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Quem foi Xica Manicongo, que deve ser 1ª travesti a dar nome a rua de SP

Câmara Municipal de São Paulo aprovou proposta para homenagear primeira travesti conhecida na história do Brasil - Afonso Braga/Câmara dos Vereadores de São Paulo
Câmara Municipal de São Paulo aprovou proposta para homenagear primeira travesti conhecida na história do Brasil Imagem: Afonso Braga/Câmara dos Vereadores de São Paulo

De Universa, em São Paulo

12/06/2022 16h40

A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou, nesta semana, a proposta de dar o nome de Xica Manicongo, primeira travesti reconhecida na história do Brasil, a uma rua na zona sul da cidade.

Agora, a proposta —de autoria da vereadora Érika Hilton (PSOL-SP), primeira mulher travesti eleita para a Câmara da capital paulista— segue para a sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Se for aprovada por ele, esta será a primeira rua de São Paulo a levar o nome de uma travesti.

O local que pode ganhar o nome de Xica é uma rua sem nome, que fica entre as vias Rodrigues e Rua Um, no bairro do Grajaú, zona sul de São Paulo.

Mas, afinal, quem é Xica Manicongo?

No século 16, Xica nasceu no Congo, mas foi trazida para o Brasil escravizada, trabalhando como sapateira.

Em 1591, ela foi alvo de uma denúncia feita pelo Tribunal do Santo Ofício por crime de sodomia. Por isso, foi obrigada a usar vestes masculinas e responder pelo nome também masculino, que recebeu quando chegou ao Brasil.

A vereadora Érika Hilton (PSOL-SP), autora da proposta que homenageia Xica Manicongo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A vereadora Érika Hilton (PSOL-SP), autora da proposta que homenageia Xica Manicongo
Imagem: Reprodução/Instagram

"Por anos, a historiografia retratou Xica como Francisco, assassinando seu direito à memória. Somente com o movimento de travestis e pessoas trans na academia foi possível trazer a verdade sobre a história de Xica Manicongo, atribuindo-lhe o título de primeira travesti brasileira não indígena", explica Érika Hilton, em sua proposta, para justificar a homenagem.

A história de Xica Manicongo passou séculos praticamente desconhecida, até que, na década de 1990, voltou a ser citada graças ao trabalho do antropólogo Luiz Mott.

Hoje, dá nome a uma premiação da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro, a um quilombo urbano, também no Rio de Janeiro, e ao coletivo de estudantes trans da USP (Universidade de São Paulo).

No texto da proposta, a vereadora Érika Hilton afirma que "Xica Manicongo representa a luta das travestis brasileiras por seu direito à memória e ao reconhecimento" e que, por isso, é importante homenagear sua luta.