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'Recuperei a minha autoestima', diz sobrevivente da tragédia de Capitólio

Henrique Mendes

Colaboração para Universa

14/06/2022 17h41

O acidente em Capitólio (MG) que deixou 10 mortos foi tema de um dos painéis do Universa Talks, que recebeu a advogada Isabel Martins, uma das sobreviventes da tragédia. Isabel, que acabou sofrendo várias lesões na região da cabeça, levando 200 pontos no rosto após o acidente, disse que recuperou a autoestima.

"Parece um surto exacerbado de autoestima o que vou falar, mas eu sei a mulher que eu sou, do que dou conta, do que fui capaz de fazer. A gente demora, não sei se para todos, mas para mim a busca da autoestima é eterna e foi longa. Demorou a chegar e ela chegou. Ter sobrevivido a esse acidente, dar conta de tudo, as pessoas me vendo como uma pessoa forte, foi bom porque eu também me vejo", conta ela.

Após a pedra se soltar e atingir algumas lanchas, Isabel acabou sendo jogada com força para a água, mas não deixou de ajudar as pessoas, mesmo com a pancada afetando seu tímpano, o canal auricular, a orelha, os dentes e ainda causando uma lesão na cervical.

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Isabel Martins Costa, advogada e sobrevivente da tragédia de Capitólio, participa do Universa Talks 2022
Imagem: Mariana Pekin/ UOL

Isabel conta que todos que estavam no local perceberam que a pedra maior estava se soltando e foi quando ele decidiu ajudar as cinco crianças que estavam com ela —três sobrinhos e dois filhos de amigos.

Imediatamente eu levantei e falei pros meninos, fiquem em cima de mim. A única coisa que eu lembro é isso. A cena seguinte é que eu afundei, a lancha afundou, eu estava sem colete, todos devem usar colete, se eu tivesse desmaiado teria morrido por estar sem. Me lembro de eu submergindo, os destroços, tentando achar todo mundo, minhas irmãs. Depois, a gente foi nadando até a beirada para que os meninos ficassem na pedra até que viesse o socorro.

'Agi por impulso'

Questionada sobre como tomou a decisão de abraçar as crianças, ela disse que foi algo instintivo. "Olhei pra pedra, olhei pra eles. Não sei se foi consciente, foi um impulso que eu nem sabia no que ia dar. Se eu tivesse perdido qualquer uma daquelas crianças, filhos de amigos muito queridos e meus sobrinhos, que são como filhos, eu teria sobrevivido, mas não voltado a viver", relembra.

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'Não precisa de tragédia para ressignificar', diz Isabel Martins Costa, sobrevivente de Capitólio, no Universa Talks 2022
Imagem: Mariana Pekin/ UOL

Ela diz que se recuperou bem do acidente e não teria problema algum em voltar a Capitólio, apesar de dizer que não entraria novamente em uma lancha. Contudo, ela ressalta que o acidente deixou uma marca: ela tem dificuldades em lidar com situações de insegurança.

"Não posso estar numa situação de insegurança, é um gatilho do acidente. Por exemplo, chuva, o último barulho que lembro é água, se estiver chovendo muito não saio de casa, se estou fora de casa preciso voltar. Estou no uber, táxi, está correndo muito, boto o cinto atrás. Se sinto uma pontinha de insegurança, eu já tomo uma atitude", conta ela.