Topo

Relação desgastada? Veja 7 passos para aumentar a conexão com quem você ama

Sintonia entre o casal pode ser resgastada mesmo em relações longas, dizem especialistas - Getty Images
Sintonia entre o casal pode ser resgastada mesmo em relações longas, dizem especialistas Imagem: Getty Images

Tainá Goulart

Colaboração para Universa, de São Paulo

10/06/2022 04h00

Dia dos Namorados chegando e muita gente pensa em presentes, surpresas e jantares românticos para comemorar a data em grande estilo. Mas esse também pode ser um bom momento para avaliar o seu relacionamento e tentar aumentar a conexão entre o casal, principalmente em relações longas, nas quais a sintonia pode ser perder com o tempo.

"Uma boa comunicação é a chave para uma escuta ativa, que significa se interessar pelo quê o outro tem a me dizer", diz o psicanalista Juan Droguett, professor da pós-graduação em semiótica psicanalítica PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Para ajudar os casais a evoluírem ainda mais em suas histórias, Universa conversou com Droguett e outros três psicólogos: Camila Puertas, pós-graduada em psicoterapia psicanalítica pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e Ana Paula Dias e Hélio Malka Y Negri, que fazem parte da Vittude, plataforma que atua no desenvolvimento de programas de saúde mental.

Veja, abaixo, sete passos sugeridos pelos especialistas para retomar a sintonia com quem você ama —a ideia é tentar colocá-los em prática a cada dia, durante uma semana. Topa o desafio?

1. Conversem de maneira sincera e estejam abertos a ouvir

"Relacionamentos que não contam a possibilidade de diálogo real, geralmente, estão fadados a um final turbulento. Se atentar à forma que você age dentro da relação e o quanto está sendo sincero sobre o que sente com você mesmo e com seu par é essencial", afirma Camila.

Aqui, o desafio é olhar para si, entender seu papel dentro do relacionamento e propor ao outro que faça o mesmo. Então, tentem pontuar o que mais lhe agrada no outro e na relação. Depois, fale do que poderia melhorar.

O ato de conversar com sinceridade, segundo Juan Droguett, gera mais empatia com a outra pessoa —o que pode ajudar a ter mais paciência naqueles momentos de irritação cotidianos que vão minando o amor. "É importante compreender o ponto de vista do outro, mesmo não estando de acordo. Nesse ponto, tente ser flexível e tolerante ao tentar entender os motivos que levam a pessoa a agir, falar, pensar de tal forma que você não goste", explica.

Mas atenção: não é uma só conversa longa e feita de vez em quando que vai resolver seus problemas. Para os especialistas, o casal precisa dialogar constantemente, 'fechar acordos' e colocá-los em prática.

2. Reconstruam a intimidade

Falar de sexualidade não se resume a falar de sexo. Ana Paula conta que sexualidade é um conceito amplo e dinâmico de nossas vidas. Portanto, pensar a sexualidade de um casal também requer cuidado —e não cabe aqui regras sobre o que é ou não ideal.

"Cuidar desse aspecto da relação é um fator de grande importância, e esse cuidado passa pela possibilidade de falar a respeito do tema, contando sobre os desejos, os limites e as dificuldades para que possam construir, ou reconstruir, um caminho de intimidade muito importante para saúde da relação", explica ela.

Depois dessa conversa —olha ela aqui de novo— experimente por em prática o que foi dito para se sentirem próximos e íntimos um do outro, mesmo que não tenha a ver com uma relação sexual em si.

3. Revejam tarefas para garantir uma boa dinâmica para ambos

Todos os especialistas falaram da empatia e da necessidade de paciência com as atitudes do companheiro ou companheira.

Quando a questão são dinâmicas do casal, tarefas domésticas ou cuidados com os filhos, muitos casais se desentendem pela falta de empatia, sem que um saiba o que mais incomoda ou sobrecarrega o outro. "Muitas vezes, podemos não notar que o nosso parceiro ou parceira está sobrecarregado com questões pessoais ou tentando manter uma casa funcional. Em uma relação, estamos em uma linha de igualdade, sem hierarquia. É necessário organizar a dinâmica da casa, levando em consideração a dinâmica de cada um dos pares, vendo o que é viável para cada um", diz.

4. Se questionem sobre como cada um mantém sua individualidade

Estar em um relacionamento não significa fundir-se em um único ser. "Isso de ser simbiótico é tóxico", aponta Camila, que analisa o âmbito familiar dos relacionamentos. A dica que ela dá é a de respeitar sempre os grupos sociais do parceiro ou parceira, como família e amigos, pois respeito é sinal também de empatia e de amor.

"Mantenha o seu ciclo de amigos íntimos para também respeitar os amigos e momentos do seu par com o grupo e sem você. E, mais uma vez, garanta que o diálogo seja imposições ou punições. Lembre- se: sua relação é de amor e cumplicidade, e não de rivalidade. Busque sempre entender o que está fora do esperado, em primeiro lugar, em você, antes de pontuar algo no outro", diz a psicóloga.

7. Alinhem seus objetivos de vida e de relacionamento

Ter objetivos comuns é um fator muito importante para a manutenção de uma relação. Essa capacidade fortalece o vínculo, traz cumplicidade e parceria. Conversem sobre o que gostariam de fazer juntos e sobre como seria possível tirar isso do papel. Pode ser desde uma grande viagem ao desejo de aumentar a família. Ainda que seja um objetivo pessoal, como trocar de emprego, divida isso com quem você ama.

Também é importante falar sobre possíveis planos para o próprio relacionamento. "Antes de tudo, esteja ciente do que você espera de si mesmo em uma relação e, então, avalie sua disponibilidade para se adaptar a situações diferentes do que espera", diz Camila. Ela destaca que mesmo os maiores desejos podem mudar ao longo do tempo, e que o casal deve sempre contar com essa possibilidade. "Tenha em mente o que deseja para sua relação e seu futuro próximo e seja flexível com você mesmo, mas nunca a ponto de se sentir desrespeitado", finaliza a psicóloga.

6. Passem pelo menos um dia a sós (e sem os filhos)

É claro que cada casal entende suas necessidades e seus períodos, mas eles precisam de momentos a sós para que a sintonia e a conexão se fortaleçam. "O casal pode e deve se empenhar, por exemplo, em programar um final de semana, uma viagem ou um dia a sós. Se tiver filhos, pode contar com a rede de apoio para cuidar deles", observa Camila.

A ideia, aqui, é relaxar e se concentrar somente um no outro: conversas, risadas, passeios, descobertas sobre cada um. Momentos assim são estimulantes, ficam registrados como boas lembranças e ajudam a manter o afeto mútuo.

7. Cogite procurar ajuda profissional

A dificuldade de iniciar ou de manter uma conversa é um sinal de que uma terapia de casal pode ajudar os dois a se comunicarem. Muitas vezes, pelo desgaste ou cansaço, os casais acabam desistindo de conversar por acabarem sempre nas mesmas discussões e pensarem que nada vai mudar.

"Um profissional qualificado poderá auxiliar o casal, inclusive individualmente. A terapia individual é uma forma de obter ferramentas para se compreender. Sendo uma boa relação fruto de pessoas que conseguem se observar e se entender, possibilita que não sejamos injustos com o nosso par nem com nós mesmos", pontua Camila.

Para Hélio, os membros da relação precisam contar suas histórias. "Apresente quem é você de verdade. Os detalhes do passado são importantes, mas tenha em mente que somos mais do que a soma das nossas experiências", enfatiza ele. É sobre conversar sem amarras e sem preconceitos. Ouça o outro e dê apoio, além de indicar ajuda profissional, caso seja necessário.