Zefa, sobre 'Pantanal': 'As mulheres colocam seus desejos e se divertem'
A história da novela "Pantanal" sempre fez parte da vida da atriz Paula Barbosa. Ela era menina quando a primeira versão, escrita pelo avô Benedito Ruy Barbosa, foi um dos maiores sucessos da TV brasileira, no começo dos anos 1990.
Na versão adaptada por seu primo Bruno Luperi, sua personagem, Zefa, é uma jovem pantaneira que vai conquistar o amor —alerta de spoiler!— de Tadeu, vivido pelo ator José Loreto. "A expectativa do romance entre os dois é grande. Acho que vai ser uma história bonita, porque eles são muito puros, pantaneiros mesmo. Vai ser o oposto do que ele viveu com a Guta. Além disso, é o primeiro amor da Zefa. Então tem aquela emoção no peito, o arrepio."
A personagem perdeu os pais e sempre precisou se sustentar sozinha. Sincerona, Zefa diz o que vem à mente. "Ela é espontânea, fala para as pessoas coisas que ninguém diz", comenta. Ela perdeu a mãe muito cedo, foi criada pelo pai pescador, que morreu afogado. "Em nenhum momento a gente vai ver ela se lamentando. Mas ela se coloca, porque apesar de humilde, não é boba —é ligeira!
Bicho solto
A atriz de 35 anos, também cantora e empresária —ela tem franquias de uma marca de biquíni—, está em sua quinta novela (o seu papel mais marcante foi como Gina, em "Meu Pedacinho de Chão", em que contracenava com Viramundo, personagem de Gabriel Sater, também no remake de Pantanal.
Formada em Artes Cênicas, chegou a fazer outras graduações -dois anos e meio de Direito e um ano de Fonoaudiologia. "Fiz teatro desde muito nova e quando chegou o momento de escolher a faculdade eu comecei a me questionar se queria aquilo mesmo como profissão.
Lembro que na época até meu avô chegou a me falar para escolher outra área, um misto de preocupação e medo com essa profissão que ele conhece mais do que ninguém. No entanto, percebi que o que amo mesmo fazer é atuar.
Na paralela, Paula sempre fez cursos voltados a interpretação e canto, por acreditar que o ator tem que ser o mais completo que puder. "Quando conheci o Diego [Dalia], meu marido, que é produtor musical, começamos um projeto com músicas nossas e decidimos fazer um disco com canções autorais. Chama "Vem". É arte, é o que a gente gosta, é uma maneira de se comunicar, de falar. Cheguei a fazer alguns shows. Aí engravidei e acabei parando."
Sobre a experiência nas gravações, ela compartilha: "É uma história deliciosa de se contar. Quando cheguei, a ansiedade estava a mil. A gente chega meio perdido, deixei filho em casa... Como meu personagem entrou com a trama em andamento, tem sido um desafio acompanhar o ritmo deles, embora Isabel Teixeira, Murilo Benício e Julia Dalavia estejam sendo super receptivos".
Paula entrega que o clima é esse mesmo que a gente sente. "Estamos todos dentro de uma fazenda aqui no Pantanal. A gente divide o quarto, a mesa do café, do almoço, do jantar e, os dias em que um não grava, fica junto aqui estudando. Está todo mundo muito realizado com esse projeto. Então, o clima fica leve."
Nova versão
Paula conta que o avô sempre falava sobre as histórias da primeira versão de "Pantanal". "A gente nunca viveu no ambiente rural, meu avô veio do interior para São Paulo e a família toda foi crescendo na capital. "Eu acho interessante perceber que, na verdade, a história que está sendo contada é a mesma. A diferença é como as pessoas recebem essas mesmas cenas de 30 anos atrás.
Em 1990, virar pra sua mulher e falar 'cala a boca, sua bruaca, fica quieta, sua burra', era uma coisa, muita gente achava engraçado. Hoje é inaceitável. Tem muito mais a ver com o que a gente está vivendo hoje com todo o espaço que foi conquistado pelas mulheres, toda a luta feminina por respeito e igualdade
Desejo feminino é rei
"Ver os homens sendo sexualizados tem a ver com o momento que vivemos hoje. As mulheres se colocam, colocam suas vontades e com a internet isso é tudo muito rápido. A cena da fivela de respeito com a Maria Bruaca, é um exemplo disso. Foi uma febre. É isso: a mulherada também tem seus desejos e estão mais à vontade para se divertir com isso. Está sendo muito legal mesmo!"
Às vezes, ela acorda mais cedo para ver o nascer do sol. "Sempre que a gente consegue, para para ver o pôr do sol e ficar escutando aquela sinfonia. Isso é uma coisa que meu avô tinha me contado e fiquei com essa história na minha cabeça a vida toda: que a primeira vez que ele veio para o Pantanal, estava muito quente e ele não conseguia dormir", conta.
"Ele foi para uma rede na varanda, de madrugada, e ficou impressionado pelo silêncio da natureza. Quando o sol nasceu, a passarada toda começou a cantar, trazendo inspiração para escrever a trama. Estou vivendo o mesmo deslumbramento 30 anos depois. É impossível não sair diferente, é uma experiência única."
Para viver a personagem, Paula teve aulas de equitação e mudou o visual, deixando o cabelo mais longo, bem pantaneiro e queimado de sol. Mergulhou nesse universo: nas músicas, danças e comidas, já que vive na cozinha.
O curioso é que Paula conta que, apesar de todo mundo ter alertado sobre o calor do Pantanal, quando ela chegou estava um frio danado. "As minhas cenas de rio foram todas marcadas para um dia e vocês não têm ideia do frio que fazia. Foi difícil ficar com o figurino 'sainha e blusinha', quanto mais entrar na água! E olha que eu sou de São Paulo, hein?"
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