'Revoltante, mas não incomum', alerta advogada sobre estupro de grávida
A advogada Tainã Góis, que é especialista em direitos de gênero, cidadania e direitos humanos, falou hoje sobre o caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, que foi preso nesta madrugada por estupro após colocar o pênis na boca que uma paciente que estava anestesiada para realizar um parto. Góis fez um alerta ao dizer que esse tipo de caso não é incomum.
"Esse caso é revoltante, nauseante, mas infelizmente não é inacreditável. Por mais que seja muito revoltante e que a gente ache um absurdo, infelizmente não é incomum e a gente viu e conhece diversos casos de médicos que agridem sexualmente pacientes em situação vulnerável ou anestesiadas. Então infelizmente não é um caso isolado", disse durante participação no UOL News.
A especialista em direitos de gênero e direitos humanos também destacou que embora tente-se encontrar uma justificativa para a conduta do médico, esse tipo de atitude está diretamente ligada a cultura do estupro.
"Muitas vezes tenta-se dizer pelo absurdo do caso que o médico é um desviante, um louco ou tem a saúde mental prejudicada, mas infelizmente essa não é a realidade. A realidade é que acontece muito e os médicos se utilizam dessa situação de vulnerabilidade para acabar cometendo esse tipo de agressão, que é mais uma das agressões da cultura do estupro, da cultura e estrutura da nossa sociedade que agridem mulheres".
Após as filmagens denunciarem a atitude do médico no Hospital da Mulher, em Vilar dos Teles, em São João de Meriti (RJ), ele foi preso em flagrante por estupro de vulnerável. Góis, entretanto, destacou que a conduta de Bezerra também pode ser enquadrada no crime de violência obstétrica.
"Essa condição é uma agressão sexual, um estupro, e pode sim ser também enquadrada em violência obstétrica. A gente sabe que o atendimento médico, principalmente de mulheres mais vulnerabilizadas, é extremamente violento e tem um termo para isso que é a violência obstétrica, que é o que as mulheres sofrem no momento do parto", afirmou ela.
"Esses sofrimentos têm a ver com procedimentos desnecessários, como fazer a mulher passar por muita dor, palavras de baixo calão e humilhação contra as mulheres. Esse caso é uma forma de violência obstétrica também porque está ali violentando uma mulher em sua condição física, uma violência sexual. Então esse caso tem sim o agravante de ser uma violência obstétrica", completou.
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