'A sociedade perde com mulheres fora do mercado', diz CEO da Rappi Brasil
Mulheres brasileiras representam hoje 6,5 milhões de desempregados, conforme a última pesquisa do IBGE. É mais da metade do total de pessoas desempregadas no país atualmente, em um cenário que não dá pistas de mudança. Este foi o tema do primeiro painel da 6º edição de Universa Talks, que aconteceu nesta terça-feira (14), com mediação da editora-chefe de Universa, Débora Miranda, e participação de Helen Andrade, head de diversidade e inclusão da Nestlé, Raquel Virginia, fundadora da consultoria Nhaí, e Tijana Jankovic, presidente da Rappi no Brasil.
Economistas do mundo inteiro já consideram esta a grande recessão feminina da história, disse Débora, antes de perguntar à Helen se os projetos que estimulam diversidade e também a ascensão feminina para funções mais qualificadas e bem remuneradas poderiam ser um meio delas terem mais estabilidade e segurança em situações como a recessão que atravessamos.
"Vivemos em uma estrutura social onde as coisas não acontecem de forma natural e orgânica. Então, sim, esses projetos precisam existir e serem executados, saindo do discurso para a ação. Mas é preciso ainda ter códigos de conduta fortes, que apoiem o desenvolvimento dessas mulheres, além de metas de contratação e programas de conscientização de todo o time", refletiu a executiva da Nestlé, que atua há dez anos nesta área.
Na falta de vagas, muitas mulheres acabam levadas a empreender. Raquel Virginia lembrou que, também nesta seara, as dificuldades femininas são maiores que as masculinas. E para demais grupos minorizados, considerando raça e orientação sexual, por exemplo, os obstáculos só aumentam. "A maioria das pessoas não empreende por vocação, mas por necessidade. Por isso é preciso transformar as necessidades em oportunidade", afirma ela, que exemplificou como o encontro Contaí, festival de empreendedorismo LGBTQIA+ realizado pela Nhaí, procura fortalecer este ecossistema.
Nascida na Sérvia, Tijana falou do exemplo que vivenciou, sendo filha de mãe empresária e tendo crescido em um país onde as políticas públicas eram mais benéficas para mulheres, sobretudo mães. E destacou o papel que as empresas têm de chamar a atenção para o que não somente corporações, mas a sociedade perde, na falta de investimentos e políticas afirmativas para ampliar a representatividade feminina. "Certamente, todos perdemos muito com tantas mulheres fora do mercado."
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