Fotógrafa ajuda mulheres artistas a vender obras em NFT: 'Mercado desigual'
Na próxima segunda-feira (20), um telão vai aparecer na Times Square, icônica avenida em Nova York, nos EUA, exibindo o trabalho de mais de cem fotógrafos de todo o mundo. Entre eles, está o de uma brasileira: Livia Elektra, 32. Ela é um dos principais nomes no mercado de arte em NFT —explicamos o que significa o termo abaixo— e é ativista pela inserção de mulheres no nicho.
NFT é a abreviação de "non-fungible Token", ou token não fungível, em português. É uma tecnologia que nasceu com a ideia de criar contratos inteligentes e que hoje funciona como um certificado de autenticidade para um documento em formatos digitais. Ou seja, dá o selo de garantia atestando que aquela é a versão original.
Mas foi o setor da arte digital que popularizou o NFT. "A tecnologia dá autenticidade para uma obra digital e comprova que ela é única no mundo", diz. "Nossa vida já é online e a tendência é que, daqui para frente, seja mais ainda. As pessoas compram essas obras como propriedades digitais", continua a fotógrafa. O jogador Neymar, por exemplo, é um colecionador de obras em NFT e tem um portfólio avaliado em US$ 1,3 milhão.
Hoje, a brasileira faz parte do casting da NFTPhotographers, organização que faz a curadoria de artistas que utilizam a tecnologia e os conecta a colecionadores. A foto de Elektra será exposta no telão de LED do hotel Marriott Marquis.
Livia conheceu a tecnologia NFT em fevereiro de 2021. Na época, o cantor americano The Weeknd lançou um single com o registro de autenticidade, o que chamou a atenção da fotógrafa. Um mês depois, ela decidiu vender a primeira obra seguindo o mesmo esquema. "Foi uma virada de chave para mim."
Lívia diz que o mercado de NFT garante aos artistas uma possibilidade de remuneração mais direta. "Um músico, por exemplo, pode vender as obras dele sem precisar de uma gravadora. Depois, mesmo que essa obra seja revendida, ele ganha uma porcentagem dessa transação. Acho que isso vai dar uma balançada em como as gravadoras e as plataformas pagam os artistas", aposta.
Mulheres representam apenas 16% no mercado de NFT
Em 2019 e 2020, segundo relatório publicado pela empresa de pesquisa do mercado de arte ArtTactic, as mulheres representaram apenas 5% das vendas de NFT do mundo e eram apenas 16% do mercado de arte NFT.
"A gente ainda está muito longe de ter esse equilíbrio entre homem e mulher. Eles ainda são a grande maioria", diz. "Somos minoria no investimento de criptomoedas. Então, a partir do momento que tem essa tecnologia que depende da criptomoeda, a mulher já larga em desvantagem."
Para comprar ou vender NFTs é preciso fazer a transação por meio de criptomoedas — nome genérico para moedas digitais descentralizadas. NFT e criptomoedas são tecnologias que têm a mesma origem: a rede blockchain (palavra do inglês que significa "cadeia em blocos", em tradução literal, usada para descrever o sistema que faz criptomoedas funcionarem).
Por isso, ela e outras nove especialistas no mercado de NFT lançaram um programa para capacitar mulheres a entrar nesse nicho. O projeto, chamado EVE NFT, capacita mulheres a investir no mercado de criptomoedas e investir em NFT.
"Essa tecnologia está começando agora, então agora é o momento da gente se juntar para sair na frente ou sair, pau a pau com os homens. Quanto mais mulheres a gente trazer agora, daqui a alguns anos a gente não vai ter tanta essa diferença e conseguir alcançar o que a gente quer no futuro. A gente quer mostrar que para investir em criptomoeda ela não precisa do marido, não precisa de um cara, um quem quer que seja. Pode fazer isso sozinha."
Fotógrafa já fez capas de artistas
Lívia nasceu em Lorena, interior de São Paulo, e entrou no mundo artístico aos 12 anos, quando escreveu as primeiras músicas e montou uma banda de vocal feminino, a Fake Number, grupo do qual fez parte por dez anos. O trabalho a fez se mudar para a capital paulista aos 15 anos.
Enquanto estava com a banda, ela começou a fazer registros dos shows e viagens. Quando acabou, a fotografia permaneceu. A partir de então, ela começou a fotografar músicos profissionalmente e a fazer capas de álbuns para artistas. A fotógrafa já fez a capas de álbuns de diversos estilos, como Wesley Safadão —o artista que ela mais fotografou para capas, por cinco vezes— Luísa Sonza, Léo Santana, Vitão, Simone e Simaria e Dennis DJ.
"Tentei juntar minha parte musical na fotografia", conta. "Mesmo não cantando mais, queria ainda estar inserida nesse meio onde também conhecia muita gente."
Ter trabalhado com tantos artistas de estilos diferentes colaborou para que ela fosse a fotógrafa que é hoje. "O principal desafio, ao fazer capas de álbuns, era criar uma ambientação que mostre o estilo do artista. Isso mexe muito com a nossa criatividade."
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