Del Monde: Frustrante mulheres disputarem autonomia dos próprios corpos
A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de suspender o direito constitucional ao aborto não implica necessariamente a uma proibição à prática - os estados terão autonomia para decidir, mas a colunista de Universa Isabela del Monde lamentou a decisão tomada hoje.
"Fico muito decepcionada com essa decisão da Suprema Corte e é extremamente frustrante em 2022 a gente ter que disputar a autonomia das mulheres pelos seus próprios corpos. O aborto ser um direito não o torna uma obrigação", disse durante participação no UOL News.
Ela também destacou que a revogação de uma decisão tomada pelo mesmo tribunal há 49 anos é reflexo de uma ocupação da extrema-direita estadunidense na Suprema Corte. Três dos atuais juízes foram indicações do ex-presidente Donald Trump.
"Vemos a chegada dessa nova extrema-direita nesse espaço de tomada de decisão com permanência vitalícia e isso é horrível. É uma sensação de desesperança e cansaço, porque parece que a gente nunca pode abaixar a guarda e sentir que uma conquista nossa é definitiva. Temos que sempre estar em vigilância e isso cansa e traz medo".
Del Monde ainda alertou para impactos que a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos possa ter não só no Brasil, mas em todo o mundo. Ela destacou que qualquer restrição ao direito ao aborto que seja, acaba consolidando uma cultura anti-aborto que já existe e está cada vez ganhando mais força.
"Como temos uma grande relação de subserviência do governo Bolsonaro com relação aos Estados Unidos pode ser algo que peguem como exemplo. (...) Com certeza vai trazer impacto para o acesso a esse direito, estamos construindo cada vez mais a ideia de que aborto é assassinato, que a culpa da gravidez indesejada é exclusivamente da mulher ou da menina e vamos ter cada vez mais restrições. Provavelmente vamos ver cada vez mais pessoas aderindo essa pauta e uma decisão dessa impacta o mundo inteiro e vai impactar o Brasil", finalizou.
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