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Giovanni Quintella Bezerra: quem é o médico preso por estupro em parto

Marcela Lemos,

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

11/07/2022 14h52

O médico anestesista, Giovanni Quintella Bezerra, 32, preso na madrugada desta segunda-feira (11) por estuprar uma gestante inconsciente enquanto fazia uma cesariana no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense, trabalhava há seis meses no local e dava plantões também em outras duas unidades da rede estadual do Rio de Janeiro: Hospital da Mãe, em Mesquita, e no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte da capital.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o médico não é servidor do Estado e prestava serviço como pessoa jurídica para as três unidades. De acordo com a pasta, ele possui título de especialista em anestesiologia e o CRM dele estava regular.

Bezerra foi flagrado, com auxílio de um celular escondido em uma armário de um dos centros cirúrgicos do hospital, colocando o pênis na boca de uma gestante durante um parto. O aparelho foi colocado por enfermeiras da unidade que avaliavam algumas atitudes do funcionário suspeitas - entre elas, a sedação total das gestantes durante o parto.

De acordo com informações das redes sociais do anestesista, ele se formou em 2017 na UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), no Sul Fluminense. Universa apurou que as mensalidades do curso de Medicina, no local, chegam a quase R$ 9 mil mensais - em valores atuais. Giovanni concluiu a especialização em anestesia em março deste ano.

Nesta tarde, horas após a prisão, Giovanni conseguiu remover as informações e fotos das redes sociais.

O médico foi indiciado por estupro de vulnerável cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.

Universa fez contato com a defesa do anestesista, mas até o momento não obteve um posicionamento. O advogado Hugo Novais, o mesmo de Monique Medeiros, réu pela morte do filho, Henry Borel, disse que se pronunciará em breve sobre a prisão.

"Há um vídeo?" Perguntou o médico ao ser preso

Nas imagens que mostram o momento que a delegada Bárbara Lomba, da DEAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de São João de Meriti da voz de prisão ao médico ainda dentro do hospital, Bezerra demonstra surpresa ao ser informado que havia uma gravação do estupro praticado contra a gestante.

"Há um vídeo?" Ele perguntou à delegada, ainda de uniforme, antes de ser encaminhado para a delegacia. Na distrital, ele se reservou ao direito de ficar em silêncio.

Filmagem no centro cirúrgico

Nas imagens gravadas, a mulher aparece deitada e totalmente sedada durante o parto - procedimento considerado desnecessário. Do lado direito do lençol, sempre usado em cesarianas, o médico aparece colocando o pênis para fora e introduzindo o órgão na boca da mulher. O ato dura dez minutos. Do outro lado do lençol, a menos de um metro de distância, estão os demais médicos envolvidos no nascimento do bebê.

Universa teve acesso às imagens, mas optou por não divulgá-las por respeito à vítima.

A delegada Bárbara Lomba avaliou que não há dúvidas sobre o crime. "O vídeo surgiu de um celular de um dos integrantes da equipe de enfermagem que estava de plantão ontem e agiu exemplarmente, coletou todas as provas, posicionando o celular dentro de um armário que ficava dentro de um centro cirúrgico e esse armário tinha uma porta de vidro escura e ficava de frente onde o investigado ficava. Eles registraram toda a ação que não deixa dúvidas em relação ao crime que foi praticado".

A equipe do hospital decidiu colocar o celular no armário depois de suspeitarem da postura do médico durante outras cirurgias realizadas na unidade.

Ainda segundo a delegada, o pai da criança foi comunicado sobre o crime e até a saída da polícia da unidade de saúde, a vítima ainda não havia tomado conhecimento do estupro.

A Polícia Civil investiga agora outras possíveis vítimas do médico.