Vibrador a domicílio: clube de assinatura envia sex toys a 69 reais
Transformar a sexualidade em direito humano básico é a motivação de duas amigas paulistas, que criaram o primeiro clube de assinaturas de bem-estar sexual pensado exclusivamente nas mulheres. Durante a pandemia, Tâmara Wink e Rafaela Oliveira constataram que o dia a dia "no automático" precisava de mais prazer.
Resolveram estudar melhor o assunto e perceberam algo óbvio e, ao mesmo tempo, velado. "Crescemos aprendendo que o prazer feminino é errado. E não só o prazer sexual, mas principalmente o sexo. Além disso, a sexualidade feminina é quase um mistério para a maioria de nós", observa Tâmara.
A constatação veio, primeiramente, na roda de amigas e, depois, com uma pesquisa envolvendo mais de 150 mulheres. "Só confirmou o que percebíamos: nosso progresso em direção à igualdade dos gêneros acontece a cada dia, só que não paramos para pensar que essa evolução também inclui a busca pelo prazer e que nosso corpo deve ser fonte de prazer", argumenta.
Tâmara, sócia de uma empresa de comunicação, e Rafaela, que trabalha no setor de turismo, resolveram aproveitar a amizade de mais de 20 anos para empreenderem. Juntas, criaram a Muito Prazer.Club, uma sextech que consiste em um clube de assinatura, com envios mensais de caixas com produtos voltados para o bem-estar sexual —ou "sexual wellness".
"Bem-estar sexual é um movimento para distanciar o sexo e a masturbação da vergonha e de tabus, e aproximá-los dos conceitos de saúde, bem-estar e autoconhecimento. É também um caminho para normalizar conversas sobre sexualidade, para que, cada vez mais, possamos compreender nossos corpos e entender que o prazer sexual tem resultados positivos em todas as esferas da vida, como a melhora do sono, maior imunidade e níveis mais baixos de estresse", pontua Tâmara.
Prazer não é pornô
Quando perceberam que muitas mulheres precisavam de algo para ajudá-las a entender que a sexualidade é fonte de autoconhecimento, criatividade e comunicação e que o prazer deve ser um hábito e fazer parte da rotina, as empreendedoras deram vida à Muito Prazer.Club.
"O clube de assinatura foi a maneira que encontramos para, todo mês, ajudarmos as mulheres a saírem do automático e conhecerem novas possibilidades, sensações. Foi um caminho para permitir e incentivar que elas descubram, aprendam e falem das questões ligadas ao desejo feminino, ao sexo e à sexualidade de maneira contínua, leve e sem vergonha, gerando mais bem-estar e felicidade para a vida delas", acrescenta a empreendedora.
Outro foco da sextech é desviar do conceito machista presente no mercado erótico, até hoje muito ligado à pornografia, fator que inibe a compra de produtos entre as mulheres, sobretudo por vergonha.
Nesse sentido, a empresária destaca as impressões ao se entrar no sex shop: "É provável que você encontre produtos com nomes e imagens que objetificam mulheres, com nomenclatura vulgar ou chula, além de tantos outros focados no pênis ou em formatos fálicos".
Para as sócias, há dois aspectos da visão tóxica da sexualidade que precisam ser trabalhados e revertidos: o primeiro, quando o tema é visto como algo sujo, proibido, imoral, indevido ou errado. Já o segundo é a interpretação de "sexualidade" apenas como a relação sexual e não em seu espectro mais amplo.
Impulsos na pandemia
Talvez nunca tenha se ouvido falar tanto em vibradores, masturbação e prazer como tem acontecido desde o início da pandemia da Covid-19. Ainda em março de 2020, data que marcou o início do isolamento social, a venda de vibradores aumentou em 50%, segundo dados do portal Mercado Erótico.
Ou seja, enquanto isoladas (muitas vezes, até de seus pares), as pessoas buscaram outras alternativas para sentir prazer e descobriram o quanto o autoconhecimento e o bem-estar sexual são importantes nessa questão.
Acesso mais democrático aos sex toys
Além da promoção do bem-estar, o clube de assinatura busca viabilizar outro aspecto importante: o acesso democrático. Sex toys são, em sua maioria, caros. Para muitas mulheres, gastar dinheiro com esse tipo de produto, no meio de tantas despesas, costuma parecer errado.
Pensando nisso, a empresa oferece caixas a preço fixo (a partir de R$ 69,90) com itens que, se fossem comprados separadamente, seriam mais caros.
Por ser um mercado recente e mais restrito, há produtos com valores mais altos, o que acaba limitando o acesso, principalmente em um momento de crise como o que vivemos. Este também foi um dos fatores para pensarmos em um clube de assinatura, criando uma alternativa com preços mais acessíveis, baseada na escala.
Tâmara Wink, cofundadora da Muito Prazer.Club
A caixa temática entregue mensalmente inclui cinco produtos, sempre surpresas, cuja seleção é feita a partir de pesquisas de novidades nos mercados nacional e internacional.
Cada mês é baseado em um tema —calor, Carnaval, chocolate, namorar, etc.. "A partir dele, são escolhidos produtos que tangibilizem a mensagem-chave e proporcionem autoconhecimento, autocuidado e momentos de prazer", finaliza Tâmara.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.