MP denuncia cirurgião plástico no RS: 'Pediu stritp-tease sem música'
O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou uma denúncia à Justiça contra o cirurgião plástico Estevão José Rodrigues, 68, de Porto Alegre, por crimes sexuais. O órgão viu indícios de práticas criminosas contra suas pacientes, entre elas estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e importunação sexual. Nos relatos, vítimas dizem que o médico pedia para que elas retirassem toda a roupa para tocá-las em suas partes íntimas. Uma delas afirmou que, durante a consulta, o médico sentou em uma cadeira e lhe "pediu um strip-tease sem música"
O médico já havia sido denunciado pelo MP em dezembro de 2021 também por importunação sexual —agora, há novas queixas de abusos. Além desse crime, é suspeito de coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunha, violação de dever inerente à profissão exercida e calamidade pública. Segundo a polícia, ao tomar conhecimento das denúncias, o médico procurou as vítimas e ofertou procedimentos estéticos para que retirassem as queixas. Ele também tentava renovar seu passaporte para sair do país.
Ele chegou a ser preso em novembro de 2021, mas foi liberado na sequência. Atualmente, é monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.
A reportagem procurou o advogado Gustavo Nagelstein, responsável pela defesa de Rodrigues. Nagelstein diz que seu cliente "nega as acusações e que se manifestará no processo".
Médico segue atuando como cirurgião
Conforme apurado pelo inquérito policial, há 15 queixas de crimes sexuais —em alguns casos, a mesma mulher foi abusada mais de uma vez— que fazem parte da nova denúncia do MP. Teriam ocorrido entre 2009 e 2021. Além de denunciá-lo, o promotor de Justiça Luiz Eduardo Ribeiro de Menezes pediu ao Judiciário que Rodrigues seja proibido de exercer a profissão, uma vez que ele ainda está na ativa, sem nenhuma restrição legal.
Em um dos casos relatados pelas mulheres, ele elogiou a lingerie da paciente ao dizer que a peça era "linda". Logo depois, a agarrou pelos braços e lhe deu um beijo na boca. Na denúncia, o MP diz que ele abusou de "sua autoridade de médico com o emprego de violência real". De acordo com a vítima, o beijo foi "forte, tocando lábio com lábio". Em seguida, enquanto o denunciado tentava beijá-la novamente, ela o empurrou e saiu do local atordoada.
Comentários inadequados e aproximação "com excitação"
Em outra ocasião, Rodrigues acariciou os seios da vítima, segundo depoimento dela à polícia. De acordo com o MP, ele também manipulou "todo o corpo" da paciente "com excitação, ao passo em que tecia comentários inadequados", dizendo que "deveria ser um mulherão quando era mais jovem'".
Uma das mulheres contou que, ao ter seu corpo demarcado, passou a ser apalpada nos seios de forma maliciosa. Enquanto isso, ele aproximava seu corpo ao dela, com o intuito de encostar seu pênis ereto em suas mãos e e pernas.
Conselho de medicina diz que há sindicância sigilosa em andamento
Procurado por Universa, o Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul) informou que há uma sindicância "sigilosa" em andamento.
Em relação à recomendação feita pelo MP à Justiça sobre o afastamento do médico de suas funções, a entidade informou que "se o pedido foi feito à Justiça, é a Justiça quem decide", ou seja, se um juiz decidir pelo afastamento, assim será feito, mas é necessária uma comunicação oficial para dar andamento a qualquer outro trâmite.
Como obter ajuda em casos de violência sexual
Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.
Caso você tenha sido vítima de um crime sexual sem penetração, também pode pedir ajuda. É possível ter orientações ligando para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher do governo federal. É anônimo e funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas para serem procurados e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.
É recomendável, se possível, que a vítima faça um boletim de ocorrência em uma delegacia da mulher, caso haja essa especialidade na região. Se não, pode ser feito em uma delegacia comum. Mesmo que não consiga se lembrar dos fatos ou indicar um possível agressor, o mesmo homem pode ter feito outras vítimas. O registro da ocorrência abre a possibilidade de investigar, colher provas e pode ajudar as autoridades a identificarem o autor do crime.
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