para realmente entender aquele mundo dos astros, signos e afins. A astrologia, a escola e o ato de estudar me ajudaram demais no processo de luto. Era a única coisa que me trazia um pouco de brilho no olhar.
Sem contar que, quando cheguei na escola, quem me atendeu se chamava Adolfo, o mesmo nome do meu pai. Até hoje não sei o que isso significa, mas fiquei de boca aberta quando ouvi, pois não é um nome comum.
Para treinar o que estudava, fazia o mapa astral dos amigos. Aos poucos, já mais confiante, pedia um 'presente' em troca das horas dedicadas ao estudo do mapa. Aí comecei a cobrar e, naturalmente, fui ajustando o valor que condizia com meu conhecimento, horas e energia investidos.
Dois anos atrás, já estava com a agenda lotada de atendimentos. Na pandemia, meu trabalho cresceu mais ainda. Havia estruturado um curso presencial para 15 pessoas. Com o isolamento, decidi lançar o conteúdo na web. Tive 120 pessoas participando online. Foi incrível, inclusive para trocar com pessoas no início da pandemia, pois se formou uma rede de apoio muito bonita.
No ano passado, lancei um curso online que ensina a pessoa a ler mapa astral e estou superfeliz com o resultado, pois tem ex-aluno já trabalhando com astrologia. Não fazia sentido, então, deixar essa área de lado, justamente com tanta gente se interessando pelo meu trabalho. Até hoje, já analisei mais de 700 mapas astrais.
As respostas dos astros
Foram muitas as respostas que recebi no meu processo de autoconhecimento a partir da astrologia. Aprendi que, quanto mais a gente se conhece, agimos de forma mais equilibrada e alinhada com a nossa essência.
Posso dizer que astrologia é algo mágico, que me tornou uma pessoa muito mais consciente, mais calma, mais grata. Por meio dela, desenvolvi muito mais a empatia e a capacidade de fazer o exercício de evitar julgar.
Também ajudou a respirar mais fundo e evitar uma ação impensada. Às vezes ainda acontece, mas percebo e identifico a causa. Antes, era tudo no automático: me frustrava e magoava as pessoas com um impulso sem freio.
Somos todos complexos, temos desafios e potencialidades. Com a astrologia, percebi que não adianta querer mudar o outro e que cada pessoa está em um estágio de autoconhecimento, maturidade e entendimento do mundo. Hoje, vou em busca do sim. Se não der, pelo menos arrisquei.
"Tenho 100 mil seguidores que acessam o autoconhecimento pela astrologia"
Meu Instagram (@paula_arruda_astrologia) agora é minha vitrine de trabalho. Na rede social, o fato de ser atriz me ajudou muito a me adaptar à plataforma para fazer lives e gravar stories. Também tenho o canal do Youtube, com conteúdo exclusivo toda semana, para alcançar um público diferente do que tenho no Instagram.
A astrologia me realiza demais, mas estou com saudade dos palcos. Quero conciliar as duas profissões. Como sou autônoma, voltando aos palcos, irei mudar um pouco os horários de atendimento para ter tempo de decorar textos, ensaiar. Se vai ser fácil ou não, só saberei quando chegar a hora."
Paula Arruda, atriz e astróloga, mora em São Paulo e tem 43 anos
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